Preços mundiais do arroz encerraram o ano com um aumento

Segundo a FAO, a produção global em 2019 foi de 775,6 Mt de arroz em casca (515 Mt de arroz beneficiado), queda de somente 0,5% em relação a 2018. Aprodução chinesa foi menos afetada do  que o esperado, por causa do fenômeno climático El Niño. Na Índia, a produção teria aumentado um pouco, assim como no restante das grandes regiões produtoras asiáticas. Na África Subsaariana, as chuvas insuficientes afetaram a produção, principalmente nas regiões ocidentais, onde se estima um declínio de 3% em relação a 2018.

A redução teria afetado principalmente a Nigéria e o Mali. No resto do continente africano, a produção permaneceu relativamente estável. No Mercosul, a produção de arroz caiu em 2019 devido a uma redução adicional nas áreas de arroz. Nos Estados Unidos, as colheitas também diminuíram 15%, enquanto na Austrália a produção caiu 75%.

Comércio mundial

O comércio mundial em 2019 baixou 6,2% para 45,5 Mt contra 48,5 Mt em 2018. Os principais importadores asiáticos reduziram suas demandas, exceto as Filipinas. Essa redução no comércio mundial afetou principalmente a Tailândia, onde as exportações teriam caído 30%. Na Índia, as vendas recuaram 12%. Por outro lado, nos demais principais exportadores do mundo, incluindo os Estados Unidos, as vendas externas permaneceram estáveis, ou até marcaram um aumento.

A China é hoje o quinto maior exportador do mundo, posição que espera consolidar em 2020. Ja os exportadores do Mercosul, assim como a Austrália, viram suas vendas caírem como resultado da redução da disponibilidade exportável. Na África, as importações aumentaram 3,6% para 17,3 Mt contra 16,7 Mt em 2018.

Os estoques globais de arroz no fim de 2019 aumentaram significativamente 5% para 183 Mt contra 174,3 Mt em 2018, atingindo seu nível histórico mais alto. Essas reservas representam 36% das necessidades globais. O novo aumento se deve, essencialmente, à reconstituição das reservas chinesas e indianas, bem como da Indonésia e das Filipinas. Os estoques dos principais países exportadores também se recuperaram em 37 Mt, equivalente a 22% das reservas mundiais.

Na Índia, os preços de exportação caíram 1%, exceto o arroz de baixa qualidade, que se revalorizou novamente em um mercado mais ativo. Em novembro, as exportações indianas teriam atingido 650.000 toneladas contra 487.000 toneladas em outubro, mas ainda 17% menor em comparação com o ano passado na mesma época. Em 2019, as exportações poderiam atingir apenas 10,5 Mt, queda de 12% em relação a 2018. A produção 2019/20 poderia crescer menos do que o esperado, subindo apenas 0,5% para 115,8 Mt (arroz beneficiado).

Em dezembro, o arroz indiano 5% caiu para US$ 361/t FOB contra US$ 365 em novembro. Enquanto isso, o arroz indiano 25% avançou para $ 337 contra $ 333 anteriormente. No início de janeiro, os preços tendiam a subir. Na Tailândia, os preços de exportação aumentaram 2,5% devido à valorização do bath em relação ao dólar e devido a menores estoques. Os preços tailandeses continuam sendo os mais altos do mercado asiático.

No entanto, os volumes de exportação teriam aumentado significativamente, estimulados pela demanda africana, para 680.000 toneladas contra 582.000 toneladas em novembro. No total, as exportações tailandesas teriam atingido 7,8 Mt contra 11,09 Mt em 2018, diminuindo 30%. O preço do arroz Tai 100% B foi de $ 413/t contra $ 403 em novembro. O Tai parboilizado também subiu para $ 404 contra $ 399 anteriormente.

O arroz quebrado A1 Super permaneceu relativamente estável em $ 358 contra $ 356 em novembro. No início de janeiro,  os preços permaneciam firmes. No Vietnã, os preços de exportação aumentaram 1,5%, graças a um mercado mais ativo. As vendas externas continuam a progredir e podem ter atingido um total de 6,6 Mt em 2019, 6,5% superior a 2018. Em dezembro, o Viet 5% marcou $ 352/t contra $ 346 em novembro. O Viet 25% também se valorizou em $ 339 contra $ 335 anteriormente. No início de janeiro, os preços tendiam a cair.

