Brasil e China celebram 50 anos de relações diplomáticas e sólida parceria econômica durante Conferência Internacional em Brasília

Em Brasília, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em parceria com a Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), realizou a Conferência Internacional “50 anos da relação Brasil-China: cooperação para um mundo sustentável”, comemorando meio século de relações diplomáticas entre os dois países. O evento destacou a colaboração política, econômica e cultural entre Brasil e China, duas das principais economias mundiais.

O Presidente da República em Exercício, Geraldo Alckmin, celebrou cinco décadas de parceria entre as nações e lembrou os 20 anos da criação da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação). “A China é o maior parceiro comercial do Brasil. A complementaridade econômica e comercial entre os dois países é impressionante. É um importante investidor no Brasil e as oportunidades são muitas: nas áreas do Novo PAC, infraestrutura, energia renovável, automotiva, carros híbridos, veículos elétricos, complexo da saúde, indústria aeronáutica. É difícil uma área que não haja uma parceria entre Brasil e China, uma amizade que só se consolida e que avança”, afirmou Alckmin, durante a cerimônia, destacando o papel estratégico da China para o Brasil.

O Brasil está intensificando sua parceria com a China no campo do meio ambiente, em resposta aos crescentes desafios ambientais globais. Com sua vantagem competitiva na produção de energia limpa, o Brasil se posiciona como um destino atrativo para indústrias intensivas em energia que buscam processos de descarbonização. Esta colaboração entre as duas nações promete fortalecer a resposta às exigências climáticas e sustentar o avanço em direção a um futuro mais verde.

A oportunidade da presidência [do Brasil] no G20 tem servido para que a gente estreite ainda mais esses diálogos. Eletricidade, óleo e gás e mineração representaram 82% dos investimentos chineses no Brasil. Isso é reflexo de uma confiança crescente e é muito visível como o diálogo entre as empresas chinesas e o governo brasileiro tem se tornado mais fluído”, aponta Thiago Barral, do Ministério de Minas e Energia.

O evento também abordou o papel da agricultura e da pecuária no comércio internacional, na segurança alimentar e no desenvolvimento econômico das áreas rurais com sustentabilidade. As nações atuam como parceiros estratégicos, principalmente no comércio de commodities agrícolas e minerais. A demanda chinesa por produtos do agronegócio brasileiro cresce 20% ao ano, enquanto as exportações brasileiras para o mundo crescem 10% ao ano.

A China desponta como um aliado estratégico para o Brasil na promoção e financiamento da agropecuária de baixo carbono, com o objetivo de mitigar as emissões e intensificar os esforços de sequestro desse elemento. Dada a escala exigida por tais iniciativas, o suporte financeiro se mostra crucial. Consumidores chineses emergem como potenciais estimuladores da demanda por produtos agrícolas cultivados de maneira sustentável, além de possíveis financiadores dessas práticas no Brasil. A colaboração sino-brasileira pode, portanto, desempenhar um papel fundamental na transição para uma agricultura ambientalmente responsável e economicamente viável.

O último painel focou na reforma da governança global, destacando a necessidade de criar mecanismos que ampliem o acesso dos países a recursos de financiamento de bancos de fomento. Além disso, reafirmou-se a importância do investimento em infraestrutura para o crescimento, por meio de instituições que reconhecem tanto o potencial do crescimento impulsionado pelo setor privado quanto o impacto positivo das políticas sociais, elementos que juntos contribuem para a análise da governança global.

“A China teve um papel muito relevante nessa ideia de reforma das instituições multilaterais. Se pensarmos nas instituições criadas mais recentemente, elas foram criadas por iniciativas chinesas, como o Banco Asiático de Desenvolvimento e Infraestrutura, e o Novo Banco de Desenvolvimento. Não era só a ideia de trazer novas estruturas, mas a ideia de colocar ênfase no tema do investimento em infraestrutura para o crescimento”, finaliza Marcos Caramuru, ex-Embaixador do Brasil na China e Conselheiro Consultivo Internacional do CEBRI.

Fonte: Amanda de Souza de Assis