Análise do Especialista Grão Direto 30/01/2024

soybeans and corn seeds

PERSPECTIVAS DO MERCADO DE GRÃOS PARA OS PRÓXIMOS DIAS

  • Economia chinesa. Não é de hoje que a China vem sofrendo com a desaceleração econômica, por isso, duas medidas econômicas divulgadas na última semana podem fazer com que a demanda interna por produtos alimentícios e bens de consumo dê um salto, já que ambas visam injetar dinheiro na economia. O gigante asiático pretende comprar ações de empresas chinesas através de empresas offshore e cortar em 0,5% o depósito compulsório dos bancos. O último, em síntese, deve transferir US$250 bilhões dos bancos para a girar a economia.
  • Prêmios da soja continuam caindo. Falando dela novamente, a demanda chinesa por soja segue baixa devido às margens negativas dos suinocultores. Para agravar o cenário, essa semana entramos no mês de fevereiro, mês cuja demanda da China já está 100% coberta, março também já segue com aproximadamente 75% da demanda suprida. Estoque coberto e baixa demanda minam intenções de compra chinesa. Lembrando que as exportações têm sido o principal canal de sustentação dos preços aqui no Brasil.
  • Soja 2023/24 de replantio. Como já comentado em análises anteriores, a falta de chuvas no último ano gerou a necessidade de replantio de soja em algumas áreas. Produtores parceiros presentes nos estados de TO, GO, norte de MG e MT têm reportado boas condições em talhões replantados. No final das contas, isso traz mais incerteza ao real tamanho da safra brasileira.
  • Decisão da taxa Selic. Esta semana teremos a primeira reunião do Copom no ano de 2024 para decisão da taxa Selic. Com IPCA-15 menor do que o esperado (apurado na última semana) e uma perspectiva de mais dois cortes de 0,5% nas duas primeiras reuniões do ano, entra no radar se isso pode trazer cortes mais significativos. O real ganhou força frente ao dólar na semana que se passou, para esta semana temos decisão de taxa de juros norte-americana, onde já é dada como certa a manutenção entre 5,25% e 5,50%. O que pode movimentar nossa moeda é a sinalização para cortes da taxa no mês de Março.

É provável que tenhamos mais uma semana negativa em Chicago, talvez pouco significativa,  com mercado físico brasileiro seguindo a mesma direção.

MILHO

  • Safra argentina. Com as altas estimativas de produção de milho na Argentina, de 56,5 milhões de toneladas para a safra 2023/24, é importante mapear que o produtor argentino tem, até o momento, cerca de 17% do grão comercializado, segundo a bolsa de cereales, ante 30% da média histórica para o mesmo período. Em um mercado onde o produtor brasileiro ainda possui milho à venda, esperando por melhores preços, estes podem ser pressionados pela competitividade com o milho argentino ainda pouco comercializado.
  • Janela de exportação. A janela de exportação do milho está praticamente fechada, com 1,5 milhões de toneladas para fevereiro e 330 mil toneladas para Março. Com o encurtamento da safra brasileira, teremos soja chegando mais cedo e tomando o lugar do cereal nos portos e armazéns. Para o produtor que ainda possui milho, a relação entre o preço do milho com a soja indica que é melhor vender o milho e segurar a soja. O que pode ajudar o produtor brasileiro a ter uma boa oportunidade de venda é a ameaça de greve por parte dos sindicatos na Argentina que, caso aconteça e se estenda até Março/Abril, poderá atrasar o programa de exportação argentino.
  • Janela de plantio. Com o encurtamento da safra de soja, o milho safrinha terá boas condições climáticas nas fases iniciais, o que pode gerar um contrapeso frente à  redução da área plantada.  Como os baixos preços do milho reduzem o custo de produção e encurtamento torna o clima favorável, esses fatores podem fazer com que a redução da área não seja tão significativa.
  • Fundos de investimento. O último relatório da Commodity Futures Trading Commission mostrou que os fundos de investimento estão vendidos em 266.285 contratos, movimento visto na safra 2019/2020. Essa força de baixa nas cotações do milho CBOT poderá afetar a decisão do produtor norte-americano sobre qual cultura plantar. O plantio, que se inicia em Maio, é precedido pelo seguro da área do produtor e pela escolha da cultura a ser plantada, ambas decisões que sofrem interferência das cotações em Chicago.

Entrando em fevereiro com o mercado tendo enfrentado frequentes baixas e sem conclusões definitivas sobre o que esperar da oferta atual, a improbabilidade de movimentos fortes de demanda poderão trazer mais uma semana de baixa para o milho.

Fonte: Andressa Tavares