Reunião do Copom – analistas comentam

Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance

O COPOM, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, vai se reunir para determinar a taxa básica de juros da Selic, que hoje está em 12.75%

O mercado, de uma maneira geral, a média dos analistas espera que até o final do ano de 2022, esse patamar esteja em 13.25%, ou seja 0.5% acima dos níveis atuais.

Ao que se indica com as perspectivas do mercado é que o Banco Central Brasileiro vá subir esse 0.5% na próxima reunião e aí efetivamente, chegue no fim do seu ciclo, que começou há alguns meses quando saiu de 2% para os no caso aí seriam 13.25%, um aumento assim exorbitante.

Existem alguns dados de inflação, principalmente o IPCA, que começaram a sair abaixo da expectativa. Eles saíram nos últimos dias para o mês de maio, subiu 0.47% x uma estimativa de 0.6%.

E também fez com que a inflação acumulada nos últimos doze meses ficasse em 11.73% x o nível de abril que estava em 12.13%.

Se isso se mantiver, é um sinal que a inflação começou a arrefecer, ainda em níveis altos, mas arrefecendo para níveis menores.

O grande ponto é que os itens que ajudaram nessa inflação menor do que a expectativa, são itens muito voláteis como a energia, os alimentos e a higiene pessoal.

E a energia, no mês de abril, o petróleo, deu uma estagnada, ele não sofreu tanta pressão quanto nos meses anteriores. Enquanto que agora ele voltou a subir novamente, já passando da marca de 120 dólares por barril, reforçando as máximas em vários anos.

No ponto de vista de alimentos, o mundo vive uma crise global de alimentos, por conta da guerra, por conta de uma uma safra ruim em vários países, por conta que vários países começam a estocar e proibir a exportação alguns alimentos para suprir o mercado nacional.

Então esses dois componentes que ajudaram a ter uma inflação menor no mês de abril, são muito voláteis e podem ainda pressionar a inflação para alta. Então dar como favas contadas que a gente chegou no fim do ciclo de aumento de taxa juros, é o que indica mas eu não botaria cem por cento de incerteza nisso.

Rafael Marques, especialista em finanças e CEO da Philos Invest

As condições financeiras no mundo continuam bem apertadas ainda, os gargalos nas cadeias de insumo continuam persistentes. A atividade econômica global, imagina-se que ela deve desacelerar pra frente, então uma recessão cada vez mais provável.

A alta dos preços das commodities e a expansão do consumo doméstico devem deixar a inflação ainda sob pressão, no curto prazo,

então, estima-se uma inflação acima de 9% para 2022, e para 2023 uma projeção de 4,5%.

Espera-se extensão do ciclo de alta de juros aqui no Brasil, com mais duas altas de meio ponto percentual, em junho e agosto. Estima-se que uma Selic terminal de 13,35 pro final de 2022.

A guerra contribui bastante pro cenário inflacionário, ela traz pressões nos preços das commodities, tanto agrícola quanto de energia e isso afeta não só a atividade global, como também na política monetária. Ela faz com que os bancos centrais estendam os ciclos de aperto monetário com mais elevação de juros no final do período. Isso deixa as condições financeiras mais apertadas no mundo inteiro.

João Beck, economista e sócio da BRA

A previsão de alta da Selic na próxima reunião é alta de 50 pontos na próxima reunião. E 13,50% no fim de 2022.

Copom deve seguir a linha que tem tomado ultimamente de um caráter hawkish e precavido, com tom rígido e firme no comunicado. Foi uma atitude bem oposta ao início do ciclo de alta em meados de 2021 quando ainda se esperava uma inflação global temporária.

IPCA de maio com uma surpresa positiva: 0,47% contra expectativa de 0,60%. Boa desaceleração em alimentos e bens para casa. Copom deve dar mais uma alta em junho.

A inflação já começou a dar sinais de arrefecimento e pode ainda ganhar mais espaço com a redução do ICMS para transportes, energia elétrica e combustível. De toda forma, o que é evidente é nossa taxa de juros em nível muito contracionista.

A guerra adiou os planos do Banco Central de encerrar o ciclo de alta no primeiro trimestre do ano próximo aos 12%. Tivemos altas adicionais por conta do preço dos alimentos e combustível. De alguma forma, todo o mundo terá altas acima do esperado. Os Estados Unidos, por exemplo, previam uma taxa terminal em 2,5% mas agora já se fala em 5%.

Fonte:  Amanda Ivanov