Mulheres conquistam cada vez mais espaços no campo

Nos últimos anos, o agronegócio ganhou território, sendo reconhecido como um setor importante para o crescimento da economia nacional e internacional. Apesar de ser ainda um ambiente predominantemente masculino, as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço e feito a diferença no meio rural. Elas estão no campo, nos centros de pesquisa e nos laboratórios de genética, ocupando inclusive cada vez mais posições de liderança. A GENEX segue essa tendência, investindo em diversidade e inclusão. Prova disso é que metade do quadro de funcionários da empresa é composto por mulheres.

Fanja Pon, presidente do Conselho de Administração e acionista da empresa familiar Pon Holdings, e detentora do agronegócio da marca URUS, da qual faz parte a GENEX, acredita na formação de equipes multidisciplinares para o alcance do sucesso. “Gênero, cultura, origem social fazem parte dessa necessidade de diversidade.

Pessoalmente, adoro trabalhar com pessoas que conseguem ser elas mesmas em suas posições profissionais. Isso exige força e coragem, especialmente quando o ambiente em que você está trabalhando é dominado por um grupo específico”, destaca. A executiva deseja ver cada vez mais pessoas genuínas, conscientes e positivas ajudando a construir empresas fortes, especialmente no agronegócio.

A executiva destaca que a Pon e a URUS estão trabalhando em um programa profissional de treinamento e conscientização a respeito da diversidade e inclusão, que deve ser implementado em todas as empresas. “Percebemos que ninguém está isento de falhas e adotar competências, cultura e comportamentos que abracem a diversidade e a inclusão será um caminho que deverá ser revisitado regularmente.

Não trabalharemos com uma abordagem ‘tamanho único’, porque todas as empresas Pon/URUS têm uma cultura própria. Será divertido ver cada empresa enfrentar este maravilhoso desafio à sua maneira”, pondera.

Esse pensamento é compartilhado por Sergio Saud, diretor executivo da GENEX Brasil. Atualmente, a empresa conta com 49 colaboradores, sendo 24 mulheres (algumas ocupando cargos de liderança). Com uma proposta de gestão horizontalizada, colaboradoras e líderes femininas sentem que sua opinião técnica é levada em consideração e têm voz nas decisões da alta gestão.

“O mercado agro tem se aberto, ao longo dos anos, à presença feminina. E elas estão trazendo excelentes contribuições para esse mercado. A equidade de gênero é um compromisso da GENEX e no Brasil não é diferente. Temos procurado formar equipes diversas e fomentar a inclusão no nosso ambiente de trabalho. O sucesso da empresa está diretamente vinculado aos diversos perfis que compõem os nossos times”, reforça.

De pai para filha

Lilian Jacinto, gerente de Negócios da GENEX Argentina, tem o agronegócio correndo nas veias. Neta de produtor de leite e filha de produtor de leite e zootecnista especializado em melhoramento genético, decidiu estudar Zootecnia por influência do pai. “Via meu pai trabalhando e sendo um zootecnista renomado em toda a América Latina, queria ter todas as oportunidades e experiências de viver do melhoramento genético como ele”, ressalta.

Formada há 17 anos, ingressou na GENEX em fevereiro de 2020, como gerente regional de Vendas, responsável pelas vendas de produtos GENEX Estados Unidos e GENEX Brasil para todos os distribuidores da América Latina. Um ano mais tarde, assumiu o desafio de iniciar as atividades da filial da empresa na Argentina, como gerente de Negócios. “Hoje me divido em duas posições.

Moro em Buenos Aires, com o objetivo de formar equipe de vendas e dar apoio em relação ao marketing e suporte técnico para os vendedores. E sigo atendendo os distribuidores da América Latina com suporte técnico e em vendas de produtos GENEX Estados Unidos e GENEX Brasil”, destaca.

O desafio é diário. Além de ser mulher no ambiente agro, é também estrangeira em um local em que ninguém conhece sua trajetória profissional. “Estamos no primeiro ano da empresa aqui e hoje a equipe de vendas da GENEX Argentina é composta por dois coordenadores regionais e 4 vendedores, todos homens, com uma expansão futura de mais vendedores e mais coordenadores.

Na Argentina, somos muito poucas mulheres atuando na área técnica de empresas de melhoramento genético, uma relação aproximada de 95% de homens trabalhando no campo, e apenas 5% de mulheres”, pontua.

Atuar em uma posição de liderança também não é fácil, mas Lilian busca ser uma ouvinte ativa com seus liderados. “Todos têm a liberdade de falar comigo quando querem e eu os escuto e faço o máximo para ajudar no que estão solicitando. Sabemos que há coisas e desafios que, em um país como a Argentina, temos que ter muita paciência e esperar. E já outras coisas conseguimos resolver com mais eficiência.

Um exemplo interessante é que precisávamos de material impresso em papel para a feira de Palermo, em Buenos Aires, a maior e mais famosa da Argentina. Quase ficamos sem material pois não havia papel como matéria prima disponível no país. Mas com ajuda de um dos nossos fornecedores, conseguimos ter todo o material pronto antes da feira”, destaca.

Para Lilian, hoje existem mais oportunidades para mulheres no agro do que há 17 anos. “Tenho orgulho de trabalhar na GENEX, e acredito que é uma das empresas do nosso setor que mais dá oportunidade para mulheres em cargo de gerência. No futuro vejo mais mulheres envolvidas no nosso setor, principalmente porque o gênero já não é mais um fator limitante ou decisivo em contratações, mas sim sua capacidade profissional”, conclui.

Carreira construída com foco em competência

Nascida em Jundiaí, região próxima à capital paulista, e sem histórico agropecuário na família, a gerente de Mercado Corte da GENEX Brasil, Juliana Ferragute, imaginava que sua paixão por animais a levaria a cursar veterinária. No entanto, a vontade de permanecer no interior de São Paulo a conduziu para o curso de zootecnia. “Minha escolha levou em consideração a estrutura de fazenda grande do Campus Fernando Costa da Universidade de São Paulo (USP), localizado em Pirassununga, e as diversas possibilidades para a construção de carreira na área naquela região”, destaca.

,Já na faculdade, Juliana começou a trabalhar com melhoramento genético de bovinos e, após a conclusão do curso, em 2009, ingressou na Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), atuando e aprendendo com os especialistas responsáveis por um dos programas mais importantes do Brasil na área de genética das raças zebuínas.

Cinco anos depois, a zootecnista ingressou na GENEX Brasil como coordenadora técnica de corte, com a missão de atuar com a raça nelore, estabelecendo o relacionamento da empresa com os criadores de animais. Em 2016, apenas dois anos após entrar na empresa, Juliana foi promovida a gerente do Produto Corte.

Dedicação, aprendizagem constante, criação de networking e paixão pela profissão sempre foram ferramentas importantes para o desenvolvimento de um trabalho de qualidade. “Apesar de ter sido a primeira mulher a atingir um cargo de liderança na área de produtos em uma empresa de sêmen bovino, setor que ainda é majoritariamente masculino, construí minha carreira com foco em competência, sem me preocupar com a separação de gênero. Hoje, meu time é composto por três pessoas (dois homens e uma mulher) e trabalhamos com 24 raças diferentes de bovinos de corte.

Minha liderança é baseada no desenvolvimento de competências, na transparência dos relacionamentos e no trabalho em equipe. Todo o trabalho desenvolvido ao longo dos anos me garantiu uma posição de respeito na minha posição, podendo influenciar e orientar os colaboradores e os mais de 150 representantes da GENEX”, pondera Juliana.

De tailleur e cabelo escovado a bota e chapéu

Kênya Tavares, supervisora de Vendas MInas Gerais da GENEX Brasil, nunca pensou em ingressar no agronegócio. Formada em Administração de Empresas, vivia uma rotina empresarial no atendimento aos clientes de um banco da região. No entanto, sua vida mudou radicalmente após a graduação, quando decidiu ingressar na empresa de representação do marido e dividir com ele a tarefa de atender pecuaristas de leite e corte, clientes de uma firma de genética da região.

“Enquanto ele estava fazendo as visitas a campo, eu deveria ser sua secretária, anotando recados e entregando o catálogo aos clientes. Mas não me acomodei nessa função. Levantei todos os pontos falhos e positivos da empresa e apresentei ao meu marido, apontando oportunidades de melhoria. Decidi então estudar sobre melhoramento genético bovino para ter competência para dividir com ele o atendimento ao cliente. Passei a entender até as falhas dos concorrentes”, ressalta.

Tempos depois, uma nova reviravolta do destino. O esposo decidiu aceitar uma excelente proposta para trabalhar na área de nutrição. Com isso, o negócio ficou totalmente com Kênya. “Estava ali, diante de mim, o desafio da minha vida, meu grande presente. Assumi um negócio totalmente novo e agora estava sozinha. Só tinha minha gana de aprender e fazer melhor, mas tinha tudo que precisava para vencer. Comecei a atender no escritório e a fazer as visitas no campo, ingressei em diversos cursos na área de melhoramento genético bovino e, anos depois, decidi encarar uma nova graduação: medicina veterinária. Minha virada aconteceu no meu segundo ano tocando os negócios sozinha, quando consegui fazer com que nossa empresa que faturava 180 mil reais/ano passasse a faturar 800 mil reais/ano.

Nesse momento eu saí do vermelho e a coisa começou a ficar bonita. Naquele momento, descobri que, além de me sair bem em administração de empresas, eu também tinha facilidade em me colocar no lugar do outro. Por esse motivo, os clientes se sentiam à vontade comigo e por mais durões que fossem eu não tinha tanta dificuldade em quebrar o gelo. Fiquei conhecida por lidar bem com clientes complicados”, diverte-se.

Na GENEX Brasil há quase três anos, é hoje responsável pelo atendimento à região de Minas Gerais. “Entrar para o time da Genex foi o segundo grande presente profissional para mim, um voo mais alto, um desafio que eu aguardava ansiosamente há tempos. Estar à frente da supervisão de uma regional, não é apenas crescer em cargo, mas crescer como pessoa, poder compartilhar mais experiências e conseguir motivar as pessoas.

Isso é quase mágico. Claro que há inúmeras atribuições para o cargo mas, se você não é capaz de fazer com que o outro brilhe ou de iluminar o ambiente em que está, nada vale a pena. Eu sinto isso muito nitidamente na empresa e por isso saltei sem medo nessa nova jornada” pontua.

Há 15 anos, quando começou na área de representação comercial, eram duas mulheres a cada 150 homens. Esse quantitativo mudou e a supervisora sente que esse ainda é um mercado majoritariamente masculino. “Infelizmente noto as mulheres ainda muito tímidas, gostaria de receber mais currículos de médicas veterinárias e zootecnistas”, destaca. Na GENEX Brasil, Kênya sente que a opinião técnica feminina é valorizada. A regional de Minas Gerais conta atualmente com 18 homens e duas mulheres. “Não somos vistas como tempos atrás, somos profissionais e, mesmo que ainda exista algum espanto, isso é raro”, conclui.

Orgulho de pertencer

Luciana Bonelli, coordenadora financeira da GENEX Brasil, nunca pensou em ingressar no agronegócio. Formada em Secretariado Executivo Bilíngue e com MBA em Controladoria e Finanças, atuava em outro setor quando recebeu um convite para participar do processo seletivo da empresa. Com pouco conhecimento sobre esse mercado, tinha certeza de que estar em uma empresa consolidada e reconhecida na área de melhoramento genético de bovinos era a melhor escolha em um mundo tão impactado pela pandemia. “Meu início na Genex foi em dezembro de 2020 na função de analista financeira.

Foi um grande desafio desde o início, pois a maior parte dos colaboradores estava trabalhando em home office. Não conhecia a equipe, a cultura da empresa, muito menos minhas funções. Mas, como tudo que me comprometo a fazer, busco o meu melhor. Fui estudando, correndo atrás para entender os processos e tudo deu certo. Não trabalho e nem tenho contato direto com o campo, mas conhecer um pouco da genética, da tecnologia empregada no setor e a paixão dos profissionais da área (zootecnistas, veterinários) é imensurável”, destaca.

Nos últimos anos, mais que dobrou o número de mulheres em posições de liderança na GENEX Brasil. E com Luciana não foi diferente. Com um ano e meio de empresa, ela conquistou a posição de coordenadora financeira e, com ela, novos desafios. Atualmente, seu time é formado por duas mulheres e um homem, e ela não percebe problemas de comunicação ou de entregas de resultados entre eles. “O aumento da presença feminina em posições de gestão, seja na política ou em outras funções tão masculinizadas é uma realidade, só tende a crescer”, pondera.

