Programa para qualificar instrutores de aplicadores de agrotóxicos foi tema de seminário sobre insumos

Decreto do Governo Federal prevê que em três anos somente poderá manejar esses produtos quem tiver qualificação oficialmente chancelada

Realizado nos últimos dias, o Seminário Nacional Sobre Insumos Agrícolas contou com a participação do pesquisador científico Hamilton Ramos, coordenador da Unidade de Referência em Produtos Químicos e Biológicos. Ele proferiu uma palestra a fiscais agropecuários do Mapa – Ministério da Agricultura e Pecuária -, com ênfase na importância da habilitação de aplicadores prevista no programa Aplicador Legal (Decreto nº 10.833/2021, do Governo Federal). Apoiado pelo mesmo Ministério, o evento foi coordenado pela SBDA – Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária.

Fruto de parceria entre o Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), e o setor privado, a Unidade de Referência em Produtos Químicos e Biológicos (UR) anunciou recentemente uma iniciativa inédita para robustecer a qualificação de trabalhadores rurais. A UR desenvolveu o primeiro módulo EAD com objetivo de capacitar instrutores aptos a habilitar aplicadores de agrotóxicos e afins.

Vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP e sediada na cidade de Jundiaí, a Unidade de Referência firmou convênio com um portal da área de educação rural para a montagem desse curso. O conteúdo está sendo estendido a empresas e profissionais do agro, após atender mais de 140 alunos, apoiados pela entidade setorial CropLife Brasil.

“Com a adoção do ‘Aplicador Legal’, programa ao qual apoiamos com forte expectativa de sucesso, daqui a três anos somente poderá aplicar fungicidas, herbicidas, inseticidas e outros agroquímicos quem portar a ‘carteira de habilitação’ exigida pelo Decreto Federal e fornecida pelo Mapa – Ministério da Agricultura e Pecuária”, enfatizou Ramos.

“Para exercer sua profissão, o aplicador de agrotóxicos terá de passar por uma espécie de ‘autoescola técnica’”, explicou ele. “O curso EAD foi concebido para fomentar o surgimento de ‘autoescolas’ capazes de entregar treinamentos reconhecidamente eficazes aos profissionais lotados no tratamento de lavouras.”

Segundo o pesquisador, os pilares do curso da UR “são os mesmos expressos no Programa Nacional de Habilitação de Aplicadores de Agrotóxicos e Afins ou ‘Aplicador Legal, resultante do Decreto de 2021”.

Conforme Ramos, a expectativa da UR é a de atrair mais de 1 mil alunos até 2024. “Hoje em dia somente entre 30% e 40% dos aplicadores de produtos são treinados segundo boas práticas de saúde, segurança e tecnologias, abrangendo pequenas, médias e grandes propriedades. O déficit de qualificação na área é elevado no Brasil.”

Reconhecimento oficial

Hamilton Ramos assinala ainda que a aplicação do curso, chancelado pelo IAC – Instituto Agronômico, se dá por meio da plataforma de treinamentos Fonteagro. As aulas, explica ele, são gravadas em 11 módulos, sobre segurança e tecnologia de aplicação, tipos de pulverizadores, armazenamento, transporte, conservação de polinizadores e manejo integrado de pragas.

Além de Ramos, ministram o EAD nomes reconhecidos do agro brasileiro: o ex-professor da Unesp de Jaboticabal, hoje consultor, Santin Gravena, especialista em manejo integrado de pragas (MIP) e o empresário Luiz César Pio (Herbicat), além do líder de sustentabilidade e stewardship da CropLife, engenheiro agrônomo Roberto Araújo, entre outros.

Fonte:  Fernanda Campos