Brasil colhe 123,5 milhões de toneladas de soja em safra marcada por irregularidade climática

Rally da Safra aponta que temporada apresenta recordes de produtividade em regiões importantes como MT, GO, PR, MA e TO e uma forte quebra no RS

Florianópolis, 31/03/2020 – O Brasil está colhendo uma safra de soja de 123,5 milhões de toneladas – a melhor da história, superando em 1,5 milhão de toneladas o recorde anterior, 2017/18, numa área de 36,8 milhões de hectares, conforme a Agroconsult, realizadora do Rally da Safra. Não foi, no entanto, uma temporada em que tudo correu bem o tempo todo. O clima não começou como os produtores esperavam.

A regularização da chuva demorou mais para acontecer do que nas últimas duas safras, prejudicando um pouco o plantio precoce e gerando temores em relação às primeiras áreas semeadas em algumas regiões. Porém, quando começou a chover, as lavouras se desenvolveram em ótimas condições em boa parte do país.

Os dados coletados em campo desde janeiro pelas equipes técnicas do Rally da Safra mostram uma produtividade de 56 sacos por hectare na média do Brasil, a terceira melhor desde que o projeto começou a avaliar as lavouras brasileiras, há 16 edições.

A temporada só não será melhor por causa de uma importante exceção. O Rio Grande do Sul enfrenta uma estiagem desde o fim de 2019. A equipe 7 do Rally da Safra passou pelo estado de 9 a 13 de março, encontrando lavouras que encurtaram o ciclo devido à seca e indicadores de produtividade mais baixos do que nas temporadas anteriores.

Alguns produtores – cujas áreas receberam mais chuva – vão obter resultados um pouco melhores, mas a média de produtividade do estado será nesta safra de apenas 36 sacos por hectare, a menor dos últimos 8 anos e quase 40% abaixo de 2018/19. A estimativa é que a produção gaúcha se limite a 12,7 milhões de toneladas.

A quebra na produção no Rio Grande do Sul é a principal razão para a estimativa ter caído em relação às expectativas iniciais, quando se projetava uma produção de 124,3 milhões de toneladas – em fevereiro, antes que os efeitos da seca se consolidassem no Sul do país, a Agroconsult chegou a projetar uma safra de 126,3 milhões de toneladas.

No geral, porém, a safra tem mais destaques positivos do que negativos. Em Mato Grosso e Goiás, um equilíbrio adequado entre chuva e dias ensolarados resultou em recordes de produtividade de 59,3 e 60,5 sacos por hectare, respectivamente. O Paraná está fechando com ótimos resultados, o que é bem diferente do que o início da temporada parecia indicar. O Oeste e o Norte do estado, juntamente com o Sul do Mato Grosso do Sul, foram as regiões mais prejudicadas pelo clima seco no período de plantio. Produtores que arriscaram plantar mais cedo, na esperança de que a chuva viesse, tiveram perdas – bastante significativas, em alguns casos. A maioria, no entanto, decidiu esperar o clima regularizar para lançar as sementes no chão. Deu certo e o estado também bateu o recorde de produtividade média atingindo 63 sacos por hectare, a maior do Brasil.

No Maranhão os produtores deverão colher uma safra de 54,5 sacos por hectare e, no Tocantins, 54 sacos por hectare, igualmente recordes. O desempenho da soja em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina também é melhor do que na safra passada. “Foi o desempenho positivo de todas essas regiões que amenizou a redução da estimativa de safra devido aos problemas do Rio Grande do Sul”, afirma André Debastiani, coordenador da expedição e sócio diretor da Agroconsult.

Na edição de 2020, sete equipes do Rally da Safra foram a campo para avaliar as lavouras de soja. A oitava equipe, programada para ocorrer de 22 a 28 de março no MAPITOBA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), acabou cancelada como medida de precaução e para colaborar com as medidas de distanciamento social para conter a disseminação do Covid-19 no Brasil.

