Desde setembro de 2018 a China enfrenta o problema que já alcança status de epidemia. O país asiático detinha o maior rebanho de suínos do mundo (428 milhões de cabeças), a maior produção (54 milhões de toneladas), o maior mercado consumidor (55 milhões de toneladas) e a maior taxa de importação (1,56 milhão de toneladas). Para se ter ideia do quanto são gigantes esses números só o consumo é 18 vezes maior do que o do Brasil, por exemplo. Até agora a doença já se espalhou por outros países, como Hungria, Mongólia, Vietnã, Cambodja e Hong Kong.
O vírus e a transmissão
A Peste Suína Africana é causada por um vírus DNA que já tem 24 genotipos diferentes identificados. A maioria deles são altamente contagiosos e levam a altas taxas de mortalidade. A proliferação é rápida. A principal forma de transmissão é pelo contato direto entre os porcos ou quando estes animais ingerem produtos de origem suína contaminados ou ainda carcaças de porcos mortos que ficam no ambiente. Uma via menos comum é por carrapatos que passam de um animal para outro. O vírus persiste no sangue e tecidos mesmo após a morte, facilitando a propagação. A refrigeração e maturação da carne não inativa o vírus que pode permanecer ativo por 11 dias em fezes, 15 semanas em frigoríficos e até 6 meses em embutidos curados ou defumados.
A doença tem notificação obrigatória em órgãos internacionais. Uma vacina já está em desenvolvimento pelo USDA, órgão da agricultura do governo norte-americano. Mas, enquanto ela não é aprovada e comercializada, em casos de surtos da doença o abate sanitário dos animais e a destinação adequada das carcaças são obrigatórios.
Sintomas da PSA
O período de incubação da doença é de 4 a 19 dias. Na forma aguda o vírus causa vermelhidão e hemorragias na pele, anorexia, apatia, cianose e falta de coordenação motora dentro de 24 a 48 horas antes da morte; aumento da frequência respiratória; vômitos, diarreia (por vezes sanguinolenta) e secreções oculares. Já os casos menos severos trazem febre, falta de apetite, depressão, sinais respiratórios e abortos, podendo ser facilmente confundidos com outras doenças.
Os testes para identificar são feitos em laboratórios oficiais com amostras de linfonodo, rim, baço, pulmão, sangue e soro.
Cuidados no Brasil
O Brasil tem um sistema de vigilância das síndromes hemorrágicas que inclui a realização de testes laboratoriais para PSA como diagnóstico diferencial de Peste Suína Clássica (PSC). O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) implementou cuidados nas fronteiras e na importação de produtos agrícolas e alimentos de países onde a PSA está ocorrendo.
No caso de um surto no país, as ações de controle da doença incluem o abate sanitário rápido de todos os suínos; a eliminação adequada de carcaças e limpeza e desinfecção completas das instalações; a designação da zona infectada, com controle de movimentação e trânsito dos suínos; e uma pesquisa epidemiológica detalhada, com rastreamento de possíveis fontes de infecção e de disseminação, além da vigilância da zona infectada e da área circundante.
Recentemente foram identificados casos de Peste Suína Clássica no Nordeste. Todos os animais foram abatidos. A PSC é causada por um vírus diferente da PSA, sendo menos severa e igualmente não passa para seres humanos.
Fonte: Agrolink Por Eliza Maliszewski