O boi vai subir 6.9% em 2018

O “6.9%” do título te deu febre? Calma, vou te explicar de onde vem esta previsão. Aliás, nem previsão é… Pode ser realidade, desde que… Veremos adiante!

1) COMENTÁRIO DA CABINE DE COMANDO

Consolidada a frase dita aqui: “interromper uma queda é uma coisa, iniciar uma alta forte, é outra”. O boi no BR está absolutamente sem pressão de queda, com cenário definido de estabilidade com leve viés positivo (veja no painel de bordo “amarelado”). Obs.: o MS continua sendo um caso à parte, infelizmente. Existe uma “tríade” em pleno vigor junto aos frigoríficos: compra menor, estoque de carne menor e atacado em leve ajuste positivo (dados Scot, mostram que até o atacado sem osso subiu). Na semana do Carnaval, era esperado um nível de compra baixo, mas ele foi menor do que o previsto, o que fez as escalas encurtarem, em geral.

Neste momento, antes de voltar a pagar mais, a indústria está procurando recompor suas margens, fato normal e saudável. Neste sentido, a venda de carne no mercado interno, na segunda quinzena, passa a ser decisiva. Pelo lado da exportação, notícias boas: este mês, está girando com volume +22% no YoY e, em caso de confirmação, será o segundo mês com variação sobre o ano anterior (YoY), bem acima do que a ABIEC previu para 2018 (mesmo sem a participação da Rússia e dos EUA). Certamente, graças aos chineses! Belo trabalho!!!

A indústria aposta numa melhor oferta nas próximas quinzenas, a qual, de fato, ainda não veio mais forte (há mais vacas ofertadas do que bois, em geral). Mas será que a hora que vier a oferta de bois a pasto dos bolsões produtores, também não vai vir mais demanda, interna e externa? Quem viver, verá! Um piso forte no físico, e no futuro, está se formando…

2) RECADO DA “MÃE DINAH” E DO “WALTER MERCADO”

“O mercado ensaia uma alta, veja bem, apenas ensaia. Atenção aos movimentos sutis! Em geral, antes da alta “inundar” o mercado, começam a aparecer ofertas “personnalité” para lotes maiores e com status EU/Hilton. Este é o gatilho. E aí, comprou a call do milho?”

3) BEEFRADAR (TERMÔMETRO DA GESTÃO DE RISCO EM PECUÁRIA)

20% queda 40% estabilidade |40% alta

4) HORA DO QUILO

“Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasce e o dia em que você descobre o porquê” (Mark Twain, escritor americano)

5) TO BEEF OR NOT TO BEEF, A SUA REFLEXÃO SEMANAL

Vamos tentar, JUNTOS, entender como funciona o processo decisório do confinamento? Quanto mais entendermos, melhor será o nível de assertividade de decisão de todos os elos envolvidos (indústria de insumos, frigoríficos, produtores, varejo, importadores, etc). Para tanto, peço a sua atenção por apenas 5 minutos para a pesquisa.

6) BOITOGRAFIAS DA SEMANA

Foto do amigo Alexandre Foroni, lá de Rondônia, mostrando um brete instalado próximo aos lotes confinados. Os eventuais tratamentos são mais seguros para o homem e o animal!

7) O LADO “B” DO BOI, A SUA CRÔNICA SEMANAL DE GESTÃO DE RISCO EM PECUÁRIA

Estamos em 2030… Imagine que seu filho está com febre e que você tem um termômetro “diferente” nas suas mãos. Ele é diferente porque a leitura que o aparelho indica, quando você o coloca embaixo do braço do seu menino, é uma previsão da temperatura corporal FUTURA da criança, elaborada por uma banca de médicos, que estão ligados ao equipamento por uma conexão “IOT” (sigla para a “internet das coisas”). Estes médicos, remotamente, analisam o banco de dados do seu filho (exames, consultas, medidas, histórico da criança/irmãos/primos, dados estatísticos dos diagnósticos “real time” dos hospitais das cercanias da sua casa, localizados automaticamente pelo GPS do termômetro, etc, etc), podendo assim, projetar a provável temperatura da criança para daqui a 90 minutos. Detalhe: apesar de toda a tecnologia, a informação de temperatura futura é apenas uma previsão, que pode ser ou não certeira. Outro detalhe: este mesmo termômetro futurológico tem um segundo visor, que funciona como o tradicional termômetro que seu Pai usava em você (aquele que adorávamos quando quebrava, porque dava para brincar com as “mágicas bolinhas cinzas” que os chatos de hoje em dia dizem ser tóxicas, hehehe).

