Boi: arroba fica estável, com consumo lento de carne

São Paulo, 19/06/2018 – O mercado de boi gordo começa a semana em compasso de espera quanto ao comportamento das vendas de carne bovina nos próximos dias, garantindo, assim, estabilidade de preços na maioria das praças pecuárias. Analistas do setor apontam que o baixo escoamento da proteína para o consumidor doméstico e o enfraquecimento nas exportações têm limitado a recuperação nos valores da arroba. “Nem mesmo a reposição da greve (dos caminhoneiros), somada ao início de mês e à Copa do Mundo foram suficientes para dar suporte à carne com osso (no atacado)”, avalia a XP Investimentos em relatório.

Ainda avaliando os resultados da comercialização de carne no fim de semana passado, frigoríficos preferiram ficar ausentes de boa parte das aquisições no mercado físico do boi gordo, antes de definirem com maior precisão os preços que vão oferecer nos próximos dias, afirma a IEG FNP em relatório. A consultoria acredita que, de modo geral, o início da segunda quinzena do mês deve influenciar negativamente a intenção de compra das indústrias frigoríficas, que já se mostravam bastante limitadas nos primeiros quinze dias do mês.

“Assim, os preços referenciais seguem praticamente estáveis, embora existam ajustes pontuais em ambos os sentidos, a depender das condições de oferta regional e da situação dos frigoríficos em relação às escalas de abate”, comenta a análise da FNP. Segundo a consultoria, no noroeste de SP, o boi gordo a prazo (30 dias) ficou estável, a R$ 139/arroba. A XP Investimentos aponta para a média de R$ 137,60/arroba à vista e livre do Funrural (1,5%), com queda diária de R$ 0,05/arroba. Nas praças paulistas de Araçatuba e Barretos, a Scot Consultoria registrou estabilidade no mercado à vista, a R$ 138/arroba, e R$ 140/arroba na venda à prazo (30 dias), também sem variação.

Na praça de Dourados (MS), o viés é negativo para o mercado à vista, com valor a R$ 128/arroba. “Apesar de as cotações convergirem para esse patamar, há resistência dos pecuaristas em realizar vendas a esses preços e, assim, as escalas de abate ficaram praticamente inalteradas durante os últimos dias”, comentam os analistas da FNP sobre o cenário de Dourados.

Levantamento da Scot Consultoria ressalta que vários frigoríficos do Pará, Bahia e Mato Grosso do Sul também estão fora das compras. Das 32 praças monitoradas pela Scot, foram apuradas cinco altas e três quedas. Todas as demais regiões marcaram estabilidade nos preços desta segunda-feira (18). O destaque vai para Mato Grosso, onde a cotação da arroba do boi gordo subiu em três das quatro praças pecuárias. “Mas, na última sexta-feira (15), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a Operação Porteira Aberta, contra esquemas de corrupção nas emissões de certificados sanitários da JBS em Barra do Garça, portanto, nos próximos dias, atenção ao mercado neste Estado”, alerta a consultoria.

No mercado à vista, o sudoeste de MT marcou alta de 8,57%, a R$ 126/ arroba; o sudeste do Estado avançou 7,14%, a R$ 128/arroba, e o mesmo resultado foi verificado na praça de Cuiabá, que inclui Rondonópolis, conforme a Scot.

Ontem, valor à vista do indicador do boi gordo Esalq/BM&F ficou em R$ 138,70/arroba (+1,39%). A prazo, a cotação ficou em R$ 138,62/arroba (+1,03%).

Na B3, o contrato para outubro, o mais líquido, com 239 negociações, encerrou a R$ 150,45/arroba, alta de R$ 0,65 em relação ao fechamento da véspera.

Quanto ao comércio internacional, nos 11 primeiros dias úteis de junho, o País embarcou 27,9 mil toneladas de carne bovina in natura, forte retração de 72% quando comparada ao total de 99,6 mil toneladas exportadas em igual período de 2017, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira. Segundo a XP, parte do desempenho negativo está atrelada à greve dos caminhoneiros.

A média diária das exportações de carne bovina atingiu 2,54 mil toneladas no acumulado de junho, até sexta-feira (15), e “caso o ritmo se mantenha nos 10 dias úteis faltantes, o mês atual se encerrará com o pior volume desde janeiro de 2011 (51,76 mil toneladas) e também com o pior embarque para um mês de junho desde 2003, quando foram exportadas 47,31 mil toneladas”, avalia a corretora.

“Chamamos atenção para o momento delicado de setor de proteína animal no mercado internacional. As viagens programadas para negociações e abertura de novos mercados não surtiram efeito. Muito pelo contrário, os últimos meses foram marcados por sanções e medidas protecionistas (antidumping) dos compradores internacionais”, ressalta a XP em relatório.

Fonte: ESTADÃO

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