Centro do IAC em Jundiaí faz 50 anos na posição de referência mundial em estudos sobre aplicações de defensivos agrícolas

Programas Adjuvantes, Aplique Bem, IAC-Quepia e Unidade de Referência unem Secretaria de Agricultura de SP ao setor privado e colocam o País na vanguarda científica global voltada ao uso sustentável de agroquímicos

Reprovação à qualidade de vestimentas protetivas agrícolas produzidas no Brasil caiu de 80%, no início dos anos de 2000, para 20% no ano passado

Jundiaí (SP) – Mantido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC) completa 50 anos no mês de junho próximo. Sediado na cidade de Jundiaí, o centro de pesquisas abriga às principais iniciativas em andamento no Brasil com ênfase na aplicação sustentável de defensivos agrícolas ou agroquímicos. Quatro desses projetos serão destaques do estande da Secretaria na Agrishow, que começa no dia 29 deste mês.

Idealizador e coordenador dos programas Adjuvantes da Pulverização, Aplique Bem, IAC-Quepia e Unidade de Referência, o pesquisador científico Hamilton Ramos salienta que o centro de pesquisas de Jundiaí impulsionou às mais importantes medidas já adotadas no Brasil com objetivo de preservar a saúde do trabalhador rural, como o desenvolvimento de normas de qualidade para equipamentos de proteção ao trabalho com agroquímicos, que não existiam até 2006.

“Graças ao trabalho do centro, o Brasil tornou-se o primeiro país a adotar normas de qualidade para vestimentas protetivas”, ressalta Ramos. Certificar a qualidade de vestimentas protetivas agrícolas, e agora também de luvas utilizadas no manuseio de agroquímicos, é a diretriz do Programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (Quepia), que completa 13 anos em junho próximo.

O programa Quepia também chancelou a entrada do Brasil no Comitê Mundial da entidade certificadora global ISO – International Standartization Organization -, do qual o pesquisador é membro efetivo. “Nos últimos dias, em reunião realizada na China, aprovamos a primeira norma da ISO destinada a certificações de luvas para manuseio de agroquímicos (ISO 18.889). A base técnica dessa regulamentação resulta de pesquisas realizadas no CEA com apoio da Universidade de Maryland (Estados Unidos)”, resume Ramos.

“A partir de agora, o Quepia será responsável pela concessão do Selo de Qualidade IAC-Quepia tanto para vestimentas quanto luvas para manuseio de agroquímicos”, complementa o pesquisador.

Ramos destaca que a produção de conhecimento encampada pelo Quepia resultou na redução do índice de reprovação da qualidade de vestimentas protetivas produzidas e comercializadas no País, que era de 80% do volume analisado no início de 2000 e caiu para 20% no ano passado. “Isso significa um ganho extraordinário na redução da exposição do trabalhador rural aos agroquímicos”, diz Ramos.

Tecnologia e aplicação segura – Outro programa de alcance internacional, o ‘Aplique Bem’ nasceu de uma parceria entre a Secretaria de Agricultura de SP e a empresa Arysta LifeScience. A iniciativa, que já dura 12 anos, coordenada pelo CEA-IAC, é executada diretamente nas propriedades rurais. Uma equipe de engenheiros agrônomos se desloca pela fronteira agrícola do Brasil a bordo de laboratórios móveis e leva conhecimento técnico sobre uso correto de agroquímicos, qualidade e regulagem de equipamentos e boas práticas na área.

Segundo Ramos, no território nacional o Aplique Bem já percorreu mais de 1 milhão de quilômetros e chegou a quase 66 mil agricultores. Gratuito e desvinculado de apelo comercial, produtos ou marcas, o programa auxilia agricultores e setores da agroindústria a reduzir perdas decorrentes do mau uso de agroquímicos. A iniciativa também chegou a mais 7 países: Burkina Faso, Costa do Marfim, Colômbia, Gana, Mali, México e Vietnã.

O mais recente dos programas do CEA-IAC atrelados ao uso de agroquímicos recebeu o nome de Unidade de Referência em Tecnologia e Segurança na Aplicação de Agroquímicos (UR). Igualmente nascida de uma parceria entre a Secretaria de Agricultura e o setor privado, a iniciativa tem foco na formação de consultores para capacitar mão de obra ao uso correto e seguro de defensivos. A UR realiza cursos de capacitação, presenciais ou à distância (EAD), com módulos de 16 a 80 horas e já atendeu cerca de 100 profissionais nos últimos dois anos.

Já o programa Adjuvantes da Pulverização visa a auxiliar fabricantes de produtos adjuvantes a desenvolver novas formulações, bem como na definição do melhor posicionamento para uso das formulações já existentes. De acordo com Ramos, adjuvantes são produtos químicos adicionados à calda dos defensivos agrícolas no momento da aplicação na lavoura, com efeito espalhante, umectante, penetrante, entre outras especificações.

De acordo com Ramos, essa iniciativa da Secretaria da Agricultura também propõe o desenvolvimento de novos métodos de ensaio para a elaboração de uma norma nacional da ABNT, associada aos produtos, e também de uma norma para classificação de adjuvantes na esfera governamental.

Fonte: Bureau de Ideias