Produtos da sociobiodiversidade brasileira ganham destaque no Iufro 2019

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), promove uma mostra com produtos da sociobiodiversidade e da agricultura familiar dentro do 25º Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (Iufro, na sigla em inglês). O evento ocorre até o próximo sábado (5), no espaço Expo Unimed, em Curitiba.

Até lá, os visitantes podem conhecer, degustar e adquirir produtos originários dos biomas da Amazônia, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Caatinga, produzidos por agricultores familiares de 53 empreendimentos, representados por centrais de cooperativas e singulares. A iniciativa é resultado de parceria entre o Mapa, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

“A SAF tem um conjunto de ações de apoio à promoção comercial e à participação de produtores e cooperativas familiares em eventos nacionais e internacionais. Estamos trabalhando forte na ampliação do acesso aos mercados para produtos oriundos dos diversos biomas brasileiros. Durante os eventos, esses empreendimentos têm a oportunidade de realizar a divulgação dos seus produtos, visando a geração de novos negócios e parcerias”, destaca o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke.

A estrutura montada no evento tem duas áreas que totalizam 180m2. Na primeira, ocorre uma exposição sobre os biomas brasileiros e a divulgação das políticas públicas socioambientais do Brasil voltadas para os moradores das regiões prioritárias para a preservação e a conservação de florestas e parques federais, como ribeirinhos, moradores de Reservas Extrativistas (Resex), povos e comunidades tradicionais. Na segunda área, é realizada a apresentação e a comercialização de produtos da agricultura familiar característicos da sociobiodiversidade brasileira.

Expositores

O agricultor Dinael dos Anjos, presidente da Organização das Associações e Moradores da Reserva Extrativista Tapajós – Arapiuns, é um dos expositores do espaço. Mostrando a produção de biojoias (colares, brincos e pulseiras) feitas a partir de sementes, fibras e outras matérias-primas, ele conta que é possível conservar a biodiversidade das florestas e ainda gerar benefícios econômicos e sociais para as comunidades. “Nós trabalhamos preservando, mas também dando alternativas para que o nosso povo possa viver com dignidade. Hoje é uma satisfação estarmos aqui mostrando o que tem dentro da floresta. É importante para o fortalecimento das atividades da agricultura familiar, do extrativismo, do artesanato, e para que as pessoas possam entender todo o processo das cadeias produtivas dentro da Amazônia”.

Localizada no município de Santarém, no estado do Pará, a Resex Tapajós – Arapiuns foi criada em 1998 e é considerada uma das maiores Unidades de Conservação no Brasil. Tem cerca de 670 mil hectares e aproximadamente 4 mil famílias, em 75 comunidades, das quais 26 são aldeias indígenas. Na área, o uso racional dos recursos naturais é associado à conservação da floresta e à geração de emprego e renda. As principais atividades no território são a produção de farinha a partir da mandioca, artesanatos, óleos e biojoias.

A agricultora Andréa Cardoso também faz parte da Organização das Associações e Moradores da Resex e participa do evento com sua produção artesanal e sustentável de cestarias em fibra de Tucumã, uma palmeira nativa encontrada na Amazônia. “Essa é uma grande oportunidade de mostrarmos a nossa arte, cultura e riquezas para o mundo. Fazemos o uso inteligente da floresta. Todo produto que a gente usa é retirado 100% da floresta, mas preservando, para que futuras gerações também possam usufruir dessas riquezas”, ressalta.

Em outro estande, o visitante encontra castanha torrada, barra de cereal, geleia, rapadura e licor, tudo produzido a partir do processamento artesanal e semi-artesanal da bocaiuva, também conhecida como macaúba. Quem apresenta os produtos é Edeltrudes de Oliveira, representante da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras, que vive e trabalha com o extrativismo do fruto, na comunidade tradicional Antônio Maria Coelho, em Corumbá (MS). “Estamos divulgando nosso trabalho para as pessoas que não conhecem a nossa biodiversidade e os frutos do Pantanal que são muito ricos e nutritivos”, destaca.

O coordenador-geral de Acesso a Mercados da SAF, Mateus Rocha, explica que o evento é uma verdadeira vitrine para a produção nacional. “A exposição de produtos da agricultura familiar, oriundos de diferentes biomas brasileiros, para o público internacional da Iufro, é uma forma de mostrar o potencial dos produtos florestais não madeireiros valorizando suas características e seu potencial para acesso a mercados de forma sustentável”, afirma.

Congresso mundial

Com o tema “Pesquisa Florestal e Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável”, o Iufro 2019 teve início no último domingo (29) e segue até sábado (5), com debates sobre diversos aspectos ligados à pesquisa florestal. O Congresso é uma oportunidade para troca de experiências e conhecimento em inovações tecnológicas, bem como para atualização sobre os mais recentes resultados de pesquisa e as tendências para o futuro da pesquisa florestal e agroflorestal em todas as partes do globo.

Na programação, sessões plenárias, com palestras; sessões técnicas, com discussões temáticas e apresentação de trabalhos; sessões pôster, com divulgação de pesquisas realizadas ao redor do mundo; excursões, com visitas a diversos locais de interesse na temática florestal e agroflorestal; eventos na cidade, integrando os participantes e a cidade em atividades com a temática florestal; e exposição temática, com produtos, tecnologias e serviços à disposição do setor florestal e da pesquisa florestal e agroflorestal.

Fonte: MAPA