Mecanização da agricultura: do avanço no campo às feiras altamente tecnológicas

Um calendário intenso de feiras pelo País mostra as últimas tecnologias para se usar no campo. De drones e maquinário pesado guiado por satélite a atividades culturais, os eventos agrícolas são também um testemunho da potência mundial da agricultura brasileira. 

Um exemplo disso é a Agrishow, evento que ocorre entre 29 de abril e 03 de maio. Na sua última edição, em 2023, a feira (reconhecida como a maior do setor de tecnologia agrícola na América Latina) reuniu mais de 800 marcas expositoras e mais de 195 mil visitantes em 530.000 m² de área. Olhando esse mega evento pode ser difícil de acreditar, mas há pouco mais de 60 anos a tecnologia no campo era escassa e o Brasil sofria com a carência de alimentos.

Fundamentais para a produção de alimentos, as ferramentas e máquinas acompanharam a evolução das técnicas de plantio e de colheita, trazendo maior eficiência ao setor. Confira abaixo uma linha do tempo da evolução dos maquinários agrícolas e descubra como chegamos até aqui:

Antes de 1950

Durante 12 mil anos, até meados do século XX, o progresso foi lento. A lavoura usava intensa mão de obra e o auxílio de animais. O uso de técnicas tradicionais, como o arado com animais, gerava uma produção  apenas de subsistência e alcance limitado, em propriedades pequenas e fragmentadas e com agricultura majoritariamente familiar. 

1950

No Brasil, o avanço no emprego de máquinas em outros setores produtivos refletiu-se no campo a partir de meados do século XX. A mecanização da  lavoura, ao lado do uso de agroquímicos e da pesquisa genética, gerou um grande salto na produtividade e na organização da cadeia produtiva, criando as condições para o surgimento do agronegócio.

1990

A pressão por maior produção e sustentabilidade criou a necessidade de ferramentas que auxiliassem na tomada de decisões, coletando dados como disponibilidade de água e fertilidade do solo. Entra em campo o Sistema de Posicionamento Global por Satélite (GPS), por exemplo. Variações ambientais começaram a ser coletadas e analisadas para um melhor uso de insumos e recursos. 

2015

Ferramentas de automação, monitoramento, integração e conexão com tecnologias diversas permitiram ao agricultor expandir a escala e a velocidade da produção e otimizar a gestão dos negócios. Informações  passaram a ser coletadas e enviadas digitalmente à nuvem de dados para  serem analisadas e permitirem o uso  preciso dos recursos.

Hoje 

Tecnologias de ponta como big data, inteligência artificial, internet 5G, biologia sintética, impressão 3D e 4D e agricultura vertical estão em experimentação ou já em uso efetivo no Brasil. Drones, robôs e tratores autônomos são apenas o começo. O objetivo é tomar decisões cada vez mais informatizadas e com base nas características de cada propriedade rural.

Atualmente, esses equipamentos têm tecnologia de ponta, permitindo não apenas a colheita rápida, mas também a análise precisa do solo e das condições da cultura. Essas diferentes fases tecnológicas frequentemente se sobrepõem, mas todas melhoram o controle, o monitoramento e a forma de trabalhar no campo, reduzindo custos e aumentando a produtividade.

Recentemente, toda essa história ganhou um lugar para chamar de seu. O MEA – Memorial da Evolução Agrícola, foi inaugurado em dezembro de 2023 e já teve mais de 33 mil visitas e já atendeu mais de 1.700 alunos do ensino fundamental e médio. Localizado em Horizontina, no Noroeste do Rio Grande do Sul, o espaço tem uma exposição de longa duração sobre a evolução da mecanização da agricultura nacional, contada por meio de uma rigorosa pesquisa e apresentada por objetos de acervo, mapas, simuladores e muita tecnologia. 

Para a diretora do espaço, Karina Muniz Viana, narrar a trajetória do setor é honrar o legado de pioneiros, e também pensar no futuro, em alternativas e inovações. “É perceber e reconhecer a agricultura como um processo ancestral e social, que ajuda contar de onde viemos e dar pistas de para onde vamos, com a tecnologia e para além dela”, pontua. 

Fonte: Renata Cardoso