Produção e conservação ambiental         

Por Fabélia Oliveira

No Brasil o produtor rural produz, preserva e é punido. Com o código florestal mais rigoroso do planeta e regras que só existem aqui, como é o caso da reserva legal, o país ainda aceita ONG estrangeiras ditarem regras sobre como preservar, mas o inquietante nisso é que quem quer ensinar não fez o dever de casa.

Ser produtor rural é enfrentar uma série de desafios no dia a dia. Desde as intempéries climáticas como problemas com seca, chuva, incêndios, geada ou granizo, às mudanças repentinas de leis que chegam trazendo dívidas do dia para noite como é o caso do Funrural que há quase dois anos a novela se arrasta. Adequar-se a uma legislação trabalhista que deixa situações ambíguas onde o fiscal por uma inadequação trabalhista pode colocar o empreendedor na lista dos escravagistas. Ele, o produtor, ainda precisa ficar a tento a uma legislação ambiental extremamente rigorosa e que tem frequentes alterações. No campo da produção a eficiência brasileira deixa qualquer estrangeiro preocupado. Afinal de contas as terras cultiváveis de outras regiões já foram exploradas à exaustão e por aqui ainda há muito o que crescer.

Mesmo diante de tudo isso o produtor brasileiro com o uso da sustentabilidade através de suas tecnologias genéticas e de manejo ainda é capaz de produzir anualmente, 4x a necessidade do país, ou seja, o que é produzido em um ano é suficiente para abastecer a população por 4 anos.

Enquanto o Brasil usa apenas 30% de seu território para atividades agropecuárias sendo menos de 8% para a agricultura, Estados Unidos por exemplo, usa praticamente 75% de suas terras para o mesmo fim a só a agricultura por lá fica com quase 20%. Em qualquer propriedade o investimento tecnológico, seja na irrigação ou secagem, ou outro setor, demanda planejamento e recursos que precisam ser arcados pelo produtor e o benefício vem para toda a sociedade. Na Fazenda Condor, no sudoeste Goiano, Valdecir Sovernigo é detalhista e nunca dá por encerrado um projeto, sempre consegue melhorar alguma coisa para que a harmonia ambiental seja permanente. A saída foi o investir numa usina de energia fotovoltaica. Ainda esbarrou na burocracia e demora do sistema da concessionária. Hoje o funcionamento já ocorre há pouco mais de um ano. A economia já foi sentida no bolso.

“Duzentos a duzentos e quarenta mil reais por ano era o nosso custo de energia elétrica se resumiu a em aproximadamente 8 mil, 9 mil reais. Nesses 14 meses tivemos uma economia de mais de 200 mil reais.”

Valdecir lembra que do início da atividade para cá, a legislação mudou muito. Exigências que não eram cobradas hoje são regras detalhadas a serem cumpridas e o produtor rural vem ao longo dos anos se adequando a cada uma delas.

 “Com a legislação que veio a gente logicamente procurou se adaptar e todas as práticas agrícolas ou pecuárias que a gente viesse a fazer a gente se lembrava da parte da preservação e foi isso o que nós fizemos ao longo do ano, isso é um processo isso é uma coisa que as vezes os burocratas acham que a gente muda de uma hora pra outra a natureza demora muito pra trabalhar pra se recompor e logicamente demora muito tempo muitos anos pra se fazer isso.”

Na pecuária tem outro debate, a emissão de metano feita pelo gado. Os ambientalistas se esquecem de mencionar o sequestro de carbono vindo da pecuária. Para se ter ideia, a criação de um boi mais o manejo de máquinas para a atividade estariam produzindo 112 toneladas de carbono enquanto a pastagem e todo o sistema necessário para essa mesma criação faz uma captura de 500 toneladas, ou seja, a pecuária remove da atmosfera 388 toneladas de carbono por animal/ano. Lá no pasto os animais não podem mais beber direto da fonte, além da exigência de cerca nas áreas de preservação, a água deve ser oferecida em tanques ou bebedouros.

Valdecir fez mais investimentos: “instalamos, depois você pode ver lá, duas placas de energia solar, colocamos uma manilha dentro da represa, instalamos uma bombinha elétrica e essa bombinha elétrica manda pra uma caixa de 20 mil litros de agua e essa agua é distribuída em dois pastos em que o gado nós fechamos a represa e o gado não precisa mais ir lá causar dano pra represa, pro meio ambiente.”

