Hortaliças folhosas

Por* Rodrigo Vieira da Silva

O Brasil é responsável por grande parte da produção mundial de alimentos, em razão da nossa diversidade de clima, solos e altitudes das regiões produtoras, as quais acabam possibilitando cultivar o ano todo.
Atualmente, o consumidor tem buscado hábitos de vida mais saudáveis e nutritivos, de modo que o setor das hortaliças se destaca, apresentando diversificados nichos no agronegócio brasileiro, proporcionando novos padrões de produções, marketing e comércios. Um exemplo da modernização do setor é a produção nos grandes centros urbanos de hortaliças em prédios verticais com luz artificial.

Em destaque

As hortaliças que possuem como partes comerciais as folhas, são denominadas de hortaliças folhosas. Estas são caracterizadas por serem altamente perecíveis, muito exigentes em adubação, irrigação, transporte e embalagens.
Estas plantas têm ocupado lugar de destaque no cardápio brasileiro devido ao seu alto valor nutritivo, baixas calorias, sabor, aparência e coloração. Além disso, possibilitam ao consumidor uma alimentação mais saudável que, consequentemente, traz uma melhor qualidade de vida ao consumidor.
Dentre as folhosas mais consumidas, se destacam a alface, rúcula, couve, acelga, coentro, espinafre e agrião. A alta procura por essas hortaliças tem provocado uma grande contribuição na economia do País, pela grande geração de empregos oferecidos, já que seu cultivo demanda muita mão de obra.
Aliado a isso, também contribuem para o crescimento do setor produtivo de sementes, fertilizantes, agroquímicos, embalagens e do setor de pesquisas e extensão.

Ranking do Brasil

A alface é a hortaliça folhosa mais consumida em todo o mundo, inclusive no Brasil. A China lidera esse ranking dos maiores produtores de alface, produzindo cerca de 23 milhões de toneladas, ou seja 52% da produção mundial. Logo em seguida encontram-se os Estados Unidos e a Índia.
No Brasil, a produção ocorre mais precisamente no Centro-Sul do País, produzindo até 1,5 milhão de toneladas de alface, representando cerca de 50% das receitas com hortaliças folhosas.

Área cultivada e produção

Atualmente, a área de cultivo de hortaliças folhosas no Brasil é de aproximadamente 200.000 ha. Destaque para a alface, com mais de 50% do total, seguido pela rúcula (19%), repolho (12%), couve (5%), chicória (3%), coentro (2%) e espinafre (1%). De maneira similar, a produção concentra-se nas culturas da alface (43,7%), repolho (31,7%), couve (9,1%), agrião (7,6%), espinafre (3,1%) e rúcula (2,0%).
Embora no Brasil os locais que concentram a maior produção de hortaliças folhosas concentrem-se nas regiões sul e sudeste, estas são produzidas em todo o território nacional. Quanto aos Estados que apresentam a maior produção brasileira, merecem destaque São Paulo, seguido pelo Rio de Janeiro.

Oferta e demanda

Devido ao crescimento dos produtos minimamente processados, orgânicos, redes fast food e à busca por uma melhor qualidade de vida, a famosa vida fitness, tem aumentado cada vez mais a oferta e demanda desse grupo das folhosas no mercado. O consumidor procura alimentos de boa qualidade e sabor, com isso tem sido expressivo o crescimento de novas cultivares e variedades, aumentando a gama de vendas desses alimentos.
Com a pandemia e o isolamento social, houve mudanças no hábito alimentar dos brasileiros, aumentando a demanda por hortaliças, para obter uma melhor qualidade de vida e manter a imunidade elevada contra o vírus.

Taxa de crescimento

A comercialização das hortaliças folhosas tem evoluído constantemente nos centros de abastecimentos (Ceasas) brasileiros, com destaque para o paulistano, devido aos grandes centros de produção das mesmas estarem localizados próximos da grande capital São Paulo.
Isso favorece aos grandes produtores entregarem as folhosas aos supermercados e grandes centros de distribuição.
É nítido observar um crescimento significativo no consumo das hortaliças folhosas. No período de 1990 até 2015 o consumo de hortaliças folhosas no Brasil cresceu mais de 120%, inclusive de hortaliças menos tradicionais, a exemplo do espinafre, taioba, e almeirão, ora-pro-nóbis.
Observa-se que a alface tem crescido muito, aproximadamente 4% ao ano, também houve crescimento do agrião, que dobrou sua produção em um período de quatro anos. A rúcula e o coentro obtiveram bastante sucesso, crescendo nos últimos anos em 30 e 50% sua produção, respectivamente.

Custo de produção

O valor da produção dessas folhosas pode variar em função de diversos fatores, a exemplo de sementes, defensivos agrícolas, fertilizantes, embalagens e mão de obra. Quanto à geração de empregos, vale ressaltar que a olericultura tem a capacidade de empregar cerca de duas a três pessoas a cada 10 hectares cultivado.
Independentemente da folhosa cultivada, os maiores custos de produção são verificados em função do custo operacional, seguido pelo preço dos insumos, uma vez que na maioria dos casos, esses devem ser importados. De modo mais geral, a irrigação vem representando cerca de 4% dos custos totais de produção, percentagem relativamente baixa se comparada com os valores gastos com a adubação, que é de 21%.
Vale mencionar, ainda, que durante a safra podemos ter a incidência de doenças, as quais também podem elevar os custos de produção.

Rentabilidade

Em função da pandemia ocasionada pelo novo Coronavírus, as medidas restritivas para controle da disseminação do vírus provocaram uma redução do volume de folhosas disponíveis e a rentabilidade se apresentou positiva aos produtores, sendo que para a alface americana a alta foi de 61% e, para a crespa a alta foi ainda maior, 124%.

Tendência para 2021

Para os próximos anos, as tendências para todas as folhosas mencionadas é a hidroponia, que objetiva principalmente maior controle de todo o processo de produção, melhor qualidade estética e redução da mão de obra. Além disso, temos também maiores procuras por hortaliças minimamente processadas, uma vez que essa forma de comercialização possibilita maior praticidade e melhor aproveitamento dos produtos.
Outra aposta do segmento são as fazendas verticais, um modelo de cultivo realizado em prateleiras verticais que permite aproveitar o espaço em ambientes fechados, com iluminação artificial com painéis de LED, controle de temperatura, concentração de CO2, entre outras variedades.
Estes locais de cultivo ficam mais próximas dos consumidores e os custos com logística e transporte diminuem, evitando perdas de produtos. Podem sem implantadas em ambiente fechado em áreas urbanas, utilizando galpões, armazéns abandonados, além de toldos de prédios localizados muitas vezes em locais com disponibilidade muito pequena de alimentos frescos e saudáveis, com alta eficiência no uso de insumos, já que é um sistema de produção sem solo.
A técnica permite economia de água em até 95% em relação ao cultivo convencional, antecipação do ciclo, além de proporcionar um aumento na produtividade, segundo pesquisa coordenada pela Embrapa.

Rodrigo Vieira da Silva* Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – Instituto Federal Goiano – Campus Morrinhos, Morrinhos (GO)
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Ana Paula Gonçalves Ferreira
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Gabriela Araújo Martins
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Graduandas em Agronomia – IF Goiano – Campus Morrinhos