Cooperação entre Embrapa e Kaiima irá fortalecer a cultura da mamona no Brasil

Embrapa e a empresa israelense Kaiima Seeds assinaram um acordo de cooperação para o desenvolvimento de novos cultivares de mamona. O objetivo é contribuir para a expansão da ricinocultura no Brasil por meio da geração de cultivares de alto desempenho produtivo, adaptação a diferentes condições de cultivo e características diferenciadas como composição de óleo, resistência a doenças e precocidade.

Nair Arriel, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Algodão, explica que ambas as empresas aportarão material genético visando a criação de novas cultivares essenciais ao pleno fortalecimento da cadeia produtiva da mamona no Brasil, com potencial de expansão para outros países.

“A Embrapa possui um importante banco genético para exploração e desenvolvimento de novas cultivares, tecnologias geradas para região semiárida, como a cultivar BRS Energia que é a mais plantada na região e possibilidade concreta de geração de novos ativos. A Kaiima Seeds é uma empresa de genética e melhoramento de mamona que desenvolve híbridos inovadores que aumentam a produtividade em sistemas agrícolas modernos e em grande escala”, afirma.

A Kaiima Seeds é subsidiária da empresa israelense Kaiima Bio-Agritech Ltda. e tem atuação no país desde 2017. Possui 5 híbridos registrados: Tamar, Mia, Kariel, KS 2019 e KS 2030 além de outros em desenvolvimento. “Uma cooperação entre estas duas importantes empresas na obtenção de cultivares de mamona tende a ser extremamente importante para toda a cadeia produtiva”, ressalta Arriel.

Estamos muito otimistas com esta cooperação, com certeza a diversidade genética trará aos novos cultivares, frutos desta colaboração, características muito importantes no desenvolvimento da cultura no Brasil. A mamona está vivendo um momento muito importante como fonte de matéria prima para biomateriais e biocombustíveis, com ênfase ao HVO ou diesel verde, e o Brasil tem todas as condições agronômicas e técnicas para se tornar líder mundial na produção de mamona”, afirma Edison Kopacheski, CEO da Kaiima.

Segundo Maira Milani, pesquisadora da Embrapa Algodão, especialista no melhoramento genético de mamona, o desenvolvimento de novas cultivares é fundamental para diversificação e sustentabilidade dos sistemas agrícolas.

“Inúmeros fatores demandam a constante obtenção de cultivares, entre eles a redução do uso de defensivos agrícolas pelo uso de cultivares resistentes ou tolerantes a pragas e doenças, a necessidade de uso em áreas marginais ou áreas degradadas de modo a reduzir a abertura de novas áreas e precocidade para se adequar aos diferentes sistemas de cultivo. A diversificação de espécies em sistemas agrícolas é essencial tanto para sustentabilidade ambiental, advindas de riscos biológicos como doenças e pragas, quanto por benefícios econômicos, advindos da diversificação de fontes de renda para o produtor”, elenca.

Cultura da mamona

Apesar de ser uma atividade tradicional, a ricinocultura no Brasil possui ainda baixa expressão econômica, sendo cultivada principalmente por pequenos produtores, com baixo investimento tecnológico e baixa produtividade.

“O desenvolvimento de cultivares mais produtivos e com resistência a doenças tende a impulsionar a produção pelo aumento da produtividade. Além disso, novas cultivares e avanço das pesquisas, por meio de inovações tecnológicas para complementar o sistema de produção no cerrado podem impulsionar a introdução da mamona em áreas de produção de commodities oferecendo uma nova opção de cultivo rentável que possibilite manejo de pragas e doenças comuns das culturas da soja, milho e algodão, como nematoides”, afirma Arriel.

Para os grandes produtores, a mamoneira é uma cultura com potencial de integração em diversas regiões e janelas de plantio do país devido a sua capacidade de ajustar-se às irregularidades de chuvas. “O Brasil tem real possibilidade de expansão da cultura, justificada pela alta demanda do óleo, retração de produção nos principais países concorrentes, tradição brasileira neste cultivo e cenário favorável de transformação da indústria nacional ao desenvolvimento sustentável baseado em fontes de biomassa”, argumenta a pesquisadora.

O óleo de mamona possui propriedades superiores aos óleos minerais, capazes de substituir os óleos de origem mineral em todas as suas aplicações, porém de maneira sustentável. “Hoje o óleo de mamona é um dos produtos que se encaixam com o conceito da economia circular, pois é totalmente reciclável e de baixo impacto ambiental”, diz Milani.

Fonte: Assessoria de imprensa – Embrapa