Entendendo a Amazônia

Entendendo a Amazônia: região precisa de investimento estratégico em bioindústria, destaca vice-presidente da Câmara dos Deputados

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), entende que a região amazônica precisa urgentemente de investimento em bioindústria, a partir de estudos científicos aplicados, como forma de fomentar e proporcionar a sustentabilidade ambiental no desenvolvimento econômico do Amazonas. O deputado federal fez essa declaração em sua apresentação no quarto dia da conferência “Entendendo a Amazônia”.

“Há necessidade de investimento urgente e estratégico na bioindústria. Isso depende essencialmente de pesquisa aplicada, o que não realizamos. E se não realizamos, não conseguimos reverter o potencial de riqueza da floresta em riqueza efetiva”, destacou, em referência a produtos fitoterápicos, cacau nativo e pescado, entre outros “Quando você discute bioindústria, você discute a partir da premissa de uma indústria que precisa da floresta em pé.”

Para o parlamentar, o que falta para a região é uma política de desenvolvimento regional que não devaste a floresta. “Esse é o desafio que está posto para o futuro do Amazonas e do Brasil. O mundo tem um pacto de criar neutralidade climática nos próximos anos e a floresta amazônica é o maior ativo de captação de gás carbônico da atmosfera”, lembrou. Como exemplo de ações públicas que podem ser melhores, citou a Zona Franca de Manaus (ZFM).

“Os militares, quando conceberam a ZFM, conceberam como incentivo à instalação de indústrias com dois objetivos: o primeiro, geopolítico, de ocupar a Amazônia para reafirmar a soberania do país sobre a região; e o segundo, econômico, de substituir importações. O Brasil não planejou isso, mas hoje existem estudos consistentes de que a ZNF acabou se consolidando como instrumento fundamental de preservação da floresta”, disse Ramos.

Segundo o deputado, esse “instrumento de preservação” acontece a partir da geração de emprego e renda para a população e de riqueza e receitas para o Estado – de forma não agressiva do ponto de vista ambiental. “Mas essas riquezas não foram reinvestidas em ações estruturantes que dessem sustentabilidade a esse modelo e que criassem um novo, mais identificado com as nossas vocações naturais. Infelizmente, nós chegamos a este momento da história do país com um modelo de desenvolvimento ainda fundado em barreiras comerciais e incentivos fiscais”, comentou o parlamentar, para quem a situação precisa mudar, para benefício do bioma.

Ramos é formado em direito pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e especialista em direito processual e gestão governamental. Autor de quatro livros, desde 2019, quando assumiu o mandato, tem atuado em diversas frentes parlamentares, entre elas a de energias renováveis, a de apoio ao ecoturismo e do desenvolvimento regional sustentável. Foi vereador de Manaus pelo PCdoB e deputado estadual do Amazonas pelo PSB.

Fonte: Rafael Iglesias