Muitos Agricultores, uma só Agricultura

Novas tecnologias e incorporação constante de inovações na gestão e no monitoramento da agropecuária brasileira ampliam sua capacidade virtuosa de gerar e distribuir renda

Para 2023, o cenário da agropecuária brasileira é muito bom, se divisões artificiais não tentarem contrapor agricultores a agricultores, campo e cidades, ministério contra ministério. Em 6 de dezembro, comemorou-se o Dia Nacional do Extensionista e da extensão rural. O poder público busca levar aos produtores, através da extensão rural, novos conhecimentos sobre agricultura, pecuária e até economia doméstica. É diferente realizar essa missão entre produtores tecnificados do Sul, com agricultores pobres no semiárido ou para meio milhão de famílias assentadas em mais de 2,3 mil projetos de reforma agrária na Amazônia.

A extensão rural surgiu no início do século passado em alguns Estados, como Minas Gerais e São Paulo. Organizados em escala nacional nos anos 1950, os serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) passaram por transformações institucionais e operacionais nas últimas décadas. E elas seguirão, com mudanças na agropecuária e nos governos. É natural.

O objetivo da extensão rural sempre foi o mesmo: ampliar a produção agropecuária, pela melhoria da produtividade, elevando a renda e o nível de vida do homem do campo. Em todos os contextos agrícolas, agrários e rurais, a extensão busca aumentar a independência dos produtores e reduzir sua suscetibilidade a fatores externos climáticos, sanitários, mercadológicos etc.

Esse serviço público sempre foi diversificado em função das cadeias produtivas, de seus dinamismos e das realidades agrárias do Brasil. São mais de 8 milhões de estabelecimentos agropecuários e imóveis rurais. Só no bioma Amazônia são mais de 1 milhão. Todos compõem, como num mosaico, um só rosto, o retrato orgânico do mundo rural brasileiro.

Quem coordena esse processo é a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, a Anater. Em sua missão, a Anater, além dos quadros estaduais e federais, também contrata vários serviços de assistência técnica com empresas privadas. Extensão rural e assistência técnica são inseparáveis e inconfundíveis.

A extensão rural se dirige a um grande público de agricultores e trata de uma ampla temática produtiva, social e econômica. Ela capacita o produtor a otimizar o uso de seus recursos e progredir. O associativismo e o cooperativismo são promovidos para dar escala às compras dos pequenos e médios produtores e às vendas. Há muito por fazer no pós-porteira, no apoio aos pequenos agricultores na comercialização da produção. E distribuição, com novas rotas para inserir melhor seus alimentos em mercados (e supermercados) urbanos, aproximando campo e cidade.

Já a assistência técnica é mais individualizada, específica e menos coletiva, em cada cadeia produtiva. Ela trabalha com inovações tecnológicas e ajuda o produtor a resolver problemas imediatos ou pontuais. Ações coletivas de assistência técnica ocorrem em situações como: luta contra erosão, gestão de bacias, diversificação da produção ou combate coordenado a pragas e vetores. Cada vez mais empresas privadas, fornecedores de insumos e serviços de comercialização, prestam assistência técnica, como a Associação Nacional de Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav).

A Anater apoia produtores em temas como: crédito, cadastro de terras e regularização fundiária; capacita extensionistas, monitora prestadores de serviços de Ater; conduz ações para diversificar culturas em regiões de tabaco; promove agricultura orgânica, pequenas agroindústrias e compras de alimentos de pequenos agricultores, além de coordenar programas como Produzir Brasil, Agronordeste, Brasil Mais Cooperativa e outros.

A agropecuária evoluiu, e o país é um produtor competitivo de alimentos. E cresce como grande fornecedor de alimentos seguros e de qualidade ao mundo. O crescimento da produção de grãos prosseguirá. Em 2023, a previsão para a safra de soja é de 150 milhões de toneladas, um aumento de até 20%, com mais produtividade e maior área plantada.

Fonte: Revista Oeste