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Gestão de Custos e Planejamento Financeiro Agrícola

 Por* DANIELA CÉSAR LARA 

Todo produtor rural busca obter êxito ao desenvolver qualquer atividade agropecuária, mas será que ele está atento ao fato de que num processo de produção do tipo biológico, como são a agricultura e a pecuária, a produção é influenciada por diversos fatores como as condições climáticas, doenças e pragas, as quais poderão estar fora do seu controle? Por isso, cuidar da gestão de custos e do planejamento financeiro são imprescindíveis para o sucesso da produção. Continue lendo e saiba mais

Finalizando as ações em 2021 do projeto Mulher + Agro Cocamar, a Agromulher realizou juntamente com a  Cooperativa Cocamar o terceiro workshop do projeto, desta vez com o tema Gestão de Custos e Planejamento Financeiro Agrícola. Durante o mês de outubro, foram realizados 5 encontros on-line sobre o tema ministrados pela Amanda Massaneira de Souza Schuntzemberger, que é parceira capacitadora Agromulher, graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Ciências Veterinárias e doutora em Desenvolvimento Econômico, ambos também pela UFPR.

Veja a seguir alguns dos ensinamentos compartilhados por ela no workshop.

O setor rural tem como características a defasagem de tempo entre a produção e a sua comercialização, a forte dependência da produção às condições edafoclimáticas (solo e clima) e sanitárias, a variação dos preços dos insumos e produtos agropecuários, entre outros. Nesse contexto, o processo de tomada de decisões que envolvem o sistema produtivo exige um maior planejamento e criatividade para enfrentar os desafios que lhe são inerentes (LOURENZANI e SOUZA FILHO, 2005).

“A gestão da empresa rural é um processo de tomada de decisão que avalia a alocação de recursos escassos em diversas possibilidades produtivas, num ambiente de riscos e incertezas característicos do  setor”. Amanda Schuntzemberger

Portanto, para tomar a decisão de qual o nível de produção que maximiza o lucro é necessário conhecer sobre produção, custo e receita, pois a oferta de produtos se deriva dos custos de produção, os quais, por sua vez, se derivam do sistema de produção, enquanto a receita provém da comercialização dos bens e serviços pelo preço vigente no mercado.

Mitos dos custos de produção

Durante o Workshop, foram apresentados os principais mitos dos custos de produção publicados na revista Hortifruti Brasil, em abril de 2007, pois apesar da distância temporal para o momento presente, eles  continuam atuais.

MITO 1 – “SE EU CALCULAR TODOS OS CUSTOS, DESISTO DA ROÇA” 

Um dos mitos mais enraizados no setor rural é o de que se o(a) produtor(a) contabilizar com precisão todas as suas despesas ele/ela pode desistir da atividade agropecuária. Infelizmente, esse é um dos principais argumentos para justificar a ausência do controle dos custos de produção da propriedade rural (DELEO, 2007).

De fato, o cálculo apurado pode mostrar que o(a) produtor(a) está perdendo dinheiro, mas tem alguém interessado em “tapar o sol com peneira”? O melhor para o(a) empresário(a) que quer seu negócio vivo por muitos anos é justamente tornar clara a sua estrutura de custos, pois o(a) produtor(a) que controla custos de produção tem um maior conhecimento sobre seu empreendimento e, portanto, mais condições de permanecer na atividade, tomar as decisões corretas e antecipar situações de crise (DELEO, 2007).

MITO 2 – “DÁ MUITO TRABALHO FAZER CUSTO DE PRODUÇÃO” 

Calcular o custo total de produção não é nenhum “bicho de sete cabeças” e os resultados são muito positivos para a administração do empreendimento. No entanto, muitos(as) produtores(as) rurais ainda não organizam adequadamente seus custos, ou seja, não utilizam o método do Custo Total (CT), que envolve mais do que a soma das notas fiscais. Além disso, diversos(as) produtores(as) que dizem utilizar o método do Custo Total de produção, na verdade, não incluem todos os itens que devem ser considerados, principalmente a depreciação e o custos de oportunidade. A maioria ainda se concentra no Custo Operacional (DELEO, 2007).

A saber, o cálculo do CT abrange, além da soma das despesas da propriedade rural, uma apuração de diversos coeficientes técnicos da propriedade e um inventário apurado sobre sua estrutura física. Muitos(as) produtores(as) ainda desconhecem o número de plantas da sua propriedade e o rendimento médio dos seus empregados nas operações com máquina e implementos, variáveis fundamentais para organizar uma planilha de custo de produção (DELEO, 2007).

Em geral, as empresas de pequeno porte têm mais dificuldades em organizar todas as informações para o controle dos seus gastos através do método do Custo Total, visto que, normalmente, não têm um processo administrativo que permita um controle contábil organizado, pois a administração é concentrada nas mãos do produtor. Isso pode ser compensado com uma maior participação da família, o que hoje é uma realidade em muitas pequenas propriedades, com a organização das planilhas de muitas propriedades sob responsabilidade das esposas (DELEO, 2007).

MITO 3 – “O MEU CUSTO TOTAL É A SOMA DOS MEUS GASTOS. É SÓ SOMAR TODAS AS MINHAS NOTAS FISCAIS DO ANO”  

Esse é um dos principais erros quando se apura o Custo Total. A soma das notas fiscais pode ser uma ferramenta para o controle dos gastos e vencimentos de débitos, mas não é um método de cálculo do Custo Total de produção da fazenda. É fundamental que o(a) produtor(a) compreenda que o cálculo do Custo Total de produção deve incluir mais que os desembolsos correntes que ele tem com insumos e mão de obra. Ele deve incluir: custos administrativos, depreciação e custo de oportunidade (DELEO, 2007).

MITO 4 – “TELEFONE É GASTO PESSOAL” 

O(A) produtor(a) tem que saber separar seus gastos pessoais das despesas com a atividade agropecuária. Se o telefone celular é utilizado para realizar negócios, ele não é um item pessoal, devendo ser computado como um custo administrativo. As viagens técnicas, cursos e almoços de negócios também devem ser incluídos nesse custo.

Por outro lado, os gastos pessoais com a família – alimentação, escola, médico etc. – não podem fazer parte do caixa da propriedade. O(a) produtor(a) rural deve ter uma retirada mensal fixa – definir um salário (pró-labore) – para cobrir seus gastos pessoais. O(A) produtor(a) que não separa os seus gastos pessoais está, muitas vezes, superestimando o custo da sua atividade agropecuária (DELEO, 2007).

MITO 5 – “NÃO CONSIDERO OS JUROS NO CÁLCULO PORQUE O DINHEIRO É MEU” 

Mesmo que o dinheiro utilizado pelo(a) produtor(a) para comprar os insumos e investir em capital fixo da fazenda seja próprio, ele/ela deve considerar uma determinada taxa de juros sobre esse dinheiro, como se fosse um capital que ele estivesse tomando emprestado. Pois se ele não utilizasse esse recurso na atividade rural, estaria empregando em uma outra atividade ou investindo no mercado financeiro. Essa suposta atividade possibilitaria um determinado rendimento do dinheiro (DELEO, 2007).

Isso está relacionado com o conceito do Custo de Oportunidade do capital investido, o qual deve ser utilizado tanto para o cálculo da remuneração sobre o dinheiro utilizado para despesas no Custo Operacional – juros sobre o capital de giro – quanto para investimento fixo da fazenda – remuneração sobre o capital fixo (DELEO, 2007).

O custo de oportunidade é um termo usado para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade “deixada de lado”. O(A) produtor(a) deve embutir no seu custo final a rentabilidade anual, por exemplo, que geraria no mercado financeiro o montante que foi despendido para a estrutura fixa da sua propriedade (máquinas, implementos, cercas, benfeitorias e equipamentos, cultura e irrigação) e o valor do uso alternativo da terra – por exemplo, o valor médio de arrendamento na região (DELEO, 2007).

MITO 6 – “NÃO DEPRECIO MEU MAQUINÁRIO PORQUE USO POUCO” 

Está errado o(a) produtor(a) rural que acha que não deve calcular depreciação do maquinário porque usa pouco, pois além de não considerar o valor de reserva anual para a sua reposição, ele não está aproveitando o máximo desse equipamento. Isso é um desperdício que deve ser eliminado das propriedades rurais porque o custo de máquinas e equipamentos da propriedade é elevado e eles devem ser adquiridos para gerar a máxima produtividade na fazenda (DELEO, 2007).

Para que o(a) produtor(a) se mantenha na atividade no longo prazo, é necessário que ele/ela faça uma poupança para que, ao fim da vida útil do seu maquinário e equipamentos, tenha capital suficiente para substituí-los. Além disso, ele/ela deve dimensionar corretamente a sua necessidade de maquinário e implementos, para não subutilizar esses bens (DELEO, 2007).

MITO 7 – “NÃO CONTABILIZO A TERRA NO MEU CUSTO PORQUE ELA É MINHA” 

Mesmo que a terra utilizada para plantar seja própria, deve-se considerar um determinado valor de uso: a remuneração da terra. O(A) produtor(a) rural deve utilizar o conceito de Custo de Oportunidade do uso da terra, pois se ele/ela não estivesse na atividade agropecuária, poderia, por exemplo, arrendar sua terra para terceiros e, com isso, obter uma renda por ela. Uma sugestão de cálculo sobre o Custo de Oportunidade da terra é o valor de arrendamento mais comum na região (DELEO, 2007).

MITO 8 – “O LUCRO DA MINHA EMPRESA É O QUE SOBROU NO CAIXA”

O lucro da empresa rural não é o saldo do extrato bancário no final de um ano-safra, pois o que sobrou no caixa é um lucro de curto prazo. Esse saldo pode não ser suficiente para cobrir necessidades de investimentos futuros na propriedade, tornando o empreendimento inviável no longo prazo (DELEO, 2007).

Deve-se ter em mente que o investimento no setor agropecuário é lucrativo quando o lucro operacional (receita menos Custo Operacional) superar, por exemplo, a rentabilidade deste capital no mercado financeiro ou a rentabilidade de arrendamento da sua terra a um terceiro. Portanto, o lucro real é obtido quando o(a) produtor(a) rural deduz da sua receita o Custo Total apurado corretamente (DELEO, 2007).

Workshop

Durante os cinco encontros on-line, as cooperadas Cocamar participantes puderam contar com toda a expertise da capacitadora Amanda Schuntzemberger e aprenderam ainda sobre classificação dos custos de produção, custos totais e custos médios de produção, depreciação e custos de oportunidade da terra e do capital, componentes de custos na agropecuária, metodologia do custo operacional, fluxo de caixa e análise de resultados.

Investir em conhecimento e buscar sempre adotar boas práticas de gestão é muito importante para atuar com sucesso no mercado.

*DANIELA CÉSAR LARA Fundadora da Invicta Propaganda com experiência de mais de 20 anos em comunicação especializada para o agronegócio. Coordenadora de comunicação e novos projetos da Rede AgroMulher, e Operações do Congresso AgroDigital. Publicitária (PUC-MG) com atualização em Marketing (FGV), pós-graduada em Processos Criativos em Palavra e Imagem (IEC/PUC-MG).

Fonte: Agro Mulher

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