CEEMA – Mercado da Soja

As cotações da soja em Chicago reagiram fortemente nesta semana de Carnaval brasileiro. O bushel da oleaginosa voltou a ultrapassar os US$ 10,00, chegando a US$ US$ 10,24 no fechamento desta quinta-feira (15), retomando os valores ocorridos em alguns momentos de meados de julho de 2017.

O motivo central deste comportamento está na seca na Argentina. Novas estimativas dão conta de perdas ao redor de 10 milhões de toneladas em relação ao previsto inicialmente. E ainda falta muito tempo até a colheita! Caso a falta de chuvas continue no vizinho país não se descartam novos aumentos em Chicago. Até o momento, segundo analistas argentinos, a atual safra de soja poderá ficar ao redor de 47 milhões de toneladas. É bom lembrar que a Argentina fornece 50% do farelo mundial na exportação. Isso levou a cotação deste subproduto da soja a atingir US$ 373,70/tonelada curta em Chicago no dia 15/02. É a mais alta cotação do mesmo desde meados de julho de 2016. A alta do farelo obviamente puxa para cima a cotação do grão! Aliás, a seca está igualmente atingindo fortemente a metade sul do Rio Grande do Sul, onde estima-se perdas importantes com a safra de soja local, além de outros produtos (em algumas cidades, caso de Cristal, moradores chegam a fazer cultos em praça pública pedindo chuva).

Também começam a chamar a atenção, a partir de agora, as expectativas de plantio nos EUA. Especula-se de que o fenômeno La Niña possa aparecer por lá igualmente. Lembramos que no dia 22/02 ocorre o seminário do USDA que, ao seu final, divulga o relatório Outlook sobre as diferentes safras futuras, o qual oferece uma primeira sinalização do que poderá vir a ser a área semeada e a futura produção de soja e milho. Todavia, o principal relatório é o de intenção de plantio, previsto para o dia 29/03.

Dito isso, os fundamentos do mercado não permitem esperar uma valorização muito grande da oleaginosa em Chicago. Pelo contrário, o viés normal é de baixa, para níveis conhecidos de US$ 9,50 a US$ 10,00. Porém, se a seca persistir na Argentina esse quadro se reverte e mantém o mercado mais aquecido. Além disso, no meio do caminho haverá as decisões do Banco Central dos EUA quanto a aumentar ou não o juro básico daquele país. Se houver aumento, os fundos tendem a sair com maior intensidade das commodities podendo provocar certo recuo nas cotações.

Ainda no front internacional, vale destacar que as exportações estadunidenses de soja continuam mais fracas do que o esperado, com o Brasil assumindo o papel de liderança no caso do grão. Isso explica as projeções de estoques finais mais elevados, para este ano, nos EUA, conforme o último relatório de oferta e demanda do USDA.

Aqui no Brasil, diante das altas de Chicago uma nova e momentânea janela de vendas se abriu aos produtores da oleaginosa. Todavia, o câmbio, que estava favorável ao redor de R$ 3,30 antes do Carnaval, acabou cedendo nesta semana e chegou a R$ 3,21 por dólar no início das operações do dia 15/02. Com isso, os ganhos com Chicago foram parcialmente anulados pela revalorização do Real.

Mesmo assim, a média gaúcha no balcão ganhou quase dois reais por saco, em relação a semana anterior, fechando em R$ 64,37/saco nesta semana. Já os lotes giraram entre R$ 70,00 e R$ 70,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 59,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 72,50/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 60,50 em São Gabriel (MS), R$ 62,70 em Goiatuba (GO), R$ 66,00 em Pedro Afonso (TO), R$ 66,50 em Uruçuí (PI) e R$ 69,00/saco no centro, norte e oeste do Paraná.

Enfim, a colheita da atual safra de soja no Brasil atingia a 9% da área em 09/02, contra 13% na média histórica e 18% no ano passado nesta mesma época. O Mato Grosso registrava 29% colhido, contra 26% na média; Mato Grosso do Sul 8%, contra 16% na média; Goiás 5%, contra 14% na média; Minas Gerais 3%, contra 5% em média; e Paraná 2%, contra 19% na média. Nota-se, portanto, um importante atraso na colheita em todos os Estados produtores brasileiros que já a iniciaram, salvo no Mato Grosso onde a mesma está um pouco mais adiantada do que a média histórica.

Fonte:  CEEMA / UNIJUI

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