Cinco impactos da alta do dólar no agronegócio

Na sexta, dia 13, o dólar fechou com alta de 3,36%, cotado a R$ 3,26, o maior valor desde 2 de abril de 2003. Durante toda a semana o Mercado e Companhia repercutiu os impactos dessa cotação em diversos setores do agronegócio.
Café
A alta do dólar é uma boa notícia para os preços do café, na avaliação do analista de mercado Daniel Dias. Entre outubro de 2014 e março deste ano, a cotação do café na Bolsa de Nova Iorque caiu 67%. Em março, a libra-peso está cotada em torno de US$ 1,31. No Brasil, o café arábica teve queda de 8,6% no mesmo período, e está cotado em torno de R$ 451 a saca. Dias diz que a oferta e demanda de café para 2015 estão garantidas, de modo que os preços não devem subir muito no mercado internacional. Para o analista, o que segura o mercado no Brasil hoje é o câmbio. Sem a valorização do real em torno de 30%, ele diz que a saca do café estaria entre R$ 280 e R$ 300 no Brasil. Assista à entrevista.
Soja
A valorização do dólar estimulou as vendas. Nas últimas três semanas foram negociadas 15 milhões de toneladas, um recorde para o período. Com a alta da moeda americana, os preços da soja em reais por saca, ao produtor rural, avançaram cerca de R$ 8, motivados apenas pelo câmbio, afirma o analita Vlamir Brandalizze. O analista diz que a cotação do dólar fez a rentabilidade da saca da soja chegar a valores que grande parte dos produtores esperavam. Ele diz que este nível de dólar é favorável em quase todas as regiões do país, dando condições para o produtor pagar suas contas e ter rentabilidade. Há produtores inclusive aproveitando os valores para garantir vendas para o ano que vem, fechando os primeiros contratos da safra 2015/2016. Assista à entrevista.
Confinamento
O gerente-executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Bruno Andrade, afirma que a intenção de confinamento aumentou 7%. Existe otimismo do produtor em confinar mais, embora apenas 74% destes animais planejados para o confinamento em 2015 estão adquiridos. Isso acontece porque o boi magro está com valor alto no Sudeste, região que mais confina. Mesmo assim, há expectativa de que as exportações sejam boas este ano. Com o dólar no patamar de R$ 3, a notícia é boa para os produtores que venderem para fora do país. Assista à entrevista.
Suínos
A alta do dólar impacta diretamente os custos de produção para os suinocultores, de acordo com o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador. O farelo de soja registrou alta de 20% de janeiro até agora. O dólar valorizado também já se reflete nas compras de agroquímicos e insumos. O dólar alto é bom para quem exporta suínos, mas Folador alerta que o ritmo das vendas externas não foi bom nos dois primeiros meses do ano, que registrou queda de quase 30% em termos volume e de 20% em faturamento. Assista à entrevista.
Adubos
A alta da moeda americana já impactou em preços de adubo mais altos em algumas regiões. O produtor de café conillon de Jaguaré (ES), Alexadre Bonadinam diz que o adubo em sua região subiu uma média de R$ 10 a R$ 12 por saco em relação ao mesmo período do ano passado. Embora o dólar tenha subido muito – o que foi acompanhado pelo preço do adubo – mas o preço do café caiu. Somando a alta da energia e do petróleo, o patamar de preço deveria estar em torno de R$ 330 a saca. Assista à entrevista.