Maggi é tido por ambientalistas como avanço em relação à gestão anterior

A agropecuária com baixa emissão de gases estufa, que não desmata e que preserva biodiversidade e recursos naturais ainda engatinha no Brasil. As iniciativas são poucas e insuficientes, dizem especialistas consultados pelo UOL. A geração de emprego e renda e a inclusão do pequeno agricultor também são falhas. Contudo, o novo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, que já foi conhecido como o ‘rei da soja’, é visto com alguma “esperança” pelas mudanças feitas em suas fazendas.

Na visão de ambientalistas, o ex-governador e senador por Mato Grosso, possui perfil mais moderno que o da ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu. “Maggi é um representante do segmento moderno do agronegócio, bem mais do que a sua antecessora, que é pecuarista extensiva em Tocantins”, diz Peter May, professor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).

Antônio Araújo/ MAPA

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Blairo Maggi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Enquanto a cultura da soja se modernizou e reduziu o desmatamento, a pecuária se mantém defasada em tecnologia e é a que mais desmata e emite gases estufa.

Em 2005, Maggi recebeu do Greenpeace o prêmio denominado “Motosserra de Ouro”, devido ao desmatamento provocado pela produção de soja. Além de grande produtor, ele representa o setor nas arenas políticas. Contudo, anos depois, o novo ministro se aproximou de práticas agrícolas mais sustentáveis, com políticas de legalização fundiária e monitoramento por satélite de propriedades rurais no Mato Grosso, além de ter participado de compromisso de desmatamento zero.

“A relação com ele [Maggi] é difícil, mas é muito mais com a Kátia, que é de enfrentamento. Os setores atrasados eram mais próximos dela. Blairo é mais fácil de dialogar, a cadeia produtiva dele responde mais a demandas do comprador, que está muito mais atento”, diz Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica. Apesar disso, o atual ministro foi relator daPEC (Proposta de Emenda Constitucional) que derruba o licenciamento ambiental para obras. O projeto é criticado por ambientalistas.

Para os especialistas, a continuidade de programas da gestão anterior é importante para o agricultor sair de situação de degradação para a de maior tecnologia e eficiência. Assim, o Plano ABC, que financia iniciativas agrícolas sustentáveis, e oplano diretor de desenvolvimento do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que organiza o avanço da agropecuária no cerrado, são exemplos de políticas que devem ser mantidas e aperfeiçoadas.

A avaliação é de que Kátia Abreu foi contraditória em sua passagem pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Meio Ambiente e Pecuária). “Ela reduziu o Plano ABC (agricultura de baixo carbono) no mesmo ano em que Dilma [Rousseff] assinou o Acordo de Paris para recuperar 20 milhões de hectares de pastagens. Fez promessas internacionais ousadas, mas dentro de casa opera com o mesmo calhambeque”, diz Marina Piatto, coordenadora da Iniciativa de Clima e Agricultura do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola).

Por: Uol