De volta ao futuro… Você olha os dois visores. O visor “tradicional” diz para você que seu filho está com 37.5ºC, enquanto o visor “hi-tech” indica que em 90 minutos, a temperatura dele estará em 40.8ºC. A criança não está prostrada. Você dá o antitérmico agora, ou não???

Eu não sei se no futuro existirão termômetros como este que eu acabo de inventar com a finalidade de incentivar você a pensar sobre a forma como você usa a bolsa de valores HOJE para gerenciar o risco de preço do seu bovino. O que a minha “viajada” tem a ver com o seu boi?

Explicando: o termômetro “hi-tech” é a nossa atual BMF. Os médicos são os analistas de mercado, incluso você, o gestor que aperta (ou não) o “enter” da venda. A temperatura é o preço da arroba. Só que no nosso caso, existe uma diferença fundamental: o preço futuro (ou temperatura futura) pode ser exercido, ou seja, pode ser travado. Desta forma, se o termômetro “hi-tech” aponta para uma alta temperatura daqui 90 dias, você pode travá-la (em outras palavras, convertê-la de previsão em realidade). Aí faz total sentido, aplicar o remédio agora!

O que eu quero dizer? Quero dizer que a maioria das pessoas usa a BMF da forma errada. Ou seja, toma a leitura “hi-tech” da temperatura futura, decide recriar ou confinar (aplica o remédio), mas não trava a temperatura (ou o preço). Aplicar o remédio com base numa previsão de preços interessante, sem executar este preço, pode ser perigoso. Em outras palavras: use a BMF como ferramenta de tomada de decisão, apenas se for usá-la efetivamente para se proteger. Se você olhar para a BMF, então use-a. Se não for para usar, nem olhe. Siga apenas seu plano estratégico, adaptando-o quando necessário.

Não precisa nem dizer que o melhor dos mundos é ter um plano estratégico (definir quando você vai vender, quanto você vender e por quanto você vai vender) e usar a BMF para ratificar este plano, ou ainda, adaptá-lo sempre quando a obscura realidade revelar algo muito diferente do que você tinha planejado. Para não ficar muito etéreo, lhe digo que o “6.9%” que te chamou a atenção no título deste foi obtido da seguinte forma: toda sexta-feira eu pego os ajustes da arroba para todos os meses de 2018 que tem contrato aberto na BMF e monto a curva de preços do ano (estes valores, refletem o que o mercado entende hoje, como o valor que a arroba encerrará cada um dos meses futuros). Obs.: eu precifico de forma linear os meses que ainda não tem contratos em aberto, considerando os demais meses, com contratos vigentes.

Assim, toda a sexta, obtenho uma curva de preços para o ano, que na média das primeiras sete semanas de 2018, exibiu uma alta nominal de 6.9% sobre a curva de 2017 (variando de 5.76% a 8.42%). Isto dá um boi de R$ 145/@ no final da safra de pasto e um boi de R$ 151/@ na entressafra, em SP, na condição à vista, livre e sem prêmios (para o seu estado, faça as contas, considerando um diferencial de base conservador, sempre).

Em suma, se a atual leitura do “termômetro BMF” foi certeira, reporíamos a inflação projetada de 4%, com uma “folguinha”. E aí? De que lhe servem estes números, além de saciar a sua invencível e infrutífera curiosidade sobre o amanhã? Para nada, se você não usar esta curva para efetivamente se proteger, seja através do próprio mercado futuro, seja através do mercado de opções, ou até mesmo do boi a termo (que tem a sua alma assentada sobre esta mesma curva futura). Obs.: espelhar este raciocínio para o milho, é igualmente importante, em sistemas intensivos (há que se proteger o preço de venda e também o custo de produção). Sinceramente, até acho a BMF bem balizada com uma provável tendência para 2018. Mas ninguém sabe se isto vai ocorrer mesmo ou não…

O que eu quero dizer é estes preços de venda devem ser projetados sobre a sua curva de custos, para checar se o mercado já não lhe oferece a margem que tanto você deseja. Você vai precisar de um bom simulador de resultado e de um bom domínio sobre seu sistema de produção/desembolsos financeiros. Em algumas semanas, a ferramenta do simulador de resultados estará nas suas mãos, pois estamos “industrializando” a nossa metodologia de cálculo/gestão de risco comercial em um produto inovador da empresa Rancho Soluções em Tecnologia (da qual sou sócio).

Fonte: Noticias do Front