Chuvas, corte de área e atraso no plantio da safrinha devem reduzir oferta de milho

Impactos desfavoráveis tanto na safra de inverno, como na de verão, bagunçam produção brasileira, que deve chegar a 108,5 milhões de toneladas (considerando a terceira safra)

As preocupações com o atraso do plantio na safrinha de milho já têm refletido em expectativa de uma produção brasileira mais enxuta do cereal no ciclo 2020/21, junto aos impactos desfavoráveis também na safra de verão. Levando em consideração as análises da StoneX para as safras de verão e inverno e o número da Conab para a terceira safra, de 1,78 milhão de toneladas, a estimativa para a produção total no ciclo 2020/21 foi reduzida para 108,5 milhões de toneladas na revisão de março do grupo, contra 110,2 milhões na última estimativa.

Para a primeira safra de milho 2020/21, a StoneX trouxe um corte de 3,1%, para 25,4 milhões de toneladas. “Apesar da melhora na produtividade da safra gaúcha, causada pela condição climática favorável ao rendimento do grão no nordeste do estado, a maior produção no Rio Grande do Sul não foi capaz de compensar a redução na Bahia e em Goiás”, explica o analista de inteligência de mercado, João Pedro Lopes.

Em função do elevado volume de chuvas recebido nas últimas semanas, a produtividade da Bahia foi reduzida em 6,4% em frente ao último relatório. Já em Goiás, além da queda no rendimento, vale destacar a contração de 18,5% na área plantada em comparação com o número de fevereiro e de 20,9% frente a 2019/20, em meio à continuidade da troca de área do milho para a soja no verão.

Em relação à safrinha, a StoneX trouxe uma queda em sua estimativa de março de 82,4 para 81,3 milhões de toneladas (-1,3%). Contudo, mesmo com o recuo o volume ainda representaria um recorde de produção. “O corte foi motivado pela contração da produtividade em Mato Grosso e no MATOPI (região que compreende os estados do Maranhão, Tocantins e Piauí). Devido ao considerável atraso do plantio nessas regiões, boa parte da área deverá ser semeada fora da janela ideal, tornando a safra de inverno ainda mais arriscada”, avalia Lopes.

O analista ainda alerta que modelos climáticos apontam para uma ocorrência de chuvas acima do normal ao longo das próximas semanas (com exceção da região Sul), o que pode provocar novos atrasos para a safrinha do grão.

Em meio ao corte na oferta do cereal, as estimativas apontam para uma contração nos estoques finais 2020/21, para 13,1 milhões de toneladas. Mesmo assim, as expectativas ainda indicam que os estoques de passagem serão superiores ao da safra 2019/20 (9,9 milhões de toneladas).

Fonte: Ação Estratégica