Pesquisador da Embrapa faz novas abordagens para nutrição de frangos de corte

*Everton Luis Krabbe

A realidade econômica de custos de produção vivida atualmente impõe um grande nível de desafio de como fazer a avicultura e a suinocultura viáveis no Brasil.

A realidade econômica de custos de produção vivida atualmente impõe um grande nível de desafio de como fazer a avicultura e a suinocultura viáveis no Brasil. De acordo com um levantamento da Embrapa, o custo da alimentação de aves e suínos representou 75,6% do custo do quilo vivo do frango de corte na plataforma do frigorífico em levantamento feito no mês de setembro. Nos últimos 12 meses, houve uma elevação de 25,08%, com uma pequena redução em setembro por conta do recuo do preço do milho, no entanto, dificilmente haverá uma queda muito abaixo de 75%.

Nos últimos anos, de forma bastante intensa ocorreram vários avanços e ganhos genéticos no frango de corte. Para se ter uma ideia, em 1960 para conseguir uma ave com 2kg era necessário criá-la até 100 dias de idade; em 2005 passou para 40 dias/idade e em 2020 foram necessários apenas 32 dias, o que representa ganho de velocidade de crescimento extraordinário.

Por outro lado, segundo Krabbe, “isso nos imprime um certo compromisso com relação a nutrição, porque sem a nutrição esse potencial não é expresso. Nós precisamos entender como que a gente faz a nutrição adequada para um frango de corte, além disso essa maior eficiência que esses animais têm significa que ano após ano comem menos alimentos, portanto, inserem menos nutrientes.

A questão é, será que poderão continuar recebendo alimentos com o mesmo perfil nutricional dos anos anteriores ou em função deles consumirem menos alimentos precisam de um ajuste nessa nutrição? Esses são pontos que sistematicamente a pesquisa e a indústria reavaliam para que possamos ter uma boa lógica de organização e formulação dos alimentos”, detalha.“No que diz respeito à conversão alimentar, saímos de uma realidade de 3kg de alimento para um quilo de ganho de peso em 1960.

Em 2005 chegávamos a 1,7kg para um quilo de ganho de peso e hoje a 1,5kg por um quilo de ganho de peso. “Isso representa um ganho substancial e existem diferentes índices ou percentuais de crescimento e de ganhos anuais mais facilmente entre 1% a 2%.

Esses itens são melhorados a cada ano nas indústrias ou nas cadeias produtivas de frango de corte, o que denota o grande potencial que o país possui neste segmento”, mencionou o agrônomo, pesquisador e chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Luis Krabbe, em palestra ministrada na Reunião Anual do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), realizada on-line nos dias 10 a 11 de novembro.

Densidade nutricional

Segundo Krabbe, todo o conhecimento técnico vem de uma realidade em que é preciso manter a densidade nutricional de um alimento para que não haja uma falta de nutrientes diante de uma capacidade ou incapacidade de ingestão de quantidades maiores de alimentos, ou seja, são formulados alimentos densos, com muito nutriente por quilo ou por grama de alimento e isso é algo que precisa ser repensado.

O nível de energia é o que norteia as formulações das dietas. E como a dieta dos frangos de corte brasileiro é à base de milho e farelo de soja, a energia a partir de determinado nível precisará vir de gorduras e óleos, ingredientes que diminuem sobremaneira a qualidade do pellet. Em um experimento que está sendo conduzido pela Embrapa, estão sendo testadas em dietas de 2,9kg até 3,3kg/calorias. “É obviamente que para chegar a 3,3kg é preciso colocar uma exorbitância de óleo nessa dieta. Qual é o impacto disso? Dureza do pellet em quilograma força cai estatisticamente a cada degrau da energia, o comprimento do pallet, ou seja, o pallet se quebra mais fácil, a densidade muda, então muitas vezes as empresas pensam que ao fazer uma dieta menos densa terá um custo logístico, depende, porque no experimento vimos uma certa diferença também em termos de densidade em quilos por metro cúbico e isso faz com que nós tenhamos que fazer esses cálculos de maneira bastante assertiva porque parte desse imaginário de aumento de custo logístico não acontece porque nós temos uma alteração da densidade da dieta. Nosso percentual de finos quadruplica, algo que nós não desejamos e nós sabemos que nossas aves são extremamente beneficiadas pela qualidade física dos alimentos, temos ainda uma alteração sobremaneira no número de repouso e uma perda bem expressiva linear no PDI, conclui-se então que energia alta pallet ruim em geral, com exceções, mais em geral é isso”, explica Krabbe.

Em outubro de 2021, a Embrapa divulgou dados sobre um experimento em estudaram níveis crescentes de energia metabolizados em frangos de cortes, formulada uma dieta com níveis crescentes de energia de 2,900 até 3,300kg/kcal mas com o perfil de aminoácidos bastante alto ou seja dando oportunidade para o frango crescer muito, sem limitação de aminoácidos para travar o crescimento desse frango de corte.

“O que observamos até os 21 dias é que um frango que come em uma dieta com 2.500 kcal consome 1,340 gramas aproximadamente e um frango que come uma dieta extremamente densa energeticamente com 3,300 kcal come 1,170 gramas aproximadamente, então estatisticamente come mais, mas não é uma coisa absurdamente diferente, assim como o peso do animal também não é astronomicamente diferente”, avalia Krabbe.

*Everton Luis Krabbe Agrônomo, pesquisador e chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, “Nós precisamos entender como que a gente faz a nutrição adequada para um frango de corte, além disso essa maior eficiência que esses animais têm significa que ano após ano comem menos alimentos, portanto, inserem menos nutrientes”

Fonte: O Presente Rural