Desmites e tendinites: problemas que exigem cuidado com os equinos

As afecções que mais acometem os equinos de esporte são as relacionadas ao sistema locomotor. Dentre elas, as desmites e tendinites ocupam um lugar de destaque e demandam uma maior atenção, principalmente pela sua evolução muitas vezes silenciosa, que promove queda de performance dos animais, e a suas características crônicas e degenerativas do tecido, sendo uma das principais causas de aposentadoria precoce destes animais.

As inflamações dos ligamentos (desmites) e inflamações de tendões (tendinites) acontecem em maior número nos membros torácicos, que são responsáveis por sustentar maior porcentagem do peso corpóreo do animal, e onde se concentram os maiores impactos dos esportes equestres, principalmente salto e provas de força.

Com a estrutura celular formadora muito semelhante entre si, a única diferenciação entre tendões e ligamentos ocorre através da função anatômica e biomecânica que eles exercem, posto que os tendões ligam músculo ao osso e os ligamentos ligam superfícies ósseas.

A sobrecarga nos tendões e ligamentos promovem danos teciduais degenerativos, e, embora exista alguma capacidade de cicatrização tecidual, o tecido cicatricial não apresenta a qualidade biomecânica do tecido não lesionado, o que facilita a recorrência de lesões na mesma região. A maior parte das lesões ocorrem na região central da porção metacarpiana média, envolvendo os tendões flexores e ligamento suspensório. No tecido lesionado ocorre uma desorganização das fibras de colágeno que o compõe, acompanhado por um processo hemorrágico e inflamatório, com potenciais efeitos deletérios para as estruturas acometidas.

A claudicação é o sintoma mais evidente de desmite ou tendinite, tendo uma apresentação mais acentuada nos estágios agudos das lesões e mais discreta nas lesões crônicas ou em regeneração. Nas lesões agudas também é fácil perceber edema local, aumento de temperatura e dor na palpação.

O tratamento da lesão aguda associa a utilização de medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais sistêmicos, corticóides como a triancinolona e anti-inflamatórios locais como DMSO e salicilato de metila, ferrageamento corretivo, terapia com gelo e imobilização regional. Já as lesões crônicas precisam passar por um processo de contrairritação para que sejam tratadas, seguindo o mesmo protocolo das lesões agudas.

A fisioterapia para animais atletas é uma etapa adicional do tratamento e pode ser considerada como medida preventiva de lesões, uma vez que lesões não traumáticas têm relação direta com a movimentação repetitiva inadequada das estruturas tendíneas e ligamentares.

Equinos adultos de alta performance são mais susceptíveis às desmites e tendinites, uma vez que os tendões e ligamentos maduros apresentam mais fibrócitos pouco ativos do que fibroblastos produtores de colágeno em sua composição, o que reduz de forma significativa a capacidade regenerativa do tecido, deixando-o mais frágil. Porém, animais jovens que sobrecarregam estas estruturas já no início da vida esportiva, seja por treinamento muito exigente ou conformação anatômica e de cascos inadequada, têm grande predisposição a apresentar quadros de desmites e tendinites na vida adulta.

Fonte: Gisele Assis