O levantamento das condições de safra na região foi reforçado remotamente, por meio de uma extensa rede de contatos formada ao longo das 15 edições anteriores do projeto. Apesar das preocupações causadas pela doença, os técnicos do Rally da Safra puderam constatar que, nas principais regiões produtoras, os agricultores mantinham o entusiasmo, baseados principalmente no bom desempenho desta safra. Com exceção do cancelamento de feiras e eventos agropecuários, não havia, até meados de março, mudanças significativas nas operações de campo.

Milho segunda safra

A irregularidade climática no período de plantio da soja acabou deixando o calendário do milho segunda safra um pouco mais tardio. A semeadura das lavouras de milho já foi praticamente concluída. Por enquanto, as condições climáticas são adequadas em boa parte do Centro-Oeste.

Choveu um pouco menos do que o necessário no Sul do Mato Grosso do Sul, no Paraná e em São Paulo, mas ainda é cedo para grandes preocupações. Já no Leste de Goiás e em Minas, a chuva no final de fevereiro e início de março atrasou o plantio das últimas áreas. A Agroconsult estima que a produção nacional de milho segunda safra atinja 74,7 milhões de toneladas, com queda de 3% em relação à última projeção, numa área de 13,1 milhões de hectares.

Equipes em campo

Nesta 17ª edição do Rally foram 7 equipes em campo avaliando as lavouras de soja até o mês de março. Há outras três previstas para ir a campo em maio e junho para avaliar as áreas de milho segunda safra. O levantamento acontece nos 12 principais estados produtores: Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, que respondem por 95% da área de produção de soja e 72% da área de milho.

Além das avaliações em campo, a expedição prevê realizar oito eventos regionais – dos quais quatro já aconteceram. Até agora, foram realizados 23 cafés com produtores, e outros sete estão programados até o fim da edição. A expedição estima percorrer um total de 100 mil quilômetros neste ano e avaliar 1700 lavouras, entrando em contato com 3 mil produtores rurais.

No roteiro da expedição, a Equipe 1 percorreu o Médio-Norte de Mato Grosso de 14 a 17 de janeiro.

De 27 a 31 de janeiro, a Equipe 2 passou pelo Sudeste de Mato Grosso, Sudoeste de Goiás e Norte de Mato Grosso do Sul.

Os técnicos da Equipe 3 visitaram o Sul de Mato Grosso do Sul e o Oeste e Norte do Paraná de 03 a 07 de fevereiro.

A Equipe 4 retornou ao Mato Grosso de 11 a 15 de fevereiro para visitar as regiões Leste, Oeste e Médio-Norte do Estado.

De 16 a 20 de fevereiro, a Equipe 5, visitou duas regiões de Minas Gerais – o Noroeste e o Triângulo Mineiro – e ainda o Leste de Goiás.

A Equipe 6 percorreu o Sul de Sul de São Paulo entre os dias 2 e 3 de março e seguiu para o Paraná para avaliar o Norte, Centro e Sudoeste do estado entre os dias 4 e 6 de março. Depois, a expedição seguiu para Santa Catarina, onde finalizou essa etapa.

A Equipe 7 começou em Chapecó/SC em 9 de março e seguiu para o Rio Grande do Sul para avaliar as lavouras de soja nas regiões das Missões, Planalto, Serra e Sul.

Nesta edição, de 18 de maio a 05 de junho outras três equipes avaliarão o milho segunda safra em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Organizado pela Agroconsult, o Rally da Safra 2020 tem patrocínio do Banco Santander, FMC, Corteva Agriscience (com as marcas Brevant, Enlist e Cordius), VLI, Firestone (marca pertencente à Bridgestone), Tokio Marine, além de apoio nacional da FIESP, BR Distribuidora e Fundação Agrisus, além da Universidade Federal de Mato Grosso, Universidade Federal de Viçosa e apoio regional das cooperativas Comigo, Coopavel, Cotrijal, Coamo, CooperAlfa, Sementes Batavo, Agrofava, Agrosul e Agrosuporte.

Fonte: Assessoria de Comunicação

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