Professores de escolas agrícolas pedem revisão de retorno presencial às aulas

Agptea reforça que estruturas dos colégios estaduais são obsoletas e falta pessoal para controle de distanciamento dos alunos

A Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea) vem se manifestando contrária ao retorno presencial das aulas no Estado do Rio Grande do Sul. Em conjunto com outras entidades do setor, a associação alega que muitos professores do quadro do magistério público estão nos grupos de risco e sem uma definição de vacinação para os profissionais da educação, é uma temeridade para a vida.

Segundo o presidente da Agptea, Fritz Roloff, os planejamentos para o retorno das aulas presenciais não estão preocupados com a segurança destes profissionais. “Sabemos que as crianças, especialmente as mais novas, podem ser assintomáticas, mas trazem uma convivência para dentro da escola onde dificilmente vão respeitar a regra de distanciamento. Quem pisou em uma escola sabe que as crianças têm um relacionamento muito próximo, é uma relação de contato e conversa de ouvido. E não temos gente suficiente para controlar isso”, destaca.

Roloff pede uma conscientização do governo do Estado que, enquanto houver uma situação muito crítica, não se volte ao presencial. “Sabemos que há uma pressão dos pais e da rede privada que vem amargando prejuízos e precisa recuperar seu fôlego financeiro, mas estamos preocupados porque dificilmente chegará a vez dos professores para a vacinação. Achamos que não é possível falar em educação de qualidade se não olharmos para a realidade do nosso pessoal nas escolas”, observa.

O presidente da Agptea também enfatiza a questão das escolas em regimes de internato. De acordo com Roloff, o que preocupa nas escolas agrícolas é que a grande maioria possui internato com alojamentos coletivos e não há condições de fazer um distanciamento com as atuais estruturas de instalações. “Escolas que têm cem alunos internos, outras com mais de 200 alunos, mesmo que trabalhem com 50% da capacidade, ainda é um percentual muito alto para fazer qualquer atividade, principalmente com professores e funcionários dentro de uma faixa de risco. O que deve prevalecer é o direito à saúde e à vida. Sabemos dos prejuízos pedagógicos, mas é o que existe no momento”, explica.

Outro ponto salientado pelo presidente da Agptea é que as escolas estaduais não têm o preparo necessário para o enfrentamento da pandemia. “A maioria não tem PPCI e nem a mínima condição de fazer qualquer enfrentamento. São nessas condições historicamente obsoletas que vamos ter que trabalhar”, complementa.

No momento, devido às regras de distanciamento social com a gravidade da situação da pandemia de Covid-19 no Rio Grande do Sul, as aulas estão suspensas, mas existe a expectativa de retorno após melhora desse cenário. Roloff reforça que para os professores terem segurança, é fundamental a inclusão dos profissionais da educação na fila de prioridades de vacinação.

Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective