Brandt: “Vamos construir uma nova fábrica em 2020”

Wladimir Chaga, presidente da Brandt do Brasil, revela nesta entrevista os planos de expansão da empresa no País. Cerca de R$ 20 milhões serão investidos na construção de uma nova fábrica no estado do Paraná – considerado estratégico nesse crescimento. Chaga revela ainda que a Brandt vai entrar forte na agricultura orgânica no Brasil, inclusive passando a produzir aqui as soluções que já são feitas atualmente nos Estados Unidos.

Quais são os planos para a nova fábrica no Brasil?

Nós estamos comprando mais de 10 mil m² na região de Londrina (estado do Paraná) para a construção da nossa nova fábrica, que deve começar a partir de janeiro do ano que vem. É um local estratégico: Londrina está em um local de transição, congrega um clima bastante diferente do clima brasileiro em geral, tendo uma influência do clima frio do sul do Brasil e ao mesmo tempo uma influência bastante forte do clima tropical do cerrado brasileiro. Tanto é que a Embrapa está localizada em Londrina, o centro nacional de soja está lá, outras empresas de milho também se localizam lá, duas empresas de tecnologia de soja também estão lá.

A nossa intenção é anunciar o mais breve possível essa aquisição, mas já é certo de que o terreno é nosso e nós vamos construir essa fábrica, até porque a nossa existente já está operando em três turnos agora, o que causa uma dificuldade.

De quanto vai ser o investimento nessa nova planta?

Quanto ao investimento, eu imagino que a gente deve investir algo como R$ 10 a 15 milhões na construção da planta, e R$ 5 milhões na aquisição. É óbvio que isso tudo vai depender de leis ambientais, do que temos que fazer de recursos, poço artesiano, tratamento de afluente e uma série de coisas que ainda não podemos fazer esse estudo. É uma fábrica que depende das liberações ambientais, mas o prazo é de dois anos, porque temos que cumprir todas as etapas legais. Estamos construindo uma planta para quatro vezes o que nós estamos construindo hoje, para a atender um mercado em torne de 200 a 250 milhões de reais de faturamento.

Que produtos serão feitos nessa nova fábrica?

A ideia é continuar com a fábrica em Olímpia (São Paulo), a não ser que mude muita coisa, mas a ideia é ter uma unidade no estado de São Paulo (SP) por questões fiscais. São muitos fornecedores de matéria-prima naquele estado, e além disso SP é importante para atender o mercado de citros, cana, café, e a logística desse estado também é boa para atender a região do Cerrado brasileiro.

Nós temos muitos produtos dos Estados Unidos que não estão aqui por falta de capacidade, como Olímpia que nós não temos autorização para trabalhar com produto seco, seja dry, granulado ou em pó, nós não temos autonomia para trabalhar. Buscaremos essa licença para Olímpia e trabalharemos só com esse produto seco, porque é uma fábrica mais velha. Em Londrina vamos trabalhar com produtos líquidos, se tornando uma fábrica modernizada, de automação, quase que uma fábrica de produtos fármacos, com toda a tecnologia disponível. Traremos alguns produtos dos EUA para cá, e entraremos forte na agricultura orgânica, que é bastante utilizada lá e pouco aqui, é um mercado que não vai tomar conta do mundo, mas o mundo vai consumir mais. É um mercado de 12% no Brasil, que deve ir para 15% ou 20% em cinco anos, porque a população precisa ter um aumento de renda para esse mercado crescer.

O insumo orgânico também tem um preço maior?

Comparado com o produto convencional, os fertilizantes orgânicos têm um custo maior pelo controle e rigidez que se faz, então existem alguns fornecedores que não podemos comprar, eles devem ter um custo um pouco maior em função da dificuldade de acesso dessas matérias-primas que deverão ser rastreadas.

Que particularidades na agricultura brasileira devem ser obervadas? 

A agricultura funciona de forma muito rápida, o dia de plantar é o dia de plantar, a época de colher é a época de colher, não tem como comprar as coisas mais tarde, esperando a próxima promoção, é preciso ter o produto disponível para aquele momento, porque se choveu, todos os agricultores vão plantar, por exemplo. Isso requer muito capital de giro, muito esforço em termos de planejamento, a logística no Brasil também tem problemas, não é simples. É preciso ter uma boa distribuição, com profissionais sempre bem treinados, procurando atender e praticar o dia a dia com as revendas e cooperativas para acessar o produtor final, sendo com dia de campo, treinamento ou palestras.

Publicado originalmente no Portal chinês Agropages

Fonte: Agrolink Por Leonardo Gottems