Acelerar a recria das fêmeas de reposição melhora a rentabilidade da atividade de cria

A retenção de bezerras produzidas na propriedade de cria, para a reposição de matrizes descartadas, é inerente à atividade nacional. Quando realizada de maneira sistemática e orientada, leva ao melhoramento do rebanho mediante a exclusão de fêmeas de genética inferior em detrimento daquelas de maior mérito e melhores indicadores zootécnicos. Porém, a fase de desenvolvimento dos animais torna-se um gargalo ao sistema produtivo, uma vez que a categoria passa um período sem gerar renda.

No intuito de mensurar tal déficit produtivo, a CNA em parceria com o Cepea tomou por base os dados obtidos nas propriedades modais de Juína (MT) e de Barra do Garças (MT). Neste sentido, foram mensurados os custos médios e as receitas de uma fêmea no rebanho, desde seu nascimento até seu descarte ao final de sua vida produtiva. Os valores obtidos consideraram as receitas e o Custo Operacional Total (COT) dos sistemas para o período de julho/19.

Avaliando-se os dados, é notável que a “dívida” contraída durante o crescimento das fêmeas de reposição é proporcional a seu período de recria até o momento de desmame do primeiro bezerro ou bezerra. Isso quer dizer que, quanto mais tempo o animal permanece improdutivo no sistema, maior é o custo gerado pela ineficiência reprodutiva.

Assim, enquanto no painel de Barra do Garças a fêmea acumulou custo de R$ 1.320,81/cabeça até desmamar o primeiro bezerro com 50 meses, as matrizes do painel de Juína, com primeiro desmame aos 38 meses de idade, tiveram custo de R$ 939,49.

Consequentemente, as matrizes da propriedade de Barra do Garças pagam os custos de retenção, em média, em sua terceira desmama, ao passo que as matrizes em Juína são capazes de arcar com seus custos de recria a partir de sua primeira desmama (gráficos 1 e 2).

É válido ressaltar que a receita obtida após cada desmama oscila conforme o sexo dos animais. Para a análise, considerou-se a receita média entre o valor de um bezerro e da venda da bezerra, descontando-se a porcentagem de fêmeas retidas para reposição.

Ao final da vida útil de cada matriz os animais são descartados para frigoríficos, gerando a última entrada de caixa. Assim, a margem líquida final das matrizes foi de R$ 2.832,32/cabeça para Barra do Garças e de R$ 4.070,56 para Juína.

Desta forma, a eficiência individual dos animais no rebanho permite que os animais se tornem produtivos de maneira mais rápida, aumentando o rendimento do sistema de produção como um todo. Para tal objetivo, investimentos durante a fase de recria das matrizes e o constante melhoramento dos indicadores reprodutivos se faz necessário. A busca de assistência técnica qualificada é a melhor forma de orientar os produtores sobre qual caminho deve ser seguido em cada caso específico.

Gráfico 1 – Margem líquida mensal acumulada no painel de Cria em Juína (MT)

Gráfico 2 – Margem líquida mensal acumulada no painel de Cria em Barra do Garças (MT)
Fontes: Projeto Campo Futuro/CNA (2019)