GO: Sojicultores aguardam chuvas para plantio autorizado desde sexta-feira (25)

As chuvas que caíram em Goiás no começo dessa semana amenizaram em parte as altas temperaturas, reduziram os focos de incêndios nas propriedades rurais e animaram os agricultores, que estão autorizados a iniciar os trabalhos de semeadura de soja no Estado a partir desta sexta-feira (25). Apesar desse leve refresco, poucas localidades receberam chuvas mais significativas, ainda insuficientes para começar o plantio neste começo de janela. As previsões meteorológicas indicam que a estabilização do período chuvoso só deve acontecer no final da primeira quinzena de outubro – o que não é muito diferente do que se viu nos anos anteriores.

Os próximos 10 dias serão bastante secos em Goiás, apontam os mapas climáticos, com pluviosidade acumulada inferior a 20 milímetros. Para uma semeadura segura, o solo requer pelo menos 50 a 60 mm de umidade se houver previsão de continuar chovendo ou 100 mm acumulados com alguns dias de intervalo entre as precipitações. Por isso, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) alerta que os produtores precisam se atentar às previsões para não iniciar o plantio com pouca umidade no solo.

“Às vezes o produtor se empolga com essas primeiras chuvas, planta e depois tem que replantar, levando a sua renda para a média dos outros anos. Temos que aproveitar um ano bom como esse para fazer a coisas corretas e garantir rentabilidade”, destaca o presidente da Aprosoja-GO, Adriano Barzotto. “Pelas previsões, a gente sabe que de 1º a 10 de outubro vamos ter um pequeno veranico, mas a partir da segunda dezena de outubro as chuvas retornarão e todos os produtores poderão dar largada aos seus plantios com segurança.”

Em Rio Verde, no sudoeste goiano, o agricultor Vanderlei Secco já recebeu os insumos, fez os testes de germinação das sementes de soja e está finalizando a revisão das máquinas para iniciar a semeadura. “Já estamos na reta final dos preparativos, com os equipamentos praticamente prontos, só aguardando a chuva”, afirma ele, que diz já ter recebido cerca de 35 mm de chuva na propriedade.

Antecipação do plantio

Ainda que na maioria das regiões goianas o plantio de soja só deve ganhar força quando as chuvas se firmarem, em meados de outubro, produtores irrigantes e os que plantam algodão na safrinha devem começar o plantio ainda nesse final de mês. Pelo segundo ano consecutivo, a antecipação da semeadura de soja do dia 1º de outubro para o dia 25 de setembro pode favorecer as lavouras de algodão, como aconteceu na safrinha de 2020.

Segundo o presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Alberto Moresco, os cotonicultores da região Sudoeste colheram 30 a 40 arrobas a mais de algodão este ano em relação a 2019. Moresco explica que o plantio antecipado da soja permite, na sequência à colheita da oleaginosa, instalar as lavouras de algodão com mais antecedência. Poucos dias de antecipação do plantio já ajudam a minimizar a interferência das baixas temperaturas sobre a formação da fibra do algodão, que é muito suscetível ao frio. “Se plantamos um pouco mais cedo, podemos obter uma boa diferença em volume de produção”, afirma.

La Niña

De forma geral, o plantio de soja nesta safra 2020/21 deve ocorrer em ritmo melhor do que foi em 2019/20, mas não tão rápido como em 2018/19, que registrou a semeadura mais precoce dos últimos anos em Goiás e no Brasil como um todo, conta o consultor técnico da Aprosoja-GO, Cristiano Palavro. “Por enquanto, os mapas mostram chuvas chegando não tão cedo, mas ainda não há preocupação extrema no radar. A princípio, vamos ter um clima favorável para a safra de verão”, afirma.

Segundo Palavro, as previsões climáticas indicam a ocorrência do fenômeno La Niña neste ciclo produtivo, o que costuma ser positivo. “Na safra de verão, isso não representa risco para o Centro-Oeste brasileiro; geralmente anos que têm La Niña são anos bons para essa região. O risco maior desse fenômeno no verão fica para o Sul do País e, depois, também pode haver algum impacto do La Niña sobre a nossa safrinha de milho”, explica o consultor técnico.

A Aprosoja-GO estima crescimento de 1,5 a 2% na área cultivada com soja nesta safra 2020/21, chegando perto dos 3,7 milhões de hectares. Com as perspectivas de clima favorável ou pelo menos dentro da “normalidade”, Goiás tem plenas condições de registrar novo incremento de produção, podendo até alcançar as 14 milhões de toneladas.

* Texto: Laura de Paula/Aprosoja-GO