O momento da compra de insumos é sempre decisivo para o sucesso da lavoura e para o bolso do produtor. Há quem diga que “na hora de vender a safra o preço cai mas na hora de comprar insumo sobe”. Na safra encerrada agora há pouco (2018/2019) os produtores brasileiros de soja enfrentaram um aumento de cerca de 20% nos custos com fertilizantes e defensivos.
E nesta safra o cenário não é diferente. De acordo com levantamento do Cepea o agricultor postergou o que deu a compra para a safra 2019/2020. No primeiro semestre deste ano, foi registrado o pior poder de compra (soja x fertilizante) das últimas safras. Esse cenário deve reduzir ainda mais a margem do produtor na próxima temporada. Em importantes estados produtores do Cerrado a média está 9% maior que na safra anterior; nos estados do Sul média de 6% a mais.
Em Sorriso (MT) e Luís Eduardo Magalhães (BA), por exemplo, os aumentos médios do Custo Operacional Efetivo (COE) são de 12% e 8%, respectivamente. Na praça mato-grossense, o COE da safra 2019/2020 somou R$ 2.917,86/ha, com os valores dos fertilizantes 27% maiores na atual temporada frente à anterior.
De forma geral, o preço dos insumos acompanha o câmbio no Brasil em função de que grande parte de seus componentes são importados. Assim, o produtor precisa acompanhar o comportamento cambial no país e procurar realizar compras em momentos em que este câmbio estiver mais favorável. Obviamente, não se pode prever o comportamento de nossa moeda, pois existem muitos fatores que não se domina. Mas adquirir insumos antecipadamente, pode ser uma alternativa interessante. Outra estratégia é realizar uma média de compra, no estilo da comercialização que se deve fazer do produto final. Enfim, comprar somente aquilo que efetivamente será usado. Há muita compra pressionada, em que o produtor é induzido a realizar gastos desnecessários. Hoje a economia não permite praticar “estes luxos”.
Dependendo da situação, uma compra de insumos mal planejada, ou sem ter um acompanhamento histórico da evolução de seus preços, pode comprometer o resultado final da produção. Tem sido recorrente, nos últimos anos, o Real se desvalorizar muito na pré-safra, quando muitos deixam para comprar seus insumos, e se valorizar quando o produtor vai vender sua produção, fato que tira renda do produtor nas duas pontas, comprometendo a situação financeira e, as vezes, a própria sobrevivência econômica da propriedade. Se o produtor conhece seu custo de produção médio (o que deveria ser a regra), uma estratégia pode ser a venda antecipada de parte da produção, em troca dos insumos, a partir de um preço considerado aceitável para a cobertura destes custos. Mas, para tanto o produtor precisa estar organizado com sua contabilidade. Caso contrário a estratégia pode cair em um processo de “chute”, onde o risco é muito alto.
Os custos variam conforme as regiões e o tipo de agricultura e culturas que se realiza. Há uma variação no percentual dos componentes que formam um insumo, fato que altera seu preço. Há a questão do frete (transporte) do insumo até a região produtora, o qual muda conforme as distâncias e as condições das estradas. Por outro lado, se o mercado não possui muita concorrência entre os vendedores de insumo, pode haver abuso de preço, fazendo o produtor pagar a conta mais alta por falta de alternativas. Existe a questão das leis internas, assim como os tributos estaduais diferentes, que modificam os preços destes insumos etc.