Oficina constrói um roteiro para fortalecimento e expansão da pecuária sustentável do Pantanal

Encontro reúne especialistas do setor para traçar novas estratégias para fortalecer a cadeia produtiva da região e gerar valor ao produto final

Foi realizada, em Campo Grande, a primeira Oficina de Pecuária Sustentável – como parte da iniciativa Pontes Pantaneiras, que é o resultado de uma parceria entre o Ipê – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Embrapa Pantanal, a Universidade Colégio de Londres e o Instituto Smithsoniano, com apoio do PEW Charitable Trusts. O encontro envolveu as diferentes governanças já existentes no Pantanal voltadas para a sustentabilidade da atividade como a Associação Brasileira de Carnes Sustentáveis, Aliança 5P, Fazenda Pantaneira Sustentável – FPS Famato/Embrapa, Sindicato Rural de Corumbá, Sociedade Defesa do Pantanal, Associação Brasileira de Criadores de Bovino Pantaneiro, entre outras.

“Nosso objetivo é apoiar e facilitar a construção de um plano estratégico para o fortalecimento da pecuária sustentável no Pantanal elaborado pelos principais atores deste segmento que são os pecuaristas pantaneiros.”, afirma Miriam Perilli, gestora do projeto Pecuária Sustentável, do Instituto Ipê.

O encontro teve como premissa ouvir exemplos de mais de 20 produtores rurais que representam as governanças locais com foco na sustentabilidade tanto no Pantanal de Mato Grosso, quanto no de Mato Grosso do Sul. No final do encontro, os participantes apresentaram oportunidade e ações necessárias para o fortalecimento e ampliação de um uso que compatibiliza a produção e a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.

“Os proprietários rurais do pantanal prestam um imenso serviço à sociedade, ao conservar um bioma considerado Patrimônio Nacional pela Constituição Nacional de 1988. Eles são as melhores pessoas para orientar os caminhos para a construção de uma estratégia de uso sustentável no Pantanal. Entendemos que é preciso compensar esse serviço prestado dando valor ao Capital Natural como créditos de biodiversidade, crédito de carbono, pagamento por serviços ecossistêmicos, entre outros, e estabelecer políticas de incentivo a quem conserva”, afirma Walfrido Tomas, da Embrapa Pantanal.

Essa atividade econômica tem sido considerada sustentável por ter sido desenvolvida em relativa harmonia com a conservação da biodiversidade pantaneira. A pecuária sustentável é a principal estratégia de conservação do bioma no qual as propriedades privadas constituem cerca de 93% das terras. É neste espaço que se encontra a maior parte do capital natural do Pantanal, sendo os pantaneiros seus principais guardiões.

Entre os assuntos trazidos pelos pecuaristas e especialistas da área foi a necessidade de submeter os produtos regionais a uma série de certificações que possam validar e comprovar que a atividade segue uma série de normas e exigências e entrega para a sociedade um produto de alto valor agregado em grande escala.

“É fundamental termos escala referendada por um selo que dê validade. Não adianta eu falar que o meu boi é ecológico, que o meu boi é verde, é preciso que haja uma certificação para chancelar isso. O Pantanal produz gado sustentável há anos, mas é preciso que haja uma certificação que dê credibilidade”, afirma o engenheiro agrônomo, pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Gilson Barros.

A oficina, realizada nos dias 17 e 18 de julho, foi a primeira de uma série de encontros de trabalho que se estenderá até meados de 2024, quando se pretende finalizar um plano estratégico para a implementação de ações que irão dar suporte a esta atividade.

Fonte: Allyne de Antoni