No Paquistão, os preços do arroz caíram novamente 1% devido a problemas de qualidade na safra de 2019. No entanto, as exportações permanecem bastante ativas, especialmente para o Oriente Médio e a África Oriental. Em novembro, as exportações paquistanesas teriam atingido 440.000 toneladas contra 300.000 toneladas em outubro. Isso marcaria um avanço de 18% em relação à mesma época de 2018. No total, as exportações paquistanesas podem ter atingido cerca de 4,5 Mt em 2019 contra 3,9 Mt em 2018. Em dezembro, o Pak 25% foi cotado a $ 323/t contra $ 325 em novembro. No início de janeiro, os preços estavam mais firmes.

Na China, as exportações registraram pouca atividade em novembro, atingindo 131.000 toneladas, contra 251.000 toneladas em outubro. Nos primeiros onze meses do ano, as vendas chinesas apontariam para um aumento de 48% em relação ao ano passado, no mesmo periodo. No entanto, as exportações totais não excederiam 3 Mt em 2019. A China continua sendo o principal importador mundial e os exportadores asiáticos continuam apostando no mercado chinês, mesmo que as perspectivas pareçam menos promissoras do que no passado recente.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação permaneceram estáveis em um mercado mais ativo. Em dezembro, as exportações teriam aumentado para 350.000 toneladas contra 215.000 toneladas em novembro, encerrando o ano com um aumento de 8% para 3,33 Mt contra 3,13 Mt em 2018. O México permaneceu o ano todo como o primeiro comprador, com 23% das vendas nos EUA, após o Haiti (13%) e o Japão (12%), juntos respondendo por quase metade do total das
exportações. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 permaneceu inalterado em $ 515/t. Na bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz em casca subiram 5,5% para $ 281/t contra $ 267 em novembro.

No início de janeiro, os preços permaneceram firmes em $ 290. No Mercosul, os preços de exportação subiram 1% em um mercado externo bastante ativo. De fato, as exportações brasileiras marcaram 160.000 toneladas (arroz beneficiado) contra 80.000 toneladas em novembro. Em 2019, elas atingiriam um total de 967.000 toneladas, mas diminuiriam 21% em relação a 2018. Os principais clientes foram Venezuela (23%), Senegal (18%), Gâmbia (10%) e Peru (10%), totalizando 61% das vendas brasileiras. No Uruguai, as exportações apontaram para 96.500 toneladas contra 98.100 toneladas em novembro, encerrando o ano com 810.000 toneladas exportadas, praticamente inalteradas em relação ao ano anterior. Na Argentina, as exportações atingiriam 40.000 toneladas em novembro, 13% inferior a outubro, mas ainda
marcando um avanço de 8% em relação a 2018, na mesma época.

O preço indicativo do arroz em casca brasileiro subiu para US$ 234/t contra $ 224 em novembro. No início de janeiro, o preço permanecia firme em $ 238. Na África Subsaariana, novas colheitas chegam ao mercado e tendem a diminuir os preços domésticos. A demanda de importação africana teria aumentado 3,6% em 2019 e poderia aumentar mais 7,5% para 18,6 Mt em 2020. O fechamento das fronteiras terrestres da Nigéria, ainda válido até o final de janeiro, teria impactado fortemente as importações do Benin, o principal ponto de entrada do arroz asiático na Nigéria.

Assim, por exemplo, as importações beninenses de arroz indiano teriam passado de uma média mensal de 75.000 toneladas, entre janeiro e setembro de 2019, para menos de 2.000 toneladas no último trimestre do ano. Da mesma forma, as importações tailandesas de arroz passaram de uma média mensal de 100.000 toneladas para 5.000 toneladas em novembro de 2019.

Tendências do mercado

Em dezembro, os preços mundiais do arroz encerraram o ano com um aumento moderado de 1%. Apenas os preços indianos e paquistaneses apresentaram uma ligeira queda, mas se recuperaram no final de dezembro. Na Tailândia, os preços ficaram firmes devido à revalorização do bath em relação ao dólar e à oferta mais apertada da nova safra. No Vietnã, os preços também subiram graças a um mercado mais ativo e após uma possível contração da disponibilidade exportável nas próximas semanas.

O comércio mundial em 2019 teria caído 6,2% e uma recuperação de apenas 2,5% está prevista para 2020, por enquanto. A Tailândia foi o país mais impactado por essa redução no comércio mundial, afetando também as exportações indianas, mas de forma menos espetacular. Em 2019, a produção mundial teria marcado uma ligeira redução de 0,5% para 515 Mt (arroz beneficiado) contra 517,5 Mt em 2018.

Essa contração e previsões de recuperação do comércio mundial devem fortalecer os preços mundiais durante o primeiro semestre do ano.

Em dezembro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 1,8 pontos para 191,5 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra
189,7 pontos em novembro. No início de janeiro, o índice IPO se mantinha firme em 193 pontos.

Fonte: Infoarroz