Influência do meio

Melina Paixão não vem de uma família pertencente ao meio rural, mas costuma dizer que as regiões em que viveu favoreceram o seu ingresso no agronegócio. Natural do interior de São Paulo, desde cedo percebeu o quanto esse setor influenciava a economia local. Anos mais tarde, decidiu se mudar para Uberlândia, Minas Gerais, outra cidade com forte referência de agro, para cursar jornalismo. Foi em um dos períodos de férias da faculdade que conquistou sua primeira experiência no setor: um estágio em uma grande cooperativa de produtores rurais de sua cidade natal.

“Assim que me formei, estava na busca pelo primeiro emprego e, por coincidência, um conhecido trabalhava em uma agência de comunicação voltada à pecuária, em Uberlândia, e comentou que estavam precisando de um redator. Digamos que a pecuária me escolheu. Na época, essa agência atendia a então CRI Genética, hoje GENEX Brasil, e eu fiquei responsável pela conta da empresa”, comenta.

Dez anos mais tarde, mesmo Melina não estando mais na agência de comunicação, a GENEX voltou a fazer parte da sua trajetória profissional. Ao conquistar seu primeiro cargo de gestão, uma vaga de coordenadora de Marketing, ela teve a oportunidade de retornar para a empresa e para o segmento de pecuária, duas paixões do seu início de carreira. “De modo geral, os ambientes ainda são masculinos, não só no agronegócio, mas, felizmente e aos poucos, essa realidade tem se transformado.

Ser gestora significa ter uma responsabilidade para com as demais mulheres em conseguir, ainda que em pequenas coisas, ajudar na transformação dessa realidade e trabalhar para a minha própria desconstrução sobre o tema, já que muitos comportamentos estão tão arraigados à cultura que nós, mulheres, não raro, corremos o risco de normalizar ou reforçar condutas que vão de encontro à busca por equidade de gênero”, reforça.

Mesmo que o agro ainda seja um ambiente predominantemente masculino, Melina se espelha em outras mulheres do setor para a construção da sua carreira e do seu estilo de liderança. “As mulheres da GENEX têm minha profunda admiração. Sempre que penso em mulheres do agro também me vem à mente a Guta Alonso, da Fazenda Elge, e a Lygia Pimentel, da Agrifatto”, destaca.

Questionada sobre a equidade de gênero na GENEX, Melina é taxativa: “me sinto ouvida e sinto que minhas opiniões são respeitadas. Acredito que isso tem bastante a ver com o jeito da empresa de ser menos hierarquizada. Aqui, vejo uma certa abertura para que todos se manifestem, independentemente de cargo, e isso acaba ecoando nas questões de gênero”.

Sergio Saud reforça que a GENEX Brasil busca estimular a diversidade e inclusão, criando espaços para contratação de mulheres no agronegócio. “O crescimento da presença feminina nos nossos negócios é fundamental para a formação de equipes multidisciplinares de sucesso. Nossa equipe de vendas, por exemplo, está crescendo constantemente. As vagas são divulgadas no site e na página da empresa no LinkedIn e fazemos um convite para que as profissionais mulheres participem dos nossos processos seletivos”.

URUS e Pon Holding

Formada em 2018 pela Koepon Holding BV e pela Cooperative Resources International (CRI), a URUS é uma holding com propriedade cooperativa e privada, composta pelas empresas AgSource, Alta Genética, GENEX, Jetstream Genetics, PEAK / GENESIS, SCCL e VAS. Em escala global, a holding reúne profissionais dedicados a disponibilizar soluções de informação genética e de gestão agrícola que melhoram a qualidade e a produtividade do rebanho, especialmente para produtores rurais de leite e carne bovina.

Com atuação global, nos mais diversos segmentos de mercado, a Pon Holding oferece produtos, serviços e soluções de mobilidade em escala global, além de serviços para a indústria. O que começou como uma empresa familiar de pequeno porte, em 1895, tornou-se uma gigante dos negócios e um varejista automotivo bem conhecido, que é líder em muitos mercados. Além do agronegócio, a Pon Holding também tem forte atuação no ramo de soluções marítimas, escavação, fornecimento de energia, controle de fluxo (válvulas e disjuntores), indústria de bicicletas e serviços industriais.

Fonte:  Karla Monteiro