IMEA INFORMA – Boletim semana de 14 de setembro de 2020

DESTAQUE – Redução nos resultados da safra americana e alta em Chicago eleva preços da soja e milho mato-grossense.

CONJUNTURA ECONÔMICA: O IPCA registrou incremento de 0,24% em agosto, com alta anual de 2,44%, abaixo da meta do Bacen. O aumento do indicador foi puxado pela valorização dos preços cobrados por transportes (+0,82%) e alimentação e bebidas (+0,78%). Este movimento também pode indicar um maior consumo das famílias no país, pois o aumento na demanda muitas vezes gera a alta nos preços. Ainda na última semana, a discussão sobre a alta dos preços dos alimentos que compõem a cesta básica ganhou força no país, com foco, principalmente, nos preços do arroz, feijão e óleo. No caso do arroz, a alta dos preços foi ocasionada por diversos fatores: redução estrutural da área no Brasil, causada pela baixa remuneração em anos passados; demanda interna aquecida e aumento das exportações. Com isso, o governo decidiu zerar o imposto sobre a importação do cereal no país, o que pode afetar os produtores brasileiros que buscarem vender o produto no mercado interno.

Em função de um movimento de correção dos mercados globais, na semana passada o dólar registrou mais uma leve queda semanal, puxado pela recuperação das moedas das economias emergentes ante ao dólar, incluindo a brasileira. Contudo, na sexta-feira a moeda norte-americana se recuperou frente ao real, com os investidores atentos ao aumento das incertezas quanto aos impactos da pandemia na economia mundial, a corrida presidencial americana e o cenário político/fiscal brasileiro.

SOJA – Na última sexta-feira o relatório de Oferta e Demanda do USDA confirmou a redução na produtividade dos EUA para a safra 20/21, reflexo do clima seco das últimas semanas. Além disso, a China adquiriu expressivos volumes de soja norte-americana nos últimos dias, o que levou os preços em Chicago a patamares acima de US$ 10,00/bu. Acompanhando essa alta, o preço disponível em Mato Grosso subiu 0,64% na semana passada e fechou em média a R$ 127,96/sc. Por fim, com o vazio sanitário terminando, o que preocupa o produtor mato-grossense é a previsão de pouca chuva para setembro, que pode atrasar a semeadura da cultura.

MILHO – Na semana passada, as cotações em Chicago apresentaram elevação de 5,11% no comparativo semanal, após o USDA divulgar o relatório de oferta e demanda dos EUA, com 9,62 milhões de toneladas a menos. Na B3, o contrato corrente do milho fechou em alta de 2,25% se comparado à semana anterior, ficando cotado em R$ 58,72/sc. Para Mato Grosso, o destaque foi na exportação, que apontou 418 mil toneladas a mais do que o registrado no mês anterior.

ALGODÃO – Na semana passada, o preço Imea-MT recuou 6,21% no comparativo semanal. Este movimento foi impactado pela maior disponibilidade de pluma no mercado interno, devido à necessidade de caixa de alguns produtores. Além disso, na última sexta-feira (11/09) mais uma colheita de algodão terminou em MT, registrando avanço 0,98 p.p. em relação à semana passada. O início dos trabalhos nas lavouras ocorreu de forma lenta, ficando até atrás da safra passada e da média dos últimos 5 anos. Porém, ao longo da semana, o produtor conseguiu intensificar os trabalhos a campo e inverteram este cenário, mesmo diante da safra recorde no estado.

BOI – Em agosto, as exportações mato-grossenses (fonte Secex) recuaram em relação ao mês anterior, porém este resultado ainda é cerca de 36% maior do que o de agosto de 2019. Apesar dos aumentos significativos das compras da União Europeia, Oriente Médio e Rússia, a queda mensal foi impactada pela redução das compras chinesas em quase 27%. Assim, a China diminuiu a sua participação de 60,59% registrada em julho para 46,94% em agosto. Além disso, os preços da carne comercializada ao mercado externo foram os menores do ano, na média de US$ 3,06/kg. Contudo, este valor ainda é mais atrativo do que a carne vendida no mercado doméstico. A arroba do boi gordo, por sua vez, seguiu em alta, fechando na média de R$ 223,55 a prazo, aumento semanal de 2,77%.

LEITE – Recentemente a Secex divulgou os dados de exportação e importação de produtos lácteos no Brasil. Com isso, foi observado que em virtude da oferta escassa no mercado interno, as exportações retraíram 16,46% no comparativo mensal. Em sentido oposto, para atender a maior demanda doméstica, houve incremento de 39,94% nas importações dos produtos lácteos, sendo a Argentina a principal responsável pelos envios, seguido do Uruguai. No entanto, quando se refere à quantidade em equivalente litros de leite, o aumento mensal das importações é ainda mais expressivo, de 47,67%, totalizando 140,15 milhões de litros.

SUÍNOS – No Brasil as exportações de carne suína em ago/20 apresentaram leve recuo de 1,74% no comparativo mensal, totalizando 97,56 mil toneladas enviadas no mês (Secex). Seguindo o ritmo de queda, para Mato Grosso o recuo foi mais intenso, de -3,30%, com 2,50 mil toneladas embarcadas. No entanto, ao considerar o acumulado de jan-ago, o estado mato-grossense segue 174,50% à frente do que o mesmo período do ano anterior. Além disso, mesmo com menores volume enviados, houve incremento de 10,88% no faturamento, reflexo da alta dos preços pagos pela carne suína no mundo, além da valorização do dólar.

AGROINDÚSTRIAS – Em agosto, a produção diária de carne bovina e suína em Mato Grosso registrou queda mensal de 1,5% e 1,8%, respectivamente, contribuindo para o aumento da ociosidade nesses frigoríficos. Isso esteve atrelado à menor oferta de animais nos dois segmentos, sendo que o período seco intensificou esse cenário, sobretudo, no setor de bovinos. Já em relação a carne de frango, após quatro meses em queda, houve um aumento na produção diária de 9,5% em ago/20 ante a jul/20, devido ao maior alojamento nas granjas, principalmente da região centro-sul do estado.

 Mais detalhes dos boletins do IMEA serão divulgados a partir das 17h30 (horário de MT) pelo site www.imea.com.br

Fonte: Imea