Dólar recua a R$ 3,12

Em contraste com a agitação que marcou o primeiro trimestre, o mercado financeiro retornou dos feridos de Páscoa mostrando maior tranquilidade, embora os investidores continuem ansiosos quanto aos desdobramentos do ajuste fiscal anunciado pelo governo e de olho nas decisões do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) em relação ao esperado aumento de juros naquele país.
O clima de menor nervosismo se refletiu mo mercado de câmbio. Ontem, o dólar atingiu a mínima de R$ 3,085, antes de fechar cotado a R$ 3,122, um recuo de 0,22% ante o pregão anterior. Foi o quinto dia consecutivo em que a moeda norte-americana fechou no vermelho, acumulando uma queda de 5% nesse período. Em contrapartida, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) avançou 1,14%, a quarta alta em cinco dias, atingindo o maior patamar em mais de quatro meses.
Segundo analistas, o mercado reagiu aos dados de criação de empregos em março nos Estados Unidos, divulgados na sexta-feira, feriado da Paixão de Cristo no Brasil. A abertura de vagas foi a menor desde dezembro de 2013, mostrando que a economia não está tão aquecida como se pensava. Isso foi interpretado como mais um sinal de que a elevação das taxas de juros será adiada pelo Fed, que condicionou os ajustes à retomada econômica no país.
Estimativas
O presidente do Federal Reserve de Nova York, Willian Dudley, disse ontem que o momento de elevação dos juros ainda é incerto. Quando a política monetária mudar nos Estados Unidos, o que não deve ocorrer antes de junho, a expectativa é que investidores se voltem para o mercado norte-americano, o que afetaria as nações emergentes. O Brasil é o que pode sofrer mais com a fuga de recursos, devido ao cenário de baixo crescimento, inflação alta e rombo nas contas externas.
Por ora, o dólar segue oscilando bastante frente ao real, ainda que o desempenho da moeda tenha ficado mais estável nos últimos pregões. “As variações têm sido mais equilibradas, sem grandes movimentos bruscos. Ontem, a divisa basicamente acompanhou o cenário externo”, observou o gerente de câmbio da Icap, Italo Abucater.
O mercado financeiro, de acordo com o Boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central, subiu a projeção da cotação do dólar no fim do ano de R$ 3,20 para R$ 3,25. “É muito prematuro fazer qualquer estimativa. Abril tende a ser mais calmo, mas teremos de esperar o comportamento de outras variáveis”, emendou Abucater.
O Banco Central começou a semana realizando mais um leilão de rolagem dos contratos de swap cambial – equivalentes à venda futura de dólares – com vencimento em 4 de maio. “A impressão é que, até a cotação de R$ 3,30, o Banco Central não se preocupará muito”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. “A cotação não tem assustado. Não vejo o dólar bater R$ 3,30 e voltar a R$ 3,10 em pouco tempo, como vimos no último mês”, acrescentou.
Na volta do feriado, além do dólar em queda, chamou a atenção a alta do Ibovespa: o índice acumula ganho de 7,37% nos últimos cinco pregões. O panorama não mudou muito, mas, depois de romper os 52 mil pontos, o índice tende a buscar um novo patamar, acreditam analistas. Ontem, fechou a 53.737 pontos. O desempenho foi puxado pela alta das ações de bancos e da Vale, e pelos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Por: Correio Braziliense