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Investir no agronegócio é alternativa para recursos da poupança

*Por André Ito

Com rentabilidade que corresponde a cerca da metade da inflação acumulada nos últimos 12 meses (11,73%), a poupança ainda é o investimento preferido dos brasileiros. Mas, pouco a pouco, este cenário vem mudando, diante do aumento de alternativas de aplicação que oferecem rentabilidade bem mais atrativa e baixo risco. Os investidores estão observando a importância da diversificação de seu portfólio. Dados da B3 mostram que, em 2016, 21% das pessoas físicas possuíam mais de 5 ativos em carteira. Em 2021, esse número sobe para 37%. Esta tendência continua com mais força em 2022, diante da continuidade da alta da taxa básica de juros.

Dentre as inúmeras possibilidades ofertadas pelo mercado, destacam-se aquelas ligadas à pujança do agronegócio, que vem ganhando tração nos últimos meses. Na contramão da poupança, que perdeu R$ 40,4 bilhões, somente nos três primeiros meses do ano, os investimentos em LCA (letra de crédito do agronegócio), por exemplo, têm registrado forte crescimento. Em volume, incremento superou a casa de 100% entre dezembro de 2020 e março de 2022, de R$ 106 bilhões para R$ 216 bilhões.

A LCA, que por definição é um título de renda fixa emitido por bancos e instituições financeiras que captam recursos para financiar empresas do setor, conta com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Além do baixo risco, os papéis estão oferecendo retornos cada vez mais atrativos por estarem atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Como atrativo a mais, as LCAs oferecem ainda a isenção do pagamento de Imposto de Renda no caso de pessoas físicas.

Mas, encontrar LCAs no mercado tem se tornado uma tarefa mais árdua, devido ao aumento da busca por esta modalidade. Ao mesmo tempo, o investidor que opta pelas letras esbarra com o problema da liquidez. Algumas até exibem liquidez diária, porém, a maioria exige manter a posição de longo prazo.

Uma forma de driblar este tipo de contratempo é investir em um Fiagro, sigla para Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais. Com uma carteira diversificada e pulverizada de riscos, muitos destes fundos tem se destacado pela rentabilidade e podem ser importantes ferramentas de diversificação para o investidor que já tem FIIs, principalmente FIIs de papel, e fundos de renda fixa na carteira. As aplicações do agronegócio de papel, majoritariamente ligadas ao CDI, são mais resilientes a ciclos econômicos.

Os Fiagros não têm o problema da liquidez, mas é preciso ponderar que não é tão simples se desfazer do investimento. Além disso, o investidor só colhe os frutos se mantiver os recursos alocados por um bom período.

Em momento como o atual, de alta da inflação e dos juros, a migração da poupança para outras modalidades de investimentos tem se intensificado e, com o crescimento do agronegócio, ativos relacionados ao setor têm se tornado o destino de parte dos recursos. O brasileiro está mais maduro na hora de escolher seus investimentos e a busca pela diversificação da carteira faz parte deste processo.

* André Ito é sócio da MAV Capital, uma gestora de recursos independente e especializada em créditos estruturados e ativos ilíquidos. Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos, também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.

Fonte:  Compliance Comunicação

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