Na Capital da Tecnologia, agricultura tem espaço de destaque em festival de divulgação científica

A promoção da noite de terça-feira (16) era o escondidinho, com mandioca, carne, arroz, pimenta, derivados de leite, enfim, produtos que saem do campo para a mesa do consumidor. E foi esse exatamente o tema que motivou a discussão do Pint of Science, festival internacional de divulgação científica, numa cachaçaria em São Carlos (SP).

A cidade, que desde outubro de 2011 recebeu, oficialmente – em projeto de lei aprovado no Congresso Nacional e sancionado pela Presidência da República – o título de Capital da Tecnologia, foi a primeira a trazer o evento para o Brasil, em 2015, pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.

Nada estranho para um ambiente que respira tecnologia, com um pesquisador doutor (PhD) para cada 180 habitantes – no Brasil a relação é de um doutor para cada 5.423 habitantes ou ainda uma média anual de registros de patente de 14,5 patentes por 100 mil habitantes (a média nacional é de 3,2 patentes por 100 mil habitantes).

Mas a novidade deste ano é que, pela primeira vez, houve um bate-papo dedicado exclusivamente para o tema “Ciência para a vida: a tecnologia invade o campo e está na sua mesa”. Durante cerca de uma hora e meia, agricultura e pecuária de precisão, nanotecnologia, rastreabilidade da carne foram o centro da conversa.

Os pesquisadores Luis Bassoi e Daniel Corrêa, da Embrapa Instrumentação e Alberto Bernardi, da Embrapa Pecuária Sudeste, apresentaram tecnologias como a Língua Eletrônica, que está ajudando a avaliar a qualidade da água ou mesmo o Brinco Eletrônico, que permite conhecer o histórico de um boi antes de ser abatido.

De forma similar ao que ocorre até esta quarta-feira (17) em 22 cidades brasileiras e em 11 países, a discussão no Pint os Science foi descontraída, mas nem por isso deixou de abordar temas sensíveis, tais como a utilização de água pela agricultura ou mesmo a mudança no perfil da mão de obra com a automação de processos de produção para oferecer melhores condições ao trabalhador rural.

Doutor em engenharia de materiais e também orientador em dois programas de pós-graduação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Daniel Corrêa sempre viveu a ciência de maneira intensa, pois o pai – atualmente aposentado – foi pesquisador na Embrapa Pecuária Sudeste.

Com a família presente para acompanhar a discussão, o pesquisador da Embrapa Instrumentação considerou “uma nova e interessante experiência a possibilidade de falar sobre nanotecnologia na agricultura num ambiente totalmente diferente do meio acadêmico”.

A mesma satisfação também foi revelada por Luís Bassoi e Alberto Bernardi, parceiros na Rede de Agricultura de Precisão coordenada pela Embrapa. “Foi muito bom poder mostrar, por exemplo, o ciclo da água e o que existe de fato em sua utilização pelos produtores rurais”, comentou Bassoi.

“Poder falar para as pessoas sobre o que a pesquisa está fazendo para que a fazenda do futuro seja uma realidade cada vez mais próxima, enquanto elas estão relaxadas, tomando uma cerveja ou jantando é algo desafiador, mas fundamental no diálogo da ciência com a sociedade”, acrescentou Bernardi.

Na página http://www.pintofscience.com.br/ está disponível a programação em detalhes sobre o terceiro e último dia do festival Pint of Science nas 10 cidades paulistas que recebem o evento e nas demais 12 cidades localizadas em 10 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Fonte: Embrapa