Proibição de defensivo na Europa mostra como sistemas de monitoramento de aplicação aérea são essenciais

Acompanhando o debate sobre uso de determinados defensivos, uma agtech brasileira aposta na tecnologia para tornar mais eficiente, seguro e sustentável o trabalho da agricultura do país que é referência mundial no setor.

Depois de uma batalha jurídica e científica que durou anos, a União Europeia proibiu em 2018 o uso de três substâncias utilizadas por produtores rurais. Chamadas de neonicotinoides, elas são prejudiciais a espécies como as abelhas, que acabam tendo seu sistema nervoso atacado pelo insumo. Para reforçar a medida, recentemente os eurodeputados chegaram também a aprovar regras que diminuem a quantidade mínima permitida dos defensivos agrícolas nos alimentos.

As medidas estão dentro de uma grande meta do continente de diminuir pela metade o uso de defensivos agrícolas até 2030. Para alcançar o objetivo, estão previstos investimentos de € 30 milhões em iniciativas e projetos que foquem na biodiversidade.

De acordo com o Parlamento Europeu, os países do bloco produzem 300 mil toneladas de grãos, 166 mil toneladas de raízes, 60 mil toneladas de legumes frescos, 6 mil toneladas de carne bovina e 22 mil toneladas de carne suína.

Os números podem parecer pouco no comparativo com o Brasil – já que por aqui são produzidas mais de 250 milhões de toneladas de grãos e 9 milhões de toneladas de carne bovina -, mas o fato é que a Europa também importa parte de seus alimentos.

Enquanto o chamado “Velho Continente” mira medidas para reduzir a quantidade de defensivos agrícolas utilizados nas culturas, o Brasil conta com soluções locais que auxiliam na tarefa.

Paulo Villela, que é Gerente de Desenvolvimento de Negócios na Perfect Flight, agtech brasileira que oferece serviços de monitoramento de aplicações aéreas e que está presente nos EUA e América Latina, explica que a tecnologia é uma aliada essencial para otimizar o trabalho na área rural.

Ele cita que uma pulverização inteligente reduz o uso dos insumos que combatem as pragas, proporcionando uma série de benefícios.

“Em uma agricultura moderna como a que temos hoje no Brasil, é muito importante que cada aspecto do trabalho seja sistematizado para conseguir uma produção competitiva e que gere produtos saudáveis e  sustentáveis”, diz Paulo Villela.

A importância da pulverização aérea

De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), o Brasil tem 2.432 aeronaves agrícolas, o que faz com que o país tenha a segunda maior frota do mundo. Junto com equipamentos como drones, a metodologia de pulverização aérea tem mostrado crescimento e se tornado importante para produtores.

Com uma história de mais de 70 anos, a aviação agrícola revolucionou o setor e é uma das responsáveis pela eficiência e qualidade dos produtos brasileiros.

Essencial em caso de plantios que podem atingir alturas elevadas, como a cana-de-açúcar, banana, café e laranja, por exemplo, a pulverização pelo ar tem regras específicas que estão previstas no Decreto Lei 917/1969, e é regulamentada pelo Decreto 86.765/1981.

“A pulverização aérea também é regida por instruções normativas, normas técnicas e vários tipos de regras que garantem a segurança do trabalho. Além disso, toda a tecnologia envolvida nos processos gera benefícios como mais rapidez na aplicação dos defensivos, redução de perdas na produção e possibilidade de execução em locais mais complexos como os encharcados”, cita Villela.

Sistemas de gestão e rastreabilidade como aliados

Com todas as vantagens citadas, a utilização de aeronaves e drones na pulverização tem se popularizado porque efetivamente oferece formas precisas para se aplicar os defensivos agrícolas.

Aliada a plataformas de gestão e rastreabilidade, é possível saber com precisão tanto a quantidade de insumos que será utilizada quanto os locais exatos da aplicação.

Sistemas como o da Perfect Flight mapeiam as áreas agrícolas com o Google Maps e permitem a visualização de faixas de aplicação e dos talhões em detalhes. Ferramentas do tipo garantem precisão na pulverização, além de confiabilidade e segurança.

Com a possibilidade de utilização através de plataformas de gestão, a aposta em sistemas de monitoramento e rastreabilidade de pulverização aérea ainda entrega benefícios como:

  • Ganho com eficiência, diminuição do desperdício e assertividade na aplicação dos defensivos agrícolas;
  • Evita a aplicação por duas vezes e em pontos fora da área de plantio como florestas, campos, rios e fauna, permitindo a preservação do ecossistema;
  • Possibilita o registro de pontos geográficos que tenham colmeias de abelhas, por exemplo, o que permite a visualização e não aplicações nestes espaços;
  • Os softwares otimizam o tempo de aplicação e evitam que as aeronaves passem um tempo desnecessário no ar, o que permite a diminuição de gastos com combustível e diminui a dispersão de gás carbônico;
  • Economia com despesas de insumo e equipamentos para os produtores rurais.

“Aliada a sistemas de gestão e rastreabilidade, a pulverização aérea auxilia na redução do uso de defensivos agrícolas e torna a atuação do trabalhador do campo ainda mais precisa e eficiente. Nós entendemos que cada gota importa e por isso o uso desses insumos deve ser o mais racional possível”, finaliza Paulo Villela.

Fonte:  Pamela Gama