Sovernigo diz que em tudo tem que ter dinheiro… “não se faz nada hoje sem investimento. Por isso que ao invés do governo brasileiro, ou das autoridades se preocuparem em penalizar o produtor, eles têm que premiar o produtor. Porque nós destinamos hoje e está comprovado, mais de 20% da nossa área à preservação.”

Na busca pela sustentabilidade a usina fotovoltaica apresenta vários pontos positivos, dentre eles o impacto ambiental zero. “E a energia solar é um sistema rápido para se montar para se fazer, e não tem impacto ambiental nenhum, aliás eu vou te mostrar pelo aplicativo o quanto em 14 meses ela beneficiou o meio ambiente.” Em 14 meses a usina produziu 485.386 KWh, Isso quer dizer o seguinte ela sustentaria praticamente 5 mil casas ou o sequestro de dióxido de carbono de um automóvel em funcionamento por 95 anos. Ela sequestrou 431.853 quilos de dióxido de carbono, equivale, em 14 meses, eu ter uma floresta plantada de 37,30 ha. Este é o benefício que este parque solar está gerando não só pra minha propriedade mas pra toda a sociedade.

Enquanto uns são cobrados outros enrolam. Onix Lorenzoni, indicado para ocupar o cargo de ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro ganhou destaque porque deu uma resposta merecida quando foi questionado sobre a preservação ambiental que as ONG estrangeiras querem impor aqui. Não dá para vir a ONG da Noruega ou lá da Holanda e vir aqui dizer o que é que a gente tem que fazer.”

É assim que a Noruega quer ensinar o Brasil a preservação ambiental (matando baleias). A Noruega é um dos três países, no planeta, que ainda caçam baleias juntamente com Japão e Islândia. Em território brasileiro é proibida a caça de queixadas, animal nativo que sem predadores naturais e abundância de alimento tem trazido prejuízos aos produtores rurais, como numa área, nas proximidades do Parque Nacional das Ermas, em Goiás, onde a lavoura de milho ficou totalmente destruída. O javaporco, uma mistura do javali que na fauna brasileira é exótico com o porco nativo, se tornou outro problema e alguns estados impedem a caça desse bicho que pode ser transmissor de doenças que ameaçam a sanidade da pecuária.

Onix Lorenzoni disse “O Brasil preservou a Europa inteira, territorialmente, toda a UE, com as nossas matas, mais 5 Noruegas, os noruegueses tem que aprender com os brasileiros e não a gente com eles, muito obrigado”. 

A ironia se faz presente aqui, pois o seu governo ganhou manchetes em todo o mundo no ano passado, por criticar publicamente o aumento do desmatamento na Amazônia. Despertando constrangimento na primeira visita oficial do presidente Michel Temer ainda anunciou, um corte nos recursos que repassa ao Fundo Amazônia, destinado à preservação ambiental, mas é nessa mesma Amazônia que a Hydro Alunorte, empresa acusada de contaminação no Pará acumula mais de 2.000 processos, tem entre um de seus maiores acionistas o governo da Noruega (34,3% das ações). O maior dos vazamentos ocorreu em 2009, quando foi responsabilizada por um transbordamento de lama tóxica. Na época, um laudo constatou que a empresa despejou resíduos de bauxita, no rio Murucupi, contaminando bacias da região. Na ocasião, o IBAMA aplicou três multas à empresa, que, somadas, chegaram ao valor de R$ 17,1 milhões – quantia nunca paga. Até hoje, não houve nenhuma compensação ou pagamento de multa às famílias atingidas na época. Em fevereiro deste ano, um laudo do Instituto Evandro Chagas comprovou que as regiões de Bom Futuro, Vila Nova e Burajuba registraram altos índices de contaminação com as águas apresentando níveis elevados de alumínio e outras variedades associadas aos rejeitos gerados pela empresa do governo norueguês. Noutra sessão de multas mais de 150 milhões também não pagos até agora. A mineradora ainda foi desmentida quando a fiscalização ambiental identificou três dutos clandestinos que despejavam os resíduos numa região de nascente sem nenhum tipo de tratamento. 

Onix Lorenzoni tem razão. Os noruegueses precisam aprender com os brasileiros…. Então se alguém diz que soja não mata fome ou que não é consumidor de carnes, certamente ele consome algum bem ou riqueza gerado a partir dessas produções, nem que seja nas estradas que cortam o país ou no seu emprego que tem ligação indireta com a produção ambientalmente correta do produtor rural brasileiro que tem muito a ensinar em todos os dias….