Pesquisa vai desenvolver corantes cosméticos a partir de microrganismos

Cientistas vão utilizar fungos, bactérias e microalgas no processo de produção de corantes naturais para a indústria cosmética. Para isso, foi firmada uma parceria entre a Embrapa Agroenergia (DF) a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Grupo Boticário.

A pesquisa se dará no âmbito do projeto “Produção de corantes por via biotecnológica” com duração de dois anos e irá produzir as cores a partir da fermentação de microrganismos e microalgas. “A gente acredita na capacidade de inovação brasileira e nas sinergias entre instituições de pesquisa tecnológica e empresas industriais”, afirma Paulo Roseiro, diretor de P&D do Grupo Boticário.

“O projeto de corantes naturais para cosméticos atende o desejo do consumo consciente. O consumidor está cada vez mais atento à origem e aos métodos de produção. A produção de novos conhecimentos facilita esse encontro.”, afirma o diretor-presidente da Embrapii, Jorge Guimarães.

Patrícia Abrão, pesquisadora da Embrapa que coordena o projeto conta que o trabalho usará a coleção de microrganismos e microalgas do centro de pesquisa que conta com mais de dez mil espécies da biodiversidade brasileira. Desse banco, serão selecionados os mais promissores para a produção de corantes por fermentação, e no fim do projeto, será identificado pelo menos um microrganismo produtor de corante com base nas características químicas.

Pesquisadora Patrícia Abrão explica como será o desenvolvimento dos corantes

“Para desenvolver esse trabalho, iremos caracterizar quimicamente os corantes produzidos pelos candidatos selecionados”. Além disso, será otimizado o cultivo de um microrganismo selecionado para a produção de corante em meio de cultura. Esses corantes poderão ser empregados como pigmentos em cosméticos coloridos  e também conferindo cor em outros tipos de formulações cosméticas.

A pesquisadora explica que a produção de corantes por bactérias fungos e microalgas é altamente influenciada pela fonte de carbono e nitrogênio utilizados, além de outros fatores relacionados às condições de cultivo. Para isso, destaca Abrão, é necessário um estudo prospectivo com o objetivo de otimizar a produção dessas substâncias.

Toda essa ação só foi possível pela parceria com a Embrapii, que financia um terço do projeto incentivando empresas privadas a investir em inovação. A Embrapa participa com um terço do recurso total do projeto referente à contrapartida econômica (estrutura e pessoal qualificado), e a empresa parceira também apoia o outro terço restante recurso financeiro. “O investimento em inovação permite às empresas responderem às demandas por produtos mais sustentáveis apoiadas pelas Unidades Embrapii, que contam com toda estruturam, pesquisadores e profissionais capacitados para encontrar soluções às necessidades da indústria”, destaca Jorge Guimarães.

As pesquisas já começaram nos laboratórios da Embrapa Agroenergia com o suporte técnico de uma equipe de pesquisadores e analistas das áreas farmacêutica, biológica e engenharia química.
Fonte: Embrapa Agroenergia Por Daniela Garcia Collares