Rússia fora das exportações de grãos: Mexe no preço?

Especialistas analisam o que pode acontecer no mercado mundial

Os mercados de grãos abriram a semana reagindo moderadamente à suspensão das exportações da Rússia pelo “corredor do Mar Negro”. De acordo com a Consultoria AgResource Brasil, a reação foi “adequada”: “Não há dúvida de que alguma medida de prêmio de risco é necessária, mas o incômodo percebido nos fluxos comerciais globais é muito mais tranquilo do que o demonstrado em fevereiro”.

De acordo com eles, a Ucrânia poderá trabalhar para permitir que os navios atualmente carregados naveguem com a ajuda da Turquia e da Organização das Nações Unidas (ONU). Já era esperado que as exportações ucranianas fossem mais baixas, e o mercado não acredita que as exportações russas cairão para zero, pois os preços atrairam compradores na África e no Oriente Médio.

A AgResource acredita que há mais trigo do que milho em risco de não encontrar o mercado mundial em relação às atuais grades comerciais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). “Além disso, a perda de produção de trigo do Hemisfério Sul e a seca nas Planícies dos EUA aumentam a preocupação”, complementam.

De acordo com relatório dos analistas Carsten Fritsch e Thu Lan Nguyen, do banco alemão Commerzbank, há três motivos pelos quais os preços subiram menos do que quando a Rússia invadiu a Ucrânia. O primeiro deles é que os preços do milho e do trigo já estão sendo negociados nos níveis mais elevados por causa da invasão russa, o que já sinaliza uma perspectiva de oferta apertada.

Em segundo lugar, já havia especulações de que a Rússia poderia não renovar o acordo para exportar seus grãos – fato que já estava precificado. Por fim, com a ajuda da Turquia, a ONU pretende intervir para manter as exportações da Ucrânia, mesmo sem a Rússia.

“Além disso, o ministério da Rússia ressaltou que não estava revogando o acordo, mas apenas suspendendo seu próprio envolvimento. Os países do G20 provavelmente pressionarão a Rússia – no mais tardar durante sua cúpula em 15 e 16 de novembro – para retomar o acordo, o que significa que ainda há um vislumbre de esperança de que as exportações de grãos da Ucrânia possam
continuar”, aponta o Commerzbank, segundo o qual essa é a principal justificativa para os preços não subirem de forma excessiva, pelo menos por enquanto.

CENÁRIO PESSIMISTA

Por outro lado, a situação pode mudar. “Se as tentativas de persuadir a Rússia a voltar a bordo falharem, ou mesmo se a Rússia atacar navios de grãos ucranianos, um aumento substancial nos preços dos grãos seria provável”, projetam os analistas do banco alemão.

Fonte: AGROLINK -Leonardo Gottems