APS detalha crise da suinocultura à ministra Tereza Cristina

Custos de produção e baixos preços de comercialização do suíno vivo estão entre as causas

A situação de crise que afeta a suinocultura, agravada pelos altos custos de produção e pelos baixos preços de comercialização do suíno vivo pelo mercado independente, foi detalhada em ofício entregue nesta quinta-feira (13) à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, durante sua passagem pelo Paraná. O documento, elaborado com detalhes minuciosos sobre as dificuldades enfrentadas pelos produtores de suínos, foi entregue em mãos pelo presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Jacir José Dariva, por ocasião de encontro da ministra com lideranças do setor do agronegócio, na sede do Sindicato Rural de Cascavel.

Tereza Cristina esteve no Oeste do Paraná para visitar uma lavoura em Lindoeste, onde pode conferir as consequências da longa estiagem que se abateu sobre o Paraná nos últimos meses. Ela estava acompanhada de várias autoridades do governo ligadas ao setor do agro, além de lideranças políticas e de entidades representativas do setor.

No documento, a APS destaca que “o Paraná, segundo maior produtor nacional de suínos, com milhares de produtores envolvidos na produção comercial intensiva, que produzem carne suína de alta qualidade e com total sanidade animal, cujo status sanitário é de área livre de PSC e de PSA, irmana-se aos demais estados produtores de suínos do Brasil na tentativa de debelar mais uma crise do setor, agravada pelos altos custos de produção e pelos baixos preços de comercialização do suíno vivo pelo mercado independente”.

O documento ressalta ainda que “milhares de empregos dependem diretamente dos resultados da suinocultura comercial, e os produtores estão à beira do caos, com o custo de produção subindo sucessivamente em razão da alta nos preços do milho e do farelo de soja, sendo que em contrapartida, há quedas sucessivas no preço do suíno, criando-se um cenário de extrema dificuldade que perdura desde o ano passado e se agrava neste início de 2022”.

A crise chega a proporções tão sérias que a perda financeira dos produtores de suínos independentes no Paraná e região Sul se situa na casa dos R$ 300,00 por animal comercializado, “o que está causando endividamento e até desistência da atividade de vários produtores independentes”, enfatiza o presidente da APS, ao sublinhar ainda que “essas dificuldades se somam a quebra na safra de milho devido à estiagem, o que fará o Paraná ver-se obrigado a importar o grão para atender suas necessidades”, diz Dariva.

Medidas

A Associação Paranaense de Suinocultores, unida aos demais produtores de suínos do Brasil, elenca no ofício que foi entregue à ministra Tereza Cristina, pontos que considera fundamentais como medidas para atenuar essa grave crise, como o estabelecimento de linha de Crédito Especial para o Produtor Independente, que atua fora do sistema de integração, com prazo de ao menos 15 anos para pagar e carência de 2 anos, com taxa de juros subsidiada, assim como a concessão de limite de crédito de 2,5 milhões de reais por beneficiário.

Além disso, a necessidade de uma repactuação das dívidas de Custeio e Investimentos já contratados, com menor taxa de Juros e Prazos mais longos; a compra de carne suína para Programas Federais, para as Forças Armadas e instituições que tenham refeitório aos servidores, e para refeições no Sistema Prisional, assim como para a merenda escolar; a disponibilidade de milho da Conab a preços mais acessíveis para o produtor independente, sem a exigência da Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP, para poder diminuir os custos atuais que hoje estão em torno de R$ 8,00/kg e o preço recebido pelo suíno girando em torno de R$ 4,50/kg, com estabelecimento de cota exclusiva do estoque de milho para atender a cadeia suinícola; o estímulo ao consumo de carne suína, isentando-se de impostos o varejo que vender carne suína a um preço de custo ou alinhado com o mercado de animal vivo.

O documento da APS defende ainda a necessidade de manutenção da isenção das alíquotas de contribuição incidentes na importação do milho (PIS/COFINS) até dezembro de 2022.

Superoferta

Ainda de acordo com a APS, uma das causas da crise da suinocultura é a superoferta de suínos no mercado. A entidade aponta que a redução da oferta é um dos caminhos para a valorização dos preços, levando em conta que a carne bovina está com preços bem elevados.

Fonte: Assessoria