Geou forte e agora, o que o pecuarista deve fazer?

A geada é um fenômeno natural que ultimamente tem sido bastante raro aqui no sudoeste goiano, sobretudo na intensidade desta que ocorreu, na virada de junho para julho de 2021. Existem poucos registros de geadas fortes assim na história local, ela atingiu não só as baixadas, onde a ocorrência é mais esperada, mas também áreas mais altas, provocando bastante estrago nas lavouras de milho safrinha, em diversas culturas (banana, hortaliças, mandioca) e também nas pastagens.

Os efeitos ocasionados pela geada para pecuária são bastante significativos, e exigem várias atitudes dos pecuaristas para amenizá-los:

Nutrição Animal: Quando o pasto “queima” com a geada, na verdade ocorre um extravasamento do conteúdo celular pós congelamento, fazendo com que a planta perca muitos nutrientes e se torne um alimento bem mais pobre. Para compensar esta perda de qualidade da pastagem e evitar que o gado perca peso, o pecuarista deve entrar com suplementação no cocho. Poucos produtores dispõem de alimentos volumosos (silagem, feno, cana), mas mesmo assim devem suplementar seus animais de acordo com seus objetivos. Se o objetivo for apenas diminuir a perda de peso e melhorar o aproveitamento da pastagem seca, como por exemplo para vacas de cria,  pode utilizar sal mineral com uréia, desde que tenha bastante oferta de capim, mesmo que só a palha.Já para bezerros, garrotes e novilhas em fase de crescimento, normalmente é mais viável um sal proteinado próprio para época seca, com consumo de um grama por quilo de peso vivo, chamado “baixo consumo”, visando pequenos ganhos de peso. Para obter maiores ganhos de peso, precisaria fornecer produtos em maiores quantidades (proteinados de alto consumo ou rações), neste caso, recomendo que consulte um técnico para avaliar a viabilidade econômica em cada situação.

Mercado: Como todos terão menos pastos a disposição, possivelmente a oferta de gado magro irá aumentar e a demanda diminuir, pressionando negativamente os preços desta categoria. Outro ponto é que a oferta de gado gordo deverá diminuir, tanto devido a falta de pastagens de qualidade, como ao encarecimento das rações, sobretudo do milho, pressionando para cima o preço da arroba de animais prontos para abate.

Risco de incêndios: Outro problema sério que enfrentaremos daqui pra frente é o enorme risco de fogo, já que toda vegetação está totalmente desidratada pela geada, tornando-se um excelente combustível que inflama com qualquer faísca de escapamento, toco de cigarro, ou até mesmo um caco de vidro ao sol funcionando como lente. Este material seco queima muito mais rapidamente e é um incêndio de muito difícil controle.

Os pecuaristas que atentares para esses fatores e tomarem atitudes acertadas certamente terão mais chances de sucesso, mesmo com a geada.

Christovam Bittencourt Ivancko é Engenheiro Agrônomo