Em audiência pública, produtores rurais pedem urgência na prorrogação dos prazos de reembolso dos financiamentos

Diversas regiões do país vêm sofrendo com as condições climáticas adversas, responsáveis por prejuízos elevados nas lavouras e na atividade pecuária.  Na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), chuvas abaixo da média dos últimos cincos anos e o excesso de calor prejudicaram significativamente as lavouras de algodão, milho e soja. Na Bahia, a produção de algodão caiu 35,8% em relação à safra 2014/2015, 88% no Piauí e 28,1% em Tocantins. A produção de milho reduziu em 48,8% no Tocantins, 40,2% no Maranhão, 30,2% no Piauí e 40,7% na Bahia. Da mesma forma, as perdas na produção de soja ultrapassam 25% em cada um dos quatro estados, alcançando 64,8% no Piauí.

Os estados de Sergipe, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também tiveram perdas consideráveis na produção de grãos e algodão devido à estiagem a partir de fevereiro desse ano. No Espírito Santo, produtores perderam a plantação de café em decorrência da seca, nessa última safra. Essas ocorrências marcam negativamente a produtividade das culturas e preocupam os produtores da região, que se dizem desamparados, com a perda das lavouras, a falta de acesso ao crédito rural e a renegociação de suas dívidas.

Para discutir os entraves na renegociação dos prazos para reembolso do crédito rural e no acesso ao crédito para a safra 2016/2017, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Capadr), da Câmara dos Deputados, realizou nesta terça-feira (30/08), uma audiência pública junto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Na reunião, a CNA reforçou a urgência no voto do Conselho Monetário Nacional (CMN) que possibilite a renegociação dos prazos para reembolso do crédito de custeio e investimento para os produtores atingidos pelas condições climáticas adversas na última safra. De acordo com a presidente do Sindicato Rural do Município de Luís Eduardo Magalhães (Bahia), Carminha Maria Missio, que representou a CNA na audiência, é impossível fazer agricultura no Brasil sem estar de mãos dadas com as instituições financeiras. “A situação é preocupante, temos de correr para viabilizar a renegociação desses produtores que perderam grande parte ou toda a sua produção na safra 2015/2016. Caso contrário, vamos reduzir substancialmente a produção na safra em curso”, frisou.

Em sua apresentação, Carminha mostrou dados do Banco Central, que apontam que o montante de crédito rural contratado em julho de 2016 foi de R$ 9,7 bilhões, valor 33,2% inferior ao contratado em julho de 2015. A maior redução foi na liberação dos recursos a juros controlados, queda de 41,8% na comparação entre os meses de julho de 2015 e julho de 2016, enquanto os recursos não controlados aumentaram 40,3% no mesmo período de comparação.

Para a representante da CNA, recursos mais caros estão sendo disponibilizados em maior escala, o que complica muito a situação dos produtores. Carminha pediu aos parlamentares e outros presentes na reunião urgência na aprovação do voto do CMN que viabilize a renegociação. “É urgente. Nós não temos mais 90 dias. A safra está em andamento. O negócio é trabalhar, produzir. Os produtores não querem deixar de pagar a conta. Precisamos estruturar, com a necessária urgência, a possibilidade de pagamento dos custeios da safra 2015/2016 nessas regiões ao longo das próximas safras”. finalizou.

Fonte: CNA