Balanço do mercado agro em 2021

*Por Vanessa Sabioni

Mesmo diante de um cenário de quase dois anos de pandemia, o agronegócio segue forte e em ritmo de crescimento, enquanto muitos outros setores, como turismo, hotelaria e imobiliário, viram suas taxas de crescimento e projeções serem afetadas negativamente pelos próximos anos; o agronegócio é um dos principais responsáveis por reduzir o impacto da pandemia no Brasil e poderá ser protagonista na retomada da economia no país

O agronegócio é um dos setores mais representativos da economia brasileira, e o Brasil está em quarto lugar na produção de grãos (arroz, cevada, soja, milho e trigo) do mundo. Ficamos para trás apenas da China, dos Estados Unidos, e da Índia, sendo responsável por 7,8% da produção mundial. É o que mostra um estudo divulgado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Somos os maiores produtores de alimentos do mundo. Como consequência, o país tem uma forte atividade exportadora, ocupando o terceiro lugar em exportação mundial de alimentos e o segundo lugar na lista dos maiores exportadores do mundo de alimentos industrializados.

De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio no Brasil corresponde hoje a mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) Brasileiro, o que equivale a R$ 1,55 trilhão de reais. O campo é também um grande gerador de postos de trabalho, empregando 1 a cada 3 brasileiros. De acordo com a PNAD/2015, dos mais de 90 milhões de trabalhadores brasileiros, cerca de 30 milhões estão no agronegócio.

Em 2020, o Brasil produziu 239 milhões de toneladas e exportou 123 milhões de toneladas de grãos. Nesse mesmo ano, o Brasil ocupou também o segundo lugar em quantidade de carnes exportadas (bovina, suína e aves), com 7,4 milhões de toneladas ou 13,4% do total mundial. No ano passado, o setor ampliou para 26,6% sua participação no PIB total do país, contra 20,5% em 2019.

Mesmo diante de uma pandemia, o agronegócio apresentou resultados positivos tanto na cadeia produtiva da agricultura, quanto da pecuária, avançando 24,2% e 24,56%, respectivamente. No geral, todos os segmentos da cadeia produtiva do agronegócio brasileiro tiveram alta em 2020:

  • Setor primário – atividade dentro das fazendas (+56,59%)
  • Agrosserviços (+20,93%)
  • Agroindústria (+8,72%)
  • Insumos (+6,72%)

O PIB do agronegócio em 2021

Considerando-se os desempenhos do agronegócio e da economia brasileira até o momento, a participação do setor no PIB total pode ficar em torno de 28% no ano. Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso vem dos resultados observados para o ramo agrícola, tendo em vista que o pecuário caiu no balanço do primeiro semestre de 2021.

Em geral, o resultado foi positivo e expressivo para todos os segmentos do ramo, com destaque para o primário. O excelente resultado da agricultura é observado mesmo com o avanço dos custos agrícolas e com a quebra de produção em diferentes culturas em resposta às condições climáticas desfavoráveis.  Essa alta dos preços dos insumos, como os fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas, pressionou os custos agrícolas, mas contribuiu para o bom resultado do segmento de insumos desse ramo.

PIB – RAMO AGRÍCOLA

O PIB do ramo agrícola cresceu 14,46% nos seis primeiros meses de 2021, com altas importantes para todos os segmentos. Pesquisadores do Cepea indicam que o segmento primário (agricultura) manteve o destaque, com o excelente resultado do PIB impulsionado pelo elevado patamar real dos preços agrícolas. No entanto, o avanço dos custos com insumos e as quebras de produção em diferentes culturas, devido ao clima desfavorável, limitaram o crescimento do PIB.

A recuperação da produção agroindustrial e o forte resultado dos agrosserviços chamaram atenção. Na agroindústria, a recuperação do nível de produção intensificou-se a partir de abril, e os setores que se destacaram foram o de produtos e móveis de madeira, de papel e celulose, o setor têxtil e de vestuário, o de produção de conservas, e o de bebidas.

Os altos preços reais desse segmento continuaram favorecendo o resultado. No caso dos agrosserviços, o forte avanço do PIB esteve atrelado aos desempenhos do campo e, mais recentemente, à recuperação da produção agroindustrial mencionada, que contribuíram para a ampliação do uso de serviços diversos, desde comércio e transporte até financeiros, de comunicação, jurídicos, contábeis etc.

O PIB do ramo pecuário recuou 2,18% no semestre, influenciado especialmente pelo aumento expressivo dos custos com insumos, seja dentro da porteira, na agroindústria ou nos agrosserviços do ramo. No segmento primário (pecuária), o PIB cresceu de forma modesta, tendo em conta as fortes elevações dos preços dos animais vivos e do leite. Isso porque a alta dos custos foi mais intensa do que as elevações dos valores dos produtos. Além disso, pesquisadores do Cepea ressaltam que pesou sobre o PIB a menor produção de bovinos no campo – atividade de maior representatividade no PIB do segmento –, que se contrapôs aos aumentos nas produções de frango e suínos.

Para entender o mercado agro no Brasil é muito importante estar atento aos números e resultados que os principais centros de pesquisa do país compartilham com frequência em seus canais de comunicação e junto aos parceiros de mídia. Neste artigo eu compartilhei informações compartilhadas pela EMBRAPA, CEPEA, CONAB E CNA.