Goiás terá comitê para discutir demandas de aquicultura e pesca

Intenção é legalizar informais e oferecer apoio ao desenvolvimento da atividade. Com posição estratégica, disponibilidade de água e outros fatores positivos, Estado tem potencial para ser referência na criação de peixes

Goiás terá um grupo de trabalho dedicado ao segmento de aquicultura e pesca. A decisão foi tomada durante Reunião Técnica para o Desenvolvimento do Setor de Aquicultura e Pesca, realizado na manhã desta segunda-feira (20/9) na sede da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). O evento contou com a participação de representantes de órgãos governamentais e entidades ligadas à formação, pesquisa, extensão, sanidade, meio ambiente e crédito rurais.

O superintendente federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (SFA/GO), José Eduardo de França, e o titular da Seapa, Tiago Mendonça, abriram a reunião. França abordou a situação dos aquicultores no Estado e pediu a formalização de um grupo para discutir demandas e encaminhar soluções para o segmento. Em resposta, Mendonça determinou a criação de um comitê com reuniões mensais para tratar de temas ligados à aquicultura e pesca. A estrutura vai funcionar no âmbito do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agropecuário (Condra), que é vinculado à Seapa. “Estamos de portas abertas, Goiás tem um potencial enorme e pode se tornar referência na atividade”, destacou.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Estado tem hoje 3.675 pescadores legalizados e outros 620 não legalizados. José Eduardo de França acredita que a situação é preocupante, porque os informais estão produzindo e processando peixes em condições sanitárias desconhecidas. “Precisamos fazer um grupo de trabalho com todo o segmento, envolvendo pesquisa, assistência técnica, treinamento e comercialização”, conclamou ele, durante o evento. Para França, é necessário trabalhar em parceria com órgãos como Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) e vigilâncias sanitárias municipais.

De acordo com o superintendente de Desenvolvimento Rural Sustentável da Seapa, Donalvam Maia, o fomento à produção por meio da concessão de crédito e a melhoria do ambiente de negócios estão entre as medidas necessárias ao avanço da atividade no Estado. “Goiás tem potencial incrível para a piscicultura. Com a união de forças de vários setores e entidades, vamos ampliar o mercado de peixe”, disse.

A reativação do Mercado do Peixe no Distrito Federal é considerado um caso de sucesso que pode motivar ações em Goiás. O superintendente federal de Agricultura no DF, William Barbosa, contou que tudo começou com uma parceria com a secretaria local: “Entregamos equipamentos que já estavam comprados e sem uso pela Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, e ela fez um chamamento público para uma cooperativa. A cooperativa reformou o prédio e assumiu a obrigatoriedade de comprar o peixe exclusivamente de produtores do DF e da Ride (Região Integrada de Desenvolvimento, que engloba 33 municípios). Isso fez a diferença: fomentou de novo a atividade e melhorou o preço do pescado na região em geral”.

Potencial
Para o chefe do Serviço de Projetos de Infraestrutura da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Mapa, Adauto de Souza Almeida, Goiás reúne “todas as condições para ser um dos maiores produtores de tilápia do Brasil”. Entre as vantagens do Estado, ele enumerou a localização central no território brasileiro, a facilidade de transporte área, rodoviário e ferroviário, a pluviosidade média anual de 1700mm, a temperatura média anual de 25ºC e a disponibilidade de água. “Temos grandes lagos de hidrelétricas e rios de vários tamanhos. “A atividade mais promissora é a criação de peixes em tanques-rede nos grandes reservatórios. Essa é uma das tecnologias mais modernas e o pacote tecnológico já está pronto, principalmente no caso da tilápia, que é o peixe mais consumido no mundo. Mas também temos potencial para peixes nativos, como tambaqui e pintado”, argumentou.

Levantamento apresentado por Almeida durante o evento mostra que a União tem 10 reservatórios em Goiás, com capacidade para produzir pelo menos 222.212 toneladas de peixe por ano. Apenas os reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava estão com suas capacidades esgotadas. Batalha, Cachoeira Dourada, Emborcação, Itumbiara, São Simão e Serra do Facão podem ser melhor explorados. Paranã e Queimados sequer tiveram suas capacidades calculadas até o momento.

Fonte: Seapa Goiás