BNDES/LEVY Sobre subsídio agrícola: O desmame tem de acontecer

São Paulo – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu há pouco o “desmame” de subsídios públicos para o financiamento do setor agrícola. “A ideia é de que o desmame tem de acontecer. O desmame tem de acontecer”, disse Levy durante o 20º CEO Brasil 2019 Conference, do BTG Pactual, em São Paulo (SP), ao ser indagado sobre as declarações sobre o tema da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, dadas ao Broadcast/Estadão. Ela avaliou que um “desmame” radical dos subsídios pode desarrumar o agronegócio, que responde por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

Levy citou distorções causadas por subsídios agrícolas, como as pedaladas fiscais, que geraram um passivo bilionário que precisou ser devolvidos pelo BNDES ao Tesouro. “Tem R$ 20 bilhões de pedaladas, R$ 20 bilhões de crédito rural que não tinha sido pagos e que devolvemos”, afirmou.

O presidente do banco de fomento estatal classificou o BNDES como “o parceiro número um do aumento da produtividade da agricultura”, com o financiamento de máquinas e “ninguém se toca”, afirmou. Levy lembrou que o BNDES fomentou o crescimento do setor sucroenergético com o financiamento de usinas, o que mudou a paisagem rural e gerou renda para áreas ocupadas pela cana-de-açúcar. “Algumas áreas do setor eram pastagens, que passou a ser usada para plantação mecanizada, principalmente com usinas. Áreas com um setor sucroalcooleiro moderno criou classe média que não existia”.

No entanto, ao ser indagado sobre a crise posterior no setor, com a recuperação judicial e o fechamento de dezenas de unidades produtoras de açúcar e etanol, Levy foi pragmático: “Se não funcionou, não funcionou; temos de ser absolutamente capitalistas. É a perda do capital do investidor”, concluiu.

Fonte: AE News (Gustavo Porto –  Francisco Carlos de Assis –  Cynthia Decloedt)