O impulso veio da maior demanda externa em praticamente todo o ano, especialmente por conta dos casos de Peste Suína Africana (PSA) na Ásia, que reduziram a oferta mundial da proteína. Segundo pesquisadores do Cepea, nos últimos meses de 2019, o aquecimento da procura brasileira reforçou o avanço nos preços domésticos. Neste caso, a maior demanda foi estimulada pela típica elevação nas compras por parte de atacadistas, que formam estoques nos últimos meses do ano, e pelo preço recorde da principal carne concorrente, a carcaça casada bovina, que levou consumidores a migrarem para outras fontes de proteína com valores mais competitivos, como a carne suína.
Assim, na maior parte do ano, a oferta de suíno vivo em peso ideal para abate esteve inferior à elevada procura por parte de grandes agroindústrias.
Diante desse cenário, os valores nominais de todas as regiões acompanhadas atingiram recordes, considerando-se a série do Cepea, iniciada em março de 2002. Na praça de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), em 2019, o animal vivo teve média de R$ 4,75, alta de 35,7% frente à de 2018.
No mercado da carne, pesquisadores do Cepea indicam que o ano também foi marcado pela demanda aquecida e as cotações acompanharam a movimentação do vivo. A carcaça especial, negociada no atacado da Grande São Paulo, registrou média de R$ 7,18/kg em 2019, alta de 29,4% na comparação com a de 2018, e a maior já registrada, em termos nominais, considerando-se toda a série histórica do Cepea para este produto, iniciada em 2004. Dentre os cortes, os que registraram as maiores valorizações de 2018 para 2019 foram a paleta desossada (31,5%), pernil com osso (29,9%) e lombo (22,5%) – dados do Cepea.
Com a maior liquidez e os preços mais elevados no mercado da proteína, suinocultores não seguraram animais nas granjas, o que acabou influenciando na redução de 0,6% no peso médio das carcaças nos nove primeiros meses de 2019 frente ao mesmo período de 2018, fechando o período a 89 quilos na média nacional, segundo o IBGE.
Apesar de os preços do milho e do farelo de soja terem subido com certa força no mercado brasileiro nos últimos meses, especialmente os do cereal, no correr de 2019, dados do Cepea mostram que o poder de compra de suinocultores de São Paulo e do Oeste de Santa Catarina frente a esses insumos aumentou, uma vez que a valorização para os animais foi mais intensa.
Dessa forma, no balanço de 2019, foi possível ao produtor paulista a compra de 7,35 quilos de milho ou de 3,87 quilos de farelo de soja com a venda de um quilo do animal vivo, quantidades 31% e 39,7% maiores do que as registradas no ano anterior, conforme dados do Cepea. Para o produtor do Oeste Catarinense, na mesma comparação, os volumes são 32,9% e 38,7% maiores, respectivamente.
Quanto às exportações, em 2019, foram embarcadas 739,7 mil toneladas* de carne suína, volume 16%* maior do que em 2018. Esse desempenho está atrelado, principalmente, ao incremento das compras por parte dos principais parceiros comerciais do Brasil neste mercado: China, Chile, Uruguai e Rússia.
Em relação ao faturamento do setor exportador em 2019, a alta foi de 33% para a receita em dólar e de 43,4% em Reais, com valores respectivos de US$ 1,5 bilhão e de R$ 6,2 bilhões. De modo geral, o avanço nos ganhos se deve à valorização da carne in natura exportada pelo Brasil, que esteve, em média, a US$ 2.143,67/tonelada em 2019, 15% acima da registrada em 2018. Considerando-se especificamente o faturamento em Reais, o avanço do dólar favoreceu o resultado.
Fonte: Suinocultura Industrial