Especialistas afirmam que geadas afetarão diretamente a safra e a pecuária

Mesmo com o fim da frente fria, as consequências das geadas na agricultura e na pecuária ainda serão sentidas nos próximos meses
As baixas temperaturas registradas em Goiás, na última semana, trouxeram prejuízos e preocupação para os produtores rurais. Em algumas cidades do estado, como Mineiros e Perolândia, o frio congelou lavouras inteiras. Mesmo com o fim dessa frente fria, as consequências das geadas na agricultura e na pecuária ainda serão sentidas nos próximos meses.

Monteiro explica também que o pouco pasto que existia em Goiás irá desaparecer em decorrência das geadas que aconteceram no estado. Além disso, a qualidade da silagem também será afetada. “Como a planta tende a secar isso não significa que esteja seca por completo. É importante avaliar a composição bromatológica da silagem já que sabemos que o teor de amido, a fibra em detergente neutro (FDN) e o alto teor de nitrato – que leva a intoxicação animal – podem estar presentes em silagens onde as plantas passaram por uma restrição hídrica e geadas”, diz.

Impactos também na produção bovina

A qualidade na produção da silagem interfere diretamente no custo de produção da pecuária de corte e de leite. A zootecnista e especialista em produção animal Carolinne Mota explica que cada silagem, seja ela de milho, sorgo, cana-de-açúcar ou capim tem uma composição bromatológica específica que é usada como base para toda a dieta dos animais.

A geada ou frio intenso diminui a qualidade dessa silagem, o que faz com que custo alimentar do gado fique mais alto. “A silagem de boa qualidade necessita de menor incremento de fontes energéticas e proteicas que aquelas de baixa qualidade. Ou seja, para se ter o mesmo desempenho animal com silagens de baixa qualidade é necessário gastar mais com complementação de ração, tornando mais caro o custo alimentar”, detalha ela.

Segundo a especialista, quando se fala do milho, cana-de-açúcar, sorgo e capineiras, normalmente o aspecto visual da planta leva a crer que ela já está seca. Porém, é necessário levar em consideração que ainda pode haver uma quantidade significativa de água nos colmos e principalmente nas espigas.

Ela orienta que aquele produtor rural que está na dúvida entre ensilar ou não o material deve avaliar uma amostragem da matéria seca da planta para confirmar se há uma umidade mínima necessária para uma boa fermentação e realizar a melhor escolha da época de colheita para que a umidade não esteja baixa ou alta demais. “Plantas que passaram por geadas podem ter as folhas secas, porém, uma colheita precoce da espiga pode acarretar em uma fermentação butírica que ocorre pela menor capacidade de compactação deste material, indesejável no processo de fermentação”, explica a especialista.

Ela orienta ainda que as inoculações no processo de ensilagem são necessárias para evitar problemas de fermentação. “Quando a planta for colhida com teor de umidade alto normalmente usamos a associação de bactérias (Lactobacillus e Pediococcus) e materiais com alto teor de matéria seca (acima de 33%) usamos Lactobacillus buchneri. Mas esse processo deve ser recomendado por um profissional da área, já que a ensilagem precoce interfere no ganho de peso e na produtividade do gado”, pontua.

Fonte: Agrolink