Fábricas de ração destinada a tilápia

Pesquisa desenvolve material de referência para fábricas de ração destinada a tilápia

Laboratórios de fábricas de ração para peixes estão adotando como padrão o material de referência desenvolvido por pesquisadores da Embrapa na análise de nutrientes e controle da qualidade do produto destinado à alimentação de tilápias. A tecnologia permite resultados analíticos seguros, evita prejuízos aos produtores e reduz custos no processo.

O químico Aparecido Matsuda, responsável pelos laboratórios da fábrica de rações Matsuda, atesta a aceitação da tecnologia pelo mercado. “Quando um cliente vem visitar nossa fábrica e questiona nossas análises da ração, mostramos a eles que utilizamos o material de referência da Embrapa. É um diferencial.”

Materiais de referência são produtos que contribuem para a segurança dos resultados de análise laboratorial feita por fábricas de ração e serviços de controle de qualidade.  São empregados na calibração de equipamentos de laboratório, avaliação de métodos analíticos, treinamento, acompanhamento e avaliação de operadores e no controle interno de qualidade e avaliação da qualidade externa dos resultados de análises laboratoriais.

“Eles têm importância para o setor produtivo por contribuir com a geração de resultados analíticos confiáveis no controle da qualidade de rações”, explica a pesquisadora Ana Rita Nogueira, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), responsável pelo desenvolvimento do material.

A Matsuda produz rações para peixes em três unidades do Brasil: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE) e São Sebastião do Paraíso (MG). A matriz da empresa fica em Álvares Machado, no interior de São Paulo. “Nós utilizamos muito esse material da Embrapa em nossos laboratórios porque ele dá mais confiabilidade às nossas amostras. Antes não havia esse material de referência e os resultados ficavam sem esse padrão. O mercado reconhece e valoriza esse diferencial”, afirma Matsuda.

Normas internacionais

Ana Rita explica que a pesquisa gerou o material de referência de nutrientes em ração, a ser usado como padrão de análises em diferentes laboratórios de controle de qualidade e de alimentação animal, seguindo normas internacionais. Inicialmente cerca de 65 quilos de amostra de ração comercial foram fornecidos pela própria Matsuda para a pesquisa. As amostras tinham como característica principal a constituição típica daquelas comercializadas aos produtores, com aproximadamente 32% de proteína bruta.

De acordo com Ana Rita, todos os valores foram avaliados com programas estatísticos. Os resultados geraram uma carta com os valores previstos e suas incertezas associadas. O material de referência produzido foi disponibilizado no site da Embrapa e enviado gratuitamente aos laboratórios interessados.

“As amostras estão sendo empregadas no treinamento de técnicos dos laboratórios, na calibração de equipamentos, na construção de cartas-controle (para verificar se os resultados emitidos estão certos) e na verificação dos resultados de rotina.”

O uso do material de referência possibilita a diminuição de retrabalho, pois é possível verificar problemas pontuais e corrigi-los antes de fornecer um resultado errado aos clientes, o que poderia causar grandes prejuízos aos produtores de ração e à nutrição de peixes.

‘Padrão ouro’

Levantamento feito em março de 2020 pela Embrapa Pecuária Sudeste procurou verificar como os laboratórios estão utilizando o material de referência de ração para peixes em suas análises. As respostas indicaram uso para o controle de qualidade em seus laboratórios, tanto na calibração de instrumentos quanto para diagnosticar problemas com os métodos utilizados. Esse seria o primeiro passo para que a indústria do pescado pudesse se beneficiar do material.

O material de referência foi desenvolvido pela Embrapa a partir de amostra de ração comercial que é direcionada à alimentação de peixes produzidos em cativeiro. Ele contém quantidades conhecidas de nutrientes e ajuda os laboratórios a fornecerem dados confiáveis, como os valores de proteína, fibras e minerais.

De acordo com a pesquisadora Ana Rita Nogueira, a maioria dos laboratórios que respondeu à sondagem está localizada em indústrias de ração ou presta serviços para diversos segmentos, incluindo as fábricas do alimento para peixe e usuários.

“Considerando que os laboratórios que realizam a avaliação da qualidade das rações têm um balizador, o tal ‘padrão ouro’, para saber se os seus resultados estão corretos, os produtores têm à disposição rações com a qualidade comprovada por resultados confiáveis”, justifica.

Os laboratórios que responderam ao questionário indicaram o controle interno da qualidade como o principal uso do material. Outro emprego bastante frequente é na avaliação de métodos. Segundo a pesquisadora da Embrapa, isso significa que é possível saber se uma alteração feita no método de análise é adequada e segue gerando resultados confiáveis.

Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste Por Ana Maio