Você tem grãos e não sabe o que fazer? Veja o que a indústria tem a dizer…

A semana começou com novas altas para os grãos negociados na bolsa de Chicago e com queda para o dólar em relação ao real. No radar da indústria, dos analistas e operadores de mercado está a previsão do tempo. Para eles, a confirmação do fenômeno La Niña pode trazer as respostas que faltam sobre a tendência de preços de agora em diante.

O mercado está precificando a entrada do La Niña com mais de 75% de chance de acontecer e com isso os fundos de investimentos estão com posições historicamente altas para os grãos. A avaliação é do Marco Sampaio, chefe da mesa de commodities da JBS, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo.

“A previsão é de tempo seco e mais quente, ou seja, o mercado está precificando isso e faz com que os preços subam. Eu acho que essa alta deve se reverter. Quando os preços sobem muito, há redução de demanda de um lado ou de outro. Aqui nos Estados Unidos a gente já está começando a usar DDG, que é um derivado do etanol do milho para substituir o farelo e o trigo também. A gente pode ver preço alto ainda? Pode, a gente está no weather market, os preços obviamente podem subir dependendo do tempo.

A preocupação com o clima acaba exacerbando o movimento nos preços, que estariam chegando ao teto em função da redução de consumo. A análise foi feita pelo Renato Rasmussem, analista sênior do Rabobank, maior banco global de agronegócios.

“A gente começa a observar grandes players se posicionando para reduzir o consumo de ração, observar na ótica do confinamento a redução do rebanho confinado. A gente vê um sinal de que o preço já está tão elevado que já traz consequências fortes para a demanda e é um sinal que a gente interpreta de que o preço está chegando ao teto”,

Na avaliação do Rabobank, o mercado de grãos deve se manter em patamares elevados de preços até outubro, quando começa a se desenhar a próxima safra brasileira. Para Rasmussem, os próximos dias serão de pressão baixista nas cotações.

“Soja com patamar acima de R$ 85 a saca é difícil se manter. Vamos ter retração entre duas semanas de 10 a 15% para a soja.O mercado do milho BMF reflete R$ 30 a R$ 35 por saca de milho.  Porém, os preços na média Brasil ainda vai continuar bastante elevados”, explicou.

Por: Kellen Severo