Em 2021, empresas de agronegócio, alimentos e bebidas deverão recompor vagas de trabalho perdidas em 2020, manterão ou aumentarão o trabalho remoto e focarão na qualificação de seus profissionais, aponta estudo da Deloitte  

Mais da metade dos empresários do segmento participantes da pesquisa entende que a atividade econômica no Brasil em 2021 ficará igual ao nível pré-crise da Covid-19

São Paulo, dezembro de 2020 – A edição deste ano da pesquisa “Agenda”, realizada pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, apresenta a perspectiva de 663 empresas que, juntas, faturam R$ 1,2 trilhão, para 2021, quanto à recuperação e à sustentação de seus negócios no contexto pós-crise da Covid-19.  A indústria do agronegócio, alimentos e bebidas representa 8% da amostra total. A maioria das empresas deste setor (54%) entende que a atividade econômica no Brasil em 2021 ficará igual ao nível pré-crise da Covid-19. Para 6%, será superior ao nível de antes da pandemia, enquanto 38% assinalaram que a economia deve ficará abaixo desse patamar. Para 2% haverá queda em relação ao fechamento de 2020.

O quadro de funcionários deverá aumentar em 42% das empresas de agronegócio, alimentos e bebidas. Esse é um reflexo da curva de recuperação, o que indica que as novas vagas deverão recompor postos de trabalho perdidos na crise. 30% afirmam que manterão o quadro de funcionários sem substituições, enquanto 24% irão manter os colaboradores com algumas substituições por profissionais mais qualificados. A pesquisa revela que, no pior momento da crise, 16,5% das empresas de agronegócios, alimentos e bebida registraram queda nas vendas; 16% apresentaram queda na produção e 18%, queda da margem. Surgiram, por causa da pandemia, novas necessidades para as empresas, onde o digital se tornou o ponto principal para elas, seja por meio de canais de venda online e/ou modelos de trabalho remoto para promoverem a continuidade de seus negócios. A Agenda 2021 aponta que 40% das organizações do setor realizaram vendas online após o início da crise causada pela pandemia de Covid-19. Dentre as companhias que aumentaram o investimento nos canais online, 60% afirmam que o fizeram por causa de crise.

Em 2020, desde o início da crise, 34% das empresas de agronegócio, alimentos e bebidas adotaram o trabalho remoto para, no mínimo, um terço de suas equipes. Do total das organizações desses segmentos, 37% manterão ou aumentarão a quantidade de profissionais em teletrabalho em 2021. Dessa parcela, a maioria (56%) reduzirá o espaço físico de trabalho devido à ociosidade. Para acompanhar todas essas transformações digitais e de negócios, os empresários do segmento elegeram como prioridade, em 2021, investir em qualificar pessoas (88%), com criação ou ampliação de treinamentos. O lançamento de produtos ou serviços faz parte dos planos de 82% dos entrevistados, enquanto 70% devem ampliar ou criar ações de Pesquisa & Desenvolvimento. 64% dizem que vão ampliar ou criar parcerias com startups.

Dentro desse mesmo contexto de aceleração, a maioria das empresas entrevistadas manteve ou aumentou também outros investimentos em tecnologia durante a crise. Em 2021, a tendência é aumentar ou manter esse índice, especialmente em infraestrutura (cloud, equipamentos, rede e telecom e serviços de TI), em soluções (sistemas, ferramentas e softwares de gestão) e gestão de dados (big data, analytics, inteligência artificial), para 98%, em todos os temas. Em conjunto com essas iniciativas e já de olho na implementação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), quase metade (48%) das organizações destes segmentos aumentará os investimentos em segurança digital em 2021.

Investir e expandir 

Agenda 2021 mostrou que modernizar e/ou substituir máquinas e equipamentos são fatores fundamentais para a produtividade da maioria das empresas pesquisadas, e a prática deve ser adotada por 84% delas. A abertura e a ampliação dos pontos de venda devem ser adotadas por 64% das organizações pesquisadas, enquanto a ampliação dos atuais parques de produção/área agrícola/escritórios deve ser conduzida por 52% das empresas; 30% pretendem abrir novas unidade de produção. Em um cenário de alta liquidez e juros baixos, outros fatores tomaram à frente dos negócios. A volatilidade da economia (câmbio, inflação e juros) passa a vir em primeiro lugar, seguida pela imprevisibilidade dos riscos de operação que impactam o projeto além das receitas.

Para 16% das empresas do segmento de agronegócio, alimentos e bebidas, aumentou o nível de endividamento em moeda estrangeira em 2020, o dobro do percentual da amostra total da pesquisa (8%). Além disso, também é maior o percentual de empresas do agronegócio (frente ao total) que renegociou dívidas em 2020 devido à crise da Covid-19. Entre as organizações do segmento, 26% pretendem adquirir outra empresa em 2021; 10% devem fazer aquisições de produtos/marcas de outras companhias; e 4% têm a intenção de participar de licitações ou privatizações.

Prioridade para os negócios em 2021

Diante do que foi vivenciado em 2020, as prioridades para apoiar a recuperação dos negócios no próximo ano será, para a maioria do empresariado de agronegócios, alimentos e bebidas, investimentos governamentais em infraestrutura (83%), a ampliação da oferta de crédito (78%) e apoio às PMEs (70%), o investimento em educação (87%) e a reforma tributária (98%).

 Prioridade na governança dos dados  

A LGPD ainda é um grande desafio para a maioria das empresas. Por mais que o tema tenha ganhado força no último ano, em sua fase de entendimento e adequação, apenas 33% das empresas do setor se consideram preparadas para atender a todos os requisitos da lei. Em 2021, a LGPD terá nível alto ou muito alto de prioridade para 50% do empresariado participante.

 Metodologia e amostra 

A edição de 2021 da pesquisa “Agenda” contou com a participação de 663 empresas, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 1,2 trilhão em 2020 – o que equivale a 15% do PIB brasileiro. A distribuição geográfica da amostra dividiu-se da seguinte forma (considerando a sede das empresas): 58% em São Paulo, 17% nos demais Estados da Região Sudeste, 15% na Região Sul, 7% no Nordeste, 3% no Centro-Oeste e no Norte do País. Do total dos respondentes, 65% estão em cargos de liderança C-Level. Adicionalmente, 32% das empresas participantes são de prestação de serviços, 16% de bens de consumo, 15% de TI e Telecomunicações, 12% de Infraestrutura, 8% de Agro, Alimentos e Bebidas, 8% de serviços financeiros, 6% de comércio e 3% de veículos e autopeças.

Fonte:  Larissa Siqueira