Cenário positivo para commodities ganha força, segundo hEDGEpoint

Inflação americana e o setor imobiliário chinês trouxeram alguns fundamentos altistas para as commodities

Desde que o Federal Reserve começou a aumentar as taxas de juros em março de 2022, os preços das commodities têm sofrido com a pressão baixista do lado macro. A guerra na Ucrânia apoiou os preços dos grãos e da energia por um tempo, mas à medida que os receios de recessão cresceram, nem mesmo estes produtos resistiram à pressão de baixa criada pelo Fed.

No entanto, segundo análises da hEDGEpoint Global Markets, estamos nos aproximando do fim deste cenário, pois os dados da inflação desta semana mostraram que a autoridade monetária dos EUA tem sido bem-sucedida em seu objetivo de domar a inflação. Além disso, alguns setores importantes da economia chinesa estão começando a mostrar alguns sinais de recuperação, o que pode ter impactos significativos nos mercados de commodities, já que o país é o maior importador de quase todas elas.

Os preços ao consumidor e ao produtor estão caindo mais rápido do que o esperado O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) e o Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos EUA de Março foram divulgados esta semana, e ambos mostraram que a inflação nos EUA continua desacelerando. Enquanto o CPI estava em linha com as expectativas do mercado, o PPI caiu 0,5% no mês, enquanto o consenso do mercado esperava que ele permanecesse estável. Um PPI baixo é muito importante em uma trajetória de inflação, pois significa que os produtores têm menos pressão para aumentar os preços aos consumidores, a fim de restabelecer as margens de lucro. Além dos números de inflação, temos também sinais crescentes de uma desaceleração econômica nos EUA, apesar do mercado de trabalho ainda apertado.

Como podemos ver no gráfico 3, as vendas ao varejo começaram a desacelerar enquanto o PMI de manufatura tem estado em uma tendência de queda e já atingiu níveis contracionistas (abaixo de 50). Há um ano, a probabilidade de recessão dos próximos 12 meses (calculada pelo Fed de Nova Iorque) era de apenas 4,11%. Agora ela é de 57,77%.

Visão da hEDGEpoint Gobal Markets

Como mencionamos em alguns de nossos relatórios anteriores, a reabertura da China após o fim da política de Zero Covid não teve o efeito esperado, pelo menos quando falamos de demanda de commodities. Isso ocorre principalmente porque a recuperação se concentrou no setor de serviços, que não gera tanta demanda por commodities. Por outro lado, o mercado imobiliário chinês – responsável por cerca de 30% do PIB chinês – permaneceu em uma situação muito complicada, mesmo após a reabertura. Muitas empresas, de grandes a pequenas, enfrentaram problemas de financiamento e dívida, levando a muitos projetos a serem paralisados durante 2022. Consequentemente, a confiança dos consumidores e investidores no setor caiu drasticamente.

Tentando reverter a situação, o governo chinês adotou uma série de medidas para apoiar o setor que, após um “longo inverno”, está começando a dar sinais de recuperação. Com o setor imobiliário “se unindo” ao resto da economia chinesa na recuperação, as commodities – especialmente as metálicas e energéticas – terão uma pressão de alta adicional nos próximos meses, já que a China provavelmente aumentará suas importações desses produtos (como tem acontecido nas últimas semanas com o minério de ferro – gráfico 5). “Vale mencionar também que as moedas emergentes ligadas aos países que exportam para a China – como o Brasil – também devem se fortalecer neste cenário, à medida que seus resultados na balança comercial melhoram. Como podemos ver no Gráfico 6, o Brasil teve um superávit recorde em sua balança comercial em março”, diz Alef Dias, analista de grãos e macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.

Confira aqui o relatório completo

Fonte: hEDGEpoint Global